As próximas eleições para presidente e governador do Paraná serão marcadas por ausências. Será a primeira disputa presidencial sem a participação de Lula desde 1989. E a segunda oportunidade em seis pleitos consecutivos em que Roberto Requião ficará de fora da briga pelo Palácio Iguaçu.

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De tanta exposição, a dupla virou sinônimo de política ao eleitor paranaense nas duas últimas décadas. O petista pagou caro pelo excesso nas duas derrotas seguidas para Fernando Henrique Cardoso (1994 e 1998), mas reinventou-se em tempo. A reboque do "Lulinha paz e amor" de 2002, Requião também voltou ao governo.

Depois, Lula superou o mensalão para reeleger-se em 2006. Um ano depois, definiu-se como uma "metamorfose ambulante" para defender a manutenção da CPMF, mesmo tributo satanizado pelo PT nos anos FHC. De adaptação em adaptação, foi ganhando popularidade no Brasil e no exterior.

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Já Requião mudou muito pouco e por muito pouco não perdeu para Osmar Dias em 2006. Continua com o mesmo discurso de sempre contra os bingos, os bancos privados, o pedágio e os transgênicos. Temas cujos argumentos ideológicos pró e contra aprimoram-se ao longo do tempo.

Lula sairá de cena no ano que vem (sim, o terceiro mandato é lenda urbana), aos 65 anos, mas terá cacife para impor a vontade de ser sucedido pela ministra Dilma Rousseff. Requião terá 69 anos e deve disputar uma cadeira no Senado, sua oitava eleição majoritária seguida desde 1985.

Em uma jogada a la Pelé, o presidente aparentemente despede-se da vida pública no auge, cotado para o comando do Banco Mundial. E Requião?

É inegável o favoritismo do governador, já que serão duas vagas em jogo. Mas isso não significa uma caminhada tranquila. É só relembrar a biografia de Ney Braga, o político mais astuto da história paranaense.

Entre as décadas de 1950 e 1970, Ney deu as cartas em todas as disputas eleitorais em Curitiba e no estado. Em 1982, encerrava o segundo mandato como governador quando decidiu voltar a ser senador. Eram os últimos suspiros da ditadura e o povo queria mudança.

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Ney, militar por formação, recebeu 1.120.826 votos e perdeu a única cadeira em disputa para o então novato Alvaro Dias, que fez 1.668.495 votos. A derrota enterrou 30 anos de "neísmo" no Paraná. E abriu um novo ciclo de três décadas de comando quase majoritário do PMDB no estado.

Vale dizer que a vitória de Alvaro deveu-se essencialmente à dobradinha com o vencedor das eleições para governador, José Richa. No Paraná e no Brasil, candidaturas casadas como essa quase sempre dão resultado.

Ao que tudo indica, Requião pode enfrentar em 2010 dois nomes relacionados à mudança e muito bem casados. No PSDB, Gustavo Fruet tende a ser escudeiro de Beto Richa e, no outro pólo, Gleisi Hoffmann (PT) de Osmar Dias (PDT). Nesse cenário, Orlando Pessuti e o PMDB parecem uma carona bem menos interessante.

Mesmo a pé, entretanto, Requião é Requião. Resta saber se valerá a pena correr o risco de seguir o mesmo caminho de Ney Braga. No mundo da política, o último passo de uma carreira brilhante perpetua mitos – mas eles podem ficar remetidos para sempre como vitoriosos ou fracassados.

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Nos corredores

Chutando com as duas

Na mesma medida que mantém as negociações com o PT sobre uma aliança na disputa pelo Palácio Iguaçu em 2010, o senador Osmar Dias (PDT) conversa com o governador de São Paulo, José Serra (PSDB). O sonho do paulista é inviabilizar qualquer palanque para a rival Dilma Rousseff (PT) no Paraná. Nas conversas com Osmar, o senador já teria até sido convidado para participar de um possível governo Serra caso desista ou perca a disputa regional. Copa em Foz

O deputado federal Fernando Giacobo (PR) tenta fazer de Foz do Iguaçu uma sede de treinos para a Copa do Mundo de 2014. Ele coletou assinaturas entre a bancada paranaense no Congresso Nacional para endossar o pedido, que será encaminhado à organização do Mundial. Há chance de que Londrina busque o mesmo caminho, mas a tendência é que as solicitações desse tipo não sejam aceitas. Não à eternidade

O senador Flávio Arns (PT) encabeça as assinaturas da minuta de um projeto de lei que pretende impedir o repasse de recursos públicos para federações esportivas que permitem mais de uma reeleição aos seus dirigentes. O texto está sendo construído na Comissão de Educação do Senado, presidida por Arns. A ideia é impedir a perpetuação dos dirigentes e oxigenar as entidades até a Copa de 2014.

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