Quase sem esforço, Lula foi o principal vencedor das eleições de ontem. Candidatos da base aliada do governo federal ganharam em 22 das 26 capitais. A oposição ficou reduzida a Curitiba, Cuiabá (MT), Teresina (PI) e São Luís (MA), cidades com isoladas vitórias do PSDB.
Dois resultados tiveram gosto especial para o presidente. Em todo o Brasil, apenas Geraldo Alckmin (PSDB), em São Paulo, e ACM Neto (DEM), em Salvador, encarnaram o espírito anti-Lula. E ambos ficaram de fora do segundo turno, derrotados por petistas ou parceiros do PT.
Há dois anos, Alckmin conseguiu a proeza de somar 37 milhões de votos na disputa presidencial. Não chegou a 8% disso ontem. Minado pelo apoio do companheiro (muy companheiro) de partido e governador José Serra a Gilberto Kassab (DEM), o "picolé de chuchu" foi fulminado.
Ao cair tão desajeitadamente, Alckmin expôs todos os rachas internos do PSDB. A maioria dos colegas aposta que ele deve deixar a legenda em breve. Aposta certeira mesmo é que o tucano vai entrar em um longo talvez eterno ostracismo eleitoral. O recado das urnas foi ainda mais contundente na Bahia. ACM Neto liderou quase todas as pesquisas, até que o "tema Lula" começou a tomar conta dos programas eleitorais, há três semanas.
"Grampinho", como é conhecido em Brasília, foi alvo de bombardeios dos rivais João Henrique (PMDB) e Walter Pinheiro (PT), que relembraram à exaustão uma declaração do democrata, em 2006, de que daria "uma surra" no presidente. ACM Neto tentou contemporizar, mas o tiro saiu pela culatra e o carlismo sofreu uma derrota com cara de derradeira.
Nove em cada dez especialistas em marketing político garantem que presidente e governador não transferem votos em eleições municipais. Pouquíssimos candidatos de oposição, entretanto, pagaram para ver. Em Cuiabá e Teresina, Lula foi mostrado com um aliado dos prefeitos reeleitos do PSDB.
Nem Beto Richa com sua esmagadora aprovação ousou confrontar o presidente. Ele até recebeu Serra e o governador mineiro Aécio Neves em Curitiba, mas nunca fez críticas diretas ao governo federal. O Palácio do Planalto, segundo o próprio Beto, sempre foi e continuará sendo um bom parceiro da prefeitura.
A base aliada de Lula também tem tudo para conseguir vitórias folgadas em quase todas as cidades em que haverá segundo turno. São Paulo, porém, deve virar o cavalo-de-batalha dos oposicionistas.
Se Lula conseguir inverter a tendência de queda de Marta Suplicy, completará o ciclo de vitórias municipais como uma onda perfeita. E com água suficiente para afogar a oposição nos dois anos que faltam para a sucessão de 2010.
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