Nos corredores
Mudança no PPS
O deputado federal Sandro Alex vai postular a presidência estadual do PPS. Segundo ele, o atual comandante da legenda no estado, o também deputado federal Rubens Bueno, já teria demonstrado interesse em ser substituído. A escolha da nova direção estadual do partido deve ocorrer no final deste semestre.
Campo minado
Montado para ter como "estrela" a ministra Gleisi Hoffmann, o coquetel organizado pela coordenação da bancada federal paranaense para 267 prefeitos paranaenses em Brasília, na semana passada, também contou com representantes do governador Beto Richa (PSDB). Marcaram presença os secretários estaduais da Indústria e Comércio, Ricardo Barros, e do Escritório de Representação do Paraná em Brasília, Amauri Escudero.
Aniversário com Dilma
O convite do prefeito Gustavo Fruet (PDT) para que a presidente Dilma Rousseff visite Curitiba tem data aberta, mas a preferência é por algum dia de março. O ideal seria o 29, no aniversário da capital. Na viagem, Dilma deve inaugurar residências construídas com recursos do programa Minha Casa, Minha Vida.
O script é o mesmo de sempre. Acontece uma tragédia, o Brasil do mundo real (não aquele dos bastidores políticos de Brasília) se comove e os congressistas logo se apresentam como os xerifes da sociedade. Aí pipocam propostas para tornar as leis mais severas como se a falta de novas regras e não o descumprimento das já existentes fosse o motivo para episódios como o da boate Kiss.
Em fevereiro de 2007, o país também ficou embasbacado diante da violentíssima morte do menino João Hélio Vieites, de 6 anos. O carro da mãe dele foi roubado no Rio de Janeiro e, durante a fuga, o garoto acabou preso no cinto de segurança para fora da porta e foi arrastado pelo asfalto por sete quilômetros. Imediatamente, o Congresso começou a votar propostas para aumentar a rigidez contra crimes hediondos.
Sob o calor da tragédia de Santa Maria (RS), o deputado federal Fernando Francischini (PEN-PR) apresentou um projeto de lei para proibir o uso de materiais perigosos em ambientes como o da boate Kiss. Nada contra a ideia em si, mas, como esse, outros virão. E possivelmente serão aprovados a toque de caixa.
Enquanto isso, a Frente Parlamentar de Combate à Corrupção aponta que há 160 projetos anticorrupção engavetados no Congresso. Outro fato relevante: durante os cinco meses de julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal não foi aprovada qualquer proposta para evitar a repetição do escândalo. Pelo contrário, o que se viu foi uma tentativa de confrontar as decisões do Judiciário.
Doutora em Sociologia pela Universidade de Brasília, a professora Laura Frade se dedicou a quantificar a relação de deputados federais e senadores com esse tipo de situação. É dela o estudo "O que o Congresso Nacional pensa sobre a criminalidade", que levantou todos os projetos relacionados ao tema na legislatura 2003-2007. Entre 646 propostas, encontrou apenas duas ligadas a crimes de colarinho-branco.
Para quem não lembra, o Parlamento ficou marcado nessa época por dois dos maiores escândalos políticos da história do país, o do mensalão e o dos sanguessugas. Daí vem o dado mais simbólico (e chocante) da pesquisa. Laura entrevistou 58 congressistas da época sobre o que eles pensavam sobre o combate à criminalidade e uma das palavras mais utilizadas para definir quem comete crime foi "pobre".
Trocando em miúdos, o Congresso, de forma geral, vê a criminalidade como coisa de pobre. Mas não é só isso. A falta de uma discussão mais profunda sobre o espírito das leis leva ao casuísmo, ou seja, não se reflete sobre os motivos reais que levaram a determinada tragédia.
Em 2008, Laura falou em entrevista à Gazeta do Povo que a conclusão da sua pesquisa mostrava que a "visão de deputados e senadores é que o bandido é o outro, e nunca um deles". "É muito confortável que eu possa colocar as minhas dificuldades no outro, ao invés de enxergá-las em mim mesmo", dizia ela. Lá se vão cinco anos e os acontecimentos do período só reforçam esse entendimento.
É só ver como as denúncias contra Renan Calheiros (PMDB-AL) não tiveram qualquer efeito na volta dele para a presidência do Senado. Assim como hoje pouca gente duvida que Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) vai se eleger presidente da Câmara. São provas de que, no Congresso Nacional, o teor da tragédia é só uma questão de ponto de vista.
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