Requião, senador eleito: ele nunca elegeu um sucessor.| Foto: Marcelo Elias/ Gazeta do Povo

Para quem esperava uma votação disputada palmo a palmo, Beto Richa (PSDB) até que venceu Osmar Dias (PDT) com certa folga. Ao que tudo indica, conseguirá maioria na Assembleia Legislativa e terá facilidade para começar o governo. Mas haverá pedras no caminho – e elas estarão no Senado.

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Nenhum dos três senadores do estado a partir de 2010 tem afinidade com Beto. Alvaro Dias, apesar de ser do PSDB, está "de mal" com o ex-prefeito desde que foi atropelado na disputa interna pela candidatura ao Palácio Iguaçu. Já Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB), bem, esses são rivais de carteirinha do tucano.

Pode parecer secundário, mas ter apoio no Senado será fundamental em vários momentos. Beto dependerá do trio, por exemplo, se quiser aprovar empréstimos internacionais (o que será necessário para deslanchar os prometidos investimentos na infraestrutura do estado). Sem falar nas discussões sobre uma possível reforma tributária e outras tantas questões de embate federativo.

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Não será a primeira vez que o governador do Paraná sofrerá no Senado. Nos dois mandatos (1995-2002), Jaime Lerner trombou no entrosamento da dupla Osmar e Requião. Para forçar o desgaste de Lerner, eles barraram por meses a formalização de empréstimos de quase meio bilhão de reais para obras em saneamento.

Lerner só se safou do bloqueio quando trocou o PDT, que fazia oposição ao então governo FHC, pelo PFL. Trocar de partido é uma saída que definitivamente não estará nos planos de Beto. A estratégia então será o diálogo.

E, por incrível que pareça, quem mais tende a ajudar Beto é Gleisi. A senadora eleita tem o único perfil apaziguador entre os três.

Gleisi é, aliás, a principal novidade das eleições paranaenses. Ao conquistar mais votos que Requião, oxigenou o PT no cenário estadual. Por conseqüência, credenciou-se para ser a antítese de Beto justamente porque tem características muito similares às dele – é jovem, popular e tem um discurso moderado.

Para analisar o futuro da relação do governador eleito com os senadores, entretanto, é importante entender o que levou a ela. Beto sabe que relaxou na disputa pelo Senado. Ele até conseguiu um candidato altamente competitivo, Gustavo Fruet, mas não ajudou a fortalecê-lo.

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O que o tucano sempre quis foi manter a aliança com Osmar e tê-lo como candidato a senador. Co­­mo não conseguiu, lançou Fruet de última hora.

Esse fato e a censura às pesquisas talvez tenham sido as únicas manchas na vitória. Foi um feito indiscutível vencer uma disputa como oposição tanto nos planos estadual e nacional. A façanha fortalece o ex-prefeito, mas é importante frisar que governar na oposição será tarefa árdua, caso Dilma Rousseff confirme o favoritismo e vença o segundo turno.

Está aí a síntese da primeira missão de Beto – ajudar Serra a se sair ainda melhor no Paraná. Para isso, terá de se decidir entre ser uma mera liderança regional ou um protagonista da política nacional. Até agora, ele escolheu a primeira opção.

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