Nos corredores

A autocrítica de Taniguchi

O ex-prefeito de Curitiba, Cassio Taniguchi, é o paranaense que aguarda com mais ansiedade o desfecho sobre a expulsão de Arruda do Democratas. Taniguchi é secretário de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente do Distrito Federal e até agora não foi citado no mensalão brasiliense. Deputado federal licenciado, ele admite que não deve tentar a reeleição em 2010. "Fiquei muito tempo longe, tenho autocrítica", disse na semana passada.

A grande família 1

O lançamento oficial da pré-candidatura do governador Roberto Requião a presidente, em Brasília, reuniu parentes e fiéis escudeiros da família. Entre eles, o filho Maurício e o irmão Eduardo que trabalham em Brasília. O primeiro é funcionário do gabinete do deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB) e o outro, secretário da Representação do Paraná em Brasília. Quem também acompanhou Requião foi o secretário estadual de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari.

A grande família 2

Enquanto Requião participava de uma entrevista coletiva na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, os irmãos Alvaro e Osmar Dias conversavam animadamente no cafezinho da Casa. Alvaro brincou que Osmar, de tanto andar no avião presidencial, só faltava falar igual ao presidente Lula. E Osmar dizia que, em uma das viagens com Lula, fez um comentário ao presidente: "O Alvaro reclama tanto deste seu avião, mas ele é tão confortável!"

CARREGANDO :)

É engraçado ver a reação das pessoas que visitam Brasília pela primeira vez. Embora a capital apareça na televisão todos os dias, o estranhamento é inevitável. Difícil encontrar alguém que, de cara, sinta-se em casa.Aqueles que vêm de Curitiba têm ainda mais problemas. Reclamam de tudo – do ar seco, do trânsito, da sujeira nas ruas, da cara amarrada dos brasilienses (como se os curitibanos fossem seres muito simpáticos). Agem como se estivessem em outro planeta.

Sim, trata-se de um lugar esquisito, meio bizarro. Lúcio Costa e Oscar Niemeyer desenvolveram o Distrito Federal com conceitos que serviam para um ideal socialista dos anos 1950, mas que não se adaptaram à realidade social que evoluiu com o passar dos anos. Enquanto o Plano Piloto tem a melhor qualidade de vida do país, há algumas regiões na periferia que parecem vilas perdidas no Sudão.

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Brasília também tem a maior renda per capita do Brasil, a maior quantidade de moradores que terminaram a universidade. Em vários quesitos, pode ser descrita como um oásis no meio da secura do cerrado. E também como uma ilha de corrupção no coração do Brasil.

Essas diferenças temperam o "panetonegate", o mensalão distrital que envolve o governador José Roberto Arruda e o Democratas. O escândalo provou que Brasília ganhou uma autonomia que não deveria ter.

E essa é uma história que começa com um personagem comum a tantas outras da recente trajetória política nacional. O nome dele é José Sarney. Foi o maranhense quem escolheu Joaquim Roriz como o penúltimo governador nomeado do Distrito Federal, em 1988.

Em dois anos, Roriz inchou a periferia de Brasília distribuindo terrenos indiscriminadamente. Era a semente do que estava por nascer. No mesmo ano, a Constituição Federal deu autonomia ao Distrito Federal, que a partir de 1991 passou a ter representação no Congresso Nacional.

No pacote, os brasilienses ganharam o direito de formar uma Câmara Distrital, com 24 deputados, e eleger governador. Roriz, o homem dos lotes, foi eleito três vezes e só não se elegeu quando não era possível participar da disputa. Das mãos dele surgiu Arruda, o secretário de obras que começou a implantar o metrô de Brasília – empreendimento que levou nove anos para começar a funcionar (ainda assim, parcialmente).

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Pois a crise do panetone mostrou um racha entre criador e criatura. Parece que o Distrito Federal ficou pequeno demais para os dois. Ao que tudo indicava até dez dias atrás, eles polarizariam a eleição 2010, com uma leve vantagem para Arruda.

O escândalo, apesar de jogar lama por todos os cantos da capital, tem os seus benefícios. O principal deles pode ser tirar Roriz e Arruda do páreo e fazer nascer alguma nova liderança. Uma chance de ouro não apenas para os brasilienses.

Desde o golpe militar de 1964, "a capital da esperança" foi passando por um processo de isolamento do resto do país. Foi nela que os militares se acastelaram contra manifestações populares até 1985. Foi nela que uma nova elite calcada na corrupção se instalou depois disso.

Agora é a chance desses mu­ros caírem. Como seria bom o dia em que os visitantes se sentissem à vontade por aqui. Brasília não é de Roriz, Arruda ou dos deputados distritais. A capital do Brasil é dos brasileiros e não daqueles que chegaram primeiro.