Candidaturas presidenciais postas após as principais convenções partidárias, agora só faltam as propostas. Em tempos de crescimento padrão chinês, pouco se fala em inovações econômicas. Talvez por isso as diferenças marcantes entre Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV) saiam apenas de outras áreas, como segurança e meio ambiente.
Os três já indicaram que não fugirão da cartilha econômica em vigor desde a era FHC controle da inflação (nem que seja com juros exorbitantes), câmbio flutuante e políticas sociais de distribuição de renda. Nesse empate técnico de ideias, a vantagem cai no colo de Dilma. E nem adianta Serra rumar à esquerda e dizer que o Banco Central não é a Santa Sé.
Determinante mesmo no debate eleitoral é que o povo está com dinheiro no bolso, ou melhor, tem crédito fácil nos bancos para se enforcar. Como o cenário deve permanecer assim até outubro, ninguém vai ousar apresentar críticas e, pior, todos insistirão em chavões. O mais comum será o apoio à reforma tributária, engavetada tanto na gestão tucana quanto na petista.
Mais além, o PT deve insistir em colocar no PSDB a pecha privatista, tese vitoriosa em 2002 e 2006. Por sua vez, o PSDB dirá que o PT é empreguista, ou seja, adora pendurar a companheirada na máquina pública. Duas meias verdades que têm algum peso no ideário popular, mas que estão bem desgastadas.
Mas nem tudo está perdido pelo menos longe do mundo encantado dos dossiês e da baixaria na internet. Há sim algumas sugestões pontuais interessantes. São poucas, mas merecem destaque.
Dilma disse que pretende retomar o projeto de criar um ministério para micro e pequenas empresas. A ideia quase foi implantada durante o governo Lula. A petista também sinalizou que irá priorizar as creches, o que é uma novidade no programa educacional brasileiro.
Marina propôs a terceira geração dos programas assistenciais. A candidata verde quer usar as informações do Sistema Único de Assistência Social para nortear uma nova fase do Bolsa Família. O plano é monitorar e estimular ainda mais a ascensão social das classes D e E.
O tiro certeiro de Serra foi a proposta de criação de um ministério para a segurança pública. Colocada em prática, a sugestão acaba com o impasse que existe desde sempre no Brasil sobre a distribuição de responsabilidades da área. Dilma já disse que é desnecessário, o que esboça um verdadeiro confronto de ideias.
Transportando a questão para o Paraná, é triste ver que os principais pré-candidatos a governador passaram os últimos meses mais interessados em buscar alianças do que em apresentar propostas. Ninguém sabe ao certo o que Beto Richa (PSDB), Orlando Pessuti (PMDB) e Osmar Dias (PDT) realmente querem para o estado. E olhem que após o longo inverno do governo Roberto Requião não é difícil apresentar inovações.
Triste é ficar apegado apenas à mesquinharia da política partidária, do quem eu apoio hoje para me apoiar amanhã. Dilma e Serra promoveram um festival de campanha eleitoral antecipada, mas ao menos trouxeram algum debate. Sem ideias na mesa, fica inevitável falar sobre outros assuntos como, por exemplo, a crise na Assembleia Legislativa.
Mas nem sobre isso Pessuti e Beto querem falar (o único que se posicionou pelo afastamento da mesa diretora foi Osmar). Para os dois, que já foram deputados estaduais, o assunto é com a Justiça. Pode até ser.
Desde que eles apresentem assuntos de campanha.
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Nos corredores
Em família
O ex-governador Roberto Requião contou com reforço caseiro na convenção nacional do PMDB. Pré-candidato a presidente na disputa interna do partido, ele tinha três eleitores dentro de casa. A esposa, Maristela e os dois filhos, Maurício e Roberta, foram escolhidos entre os 55 convencionais da legenda no estado. Requião recebeu 95 votos, contra 560 da proposta de coligação com o PT, com Michel Temer como candidato a vice.
Escudeiros de sempre
Secretários do governo Requião que perderam os cargos com Orlando Pessuti, Benedito Pires (Comunicação) e Luiz Fernando Delazari (Segurança) não abandonaram o antigo chefe. Ambos estavam com Requião durante a ação de bastidores em Brasília para assegurar a candidatura dele na convenção do PMDB, quinta e sexta-feira da semana passada. Pires ainda trabalha no governo Pessuti, como assessor especial.
Ausência
Pessuti chegou em Brasília no sábado para participar da convenção do PMDB e continuou na capital até ontem. Ele estava preparado para participar da convenção do PT, mas desistiu de última hora e foi participar de um evento em Quitandinha, na região metropolitana de Curitiba. Durante a permanência no Distrito Federal, o governador foi tratado oficialmente como pré-candidato ao Palácio Iguaçu por Michel Temer.
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