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Nos corredores

Vanhoni e a educação

O deputado paranaense Angelo Vanhoni (PT) apresenta na quarta-feira relatório sobre o projeto de lei que trata do Plano Nacional de Educação. A proposta concentra em 20 metas o rumo da educação brasileira para esta década, entre elas, a universalização do ensino para toda a população entre 4 e 17 anos. Para finalizar o material, Vanhoni precisou analisar quase 3 mil emendas apresentadas por parlamentares ao texto original do Poder Executivo.

Com a cara da Gleisi

Desde que assumiu a vaga de Gleisi Hoffmann (PT) no Senado, em junho, Sérgio Souza (PMDB) fez poucas mudanças no quadro de funcionários de seu gabinete. Dos 16 servidores do escritório em Brasília, só três foram nomeados após ele assumir. A maioria das trocas ocorreu no escritório de apoio parlamentar no Paraná. Dos atuais 22 funcionários que trabalham no estado, 12 foram nomeados no período em que Souza passou a ocupar o mandato.

PT no PMDB

Dentre os funcionários comissionados escolhidos por Gleisi que continuaram com Souza está a presidente do diretório municipal do PT de Curitiba, Roseli Isidoro. De acordo com relatório disponível no site do Senado, Roseli foi admitida como "assistente parlamentar" no dia 3 de junho, cinco dias antes de Gleisi migrar para a Casa Civil. Ela está lotada no escritório de apoio no estado e trabalha sob regime especial de frequência.

Constrangedora a forma como Marta Suplicy foi for­­­çada a desistir da disputa pela prefeitura de São Paulo. Mais uma vez, Lula escolheu o candidato por conta própria (o ministro da Educação, Fernando Haddad) e o PT engoliu a indicação sem mastigar. Depois que deu certo com Dilma Rousseff, ninguém pa­­­rece disposto a questionar a fórmula.

É uma pena porque, falem o que quiserem dos petistas, eles ainda são o que sobra de organicidade partidária no Brasil. Ainda. A cada dedada de Lula ou de qualquer liderança para interferir em uma disputa interna, a legenda derrapa rumo à vala comum.

Curitiba segue no mesmo caminho. Desde 1985 o partido lançou candidatos em todas as eleições na capital paranaense. Hoje está mais próximo de fechar uma aliança com o PDT de Gustavo Fruet.

Formar coligações é normal em qualquer lugar do mundo, o estranho é a falta de debate. Pré-candidatos, os deputados Dr. Rosinha e Tadeu Veneri vêm sendo solenemente ignorados, tratados como "café com leite". Quanto mais espernearem, mais correm o risco de seguir o destino de Marta.

O sufocamento da democracia interna dos partidos é talvez o mal mais perigoso da política brasileira. A concentração de poderes nas mãos de uns poucos caciques afasta o interesse já esparso da população. Em consequência, a discussão partidária fica limitada à picuinha de quem se sai melhor nas pesquisas ou quem é capaz de amealhar mais contribuições de campanha.

Isso vale para todas as legendas, independentemente do perfil ideológico. Fruet, por exemplo, sentiu o drama na pele duas vezes. Em 2004, lutou com todas as forças para ser candidato a prefeito pelo PMDB e acabou esmagado pelo então governador Roberto Requião, que decidiu apoiar o petista Angelo Vanhoni.

Neste ano, a mesma novela, com protagonistas diferentes. O atual governador Beto Richa barrou a candidatura de Fruet pelo PSDB. Coube ao ex-deputado trocar mais uma vez de partido.

Há exemplos e mais exemplos. Antes da última campanha presidencial, Aécio Neves e José Serra se digladiaram por quase dois anos pela candidatura do PSDB. Nunca se soube, porém, qual era a diferença programática entre eles – o confronto ficou limitado a uma guerra de nervos entre paulistas e mineiros que no fundo só contribuiu para a vitória de Dilma.

Em todos esses casos a realização de prévias soa como blasfêmia. A própria Marta disse temer que o PT saísse "estraçalhado" de uma disputa interna em São Paulo. Faz sentido? Não que os Estados Uni­­­dos sejam o melhor exemplo do mundo, mas vale lembrar que Barack Obama e Hillary Clinton quebraram o pau ininterruptamente durante seis meses nas primárias de 2008. Nem por isso os democratas se estraçalharam. Elegeram o primeiro presidente norte-americano negro e Hillary ocupa hoje o principal ministério do país.

Confrontar ideias faz parte da democracia (aliás, é a melhor parte dela). Quando os partidos abrem mão do debate, se fecham em estruturas de defesa de interesses privados. É como uma fraude do sistema: o eleitor tem direito a voto, mas tem de engolir candidatos com os quais não se identifica.

O assunto pode até parecer de­­­vaneio. Não é. Quem repara na onda de protestos pelo mundo (incluindo as manifestações contra a corrupção no Brasil) percebe a quantidade de gente que não se sente representada politicamente.

Os partidos ainda não pescaram essa ideia, mas a sociedade, sim.

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