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O prezado leitor que tem a paciência de começar a ler essa coluna com certeza sabe o que acontece dentro da própria casa. Se é mais abastado, tem clareza da quantidade de funcionários que circulam pela residência, o quanto eles recebem e o que fazem. Sabe bem que jardineiro é jardineiro e não seria surpreendido do dia para a noite se descobrisse que conta com um diretor de jardins.

Os menos favorecidos, pode apostar, têm na ponta da língua o custo da passagem de ônibus, a reclamação para a taxa extra que apareceu de uma hora para outra na fatura do condomínio ou qual o contato do sujeito que ele chama para consertar a geladeira. E se o cara que faz o reparo é um sobrinho, o pagamento se resume a uma cerveja depois do futebol, ou seja, ser parente acaba sendo uma roubada.

Em qualquer organização com o mínimo de disciplina funciona assim. Do contrário, o couro come, cabeças rolam. Menos no Senado.

Na Casa mais nobre do Congresso Nacional, todo mundo faz questão de gozar das prerrogativas do mandato. Mas quando o cheiro de algo podre começa a vazar pela imprensa, quase ninguém aceita assumir a responsabilidade. E fica parecendo que as horas extras dos funcionários brotam do chão, assim como parentes em empresas terceirizadas e diretores de garagem ou de check-in nos aeroportos.

Na semana passada, o presidente da Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que não vai mais falar sobre os problemas administrativos da Casa. O assunto agora virou exclusividade do primeiro-secretário, Heráclito Fortes (DEM-PI). E o piauiense, que até parece bem intencionado, quase sempre recorre ao discurso de que "sempre foi assim e ninguém nunca deu bola antes".

Em uma coisa Sarney está correto: não seria exatamente necessário que os senadores soubessem detalhadamente o que faz cada um dos servidores do Senado. Só que, pelo tamanho da esculhambação, qualquer um percebe que manter 181 diretores (agora eles dizem que é 31) não é nada razoável.

Sarney é o político mais experiente do Brasil e já soma 19 anos consecutivos como senador. Teve dois mandatos anteriores como presidente do Senado. Ou seja, assim como os problemas existem desde sempre, desde sempre os mesmos políticos é que dão as cartas.

Também está certo que todos os escândalos poderiam ter sido divulgados pelos jornais antes. Mas que bom que eles não ficaram na gaveta para sempre. Sempre é tempo de recomeçar.

E se eles não querem cuidar da própria Casa, ao menos a população tem o direito de saber a que ponto chegou o "relaxo". Até porque o cidadão é ainda mais dono do Congresso. Tomara que lembre dessa posse em outubro de 2010.

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Nos corredores

Eu também quero

Os sete deputados federais paranaenses do PMDB assinaram um documento encaminhado à direção estadual do partido cobrando participação no horário gratuito disponível para a legenda na televisão entre hoje até o dia 8. Cada um quer aparecer ao menos um minuto. Eles temem que o espaço seja dominado apenas pelos colegas mais próximos do governador Roberto Requião.

Aeroporto Richa

Na última quarta-feira, o senador Osmar Dias (PDT) concedeu entrevista à RPC-TV em Brasília e se esforçou para lembrar de todos os projetos recentes que sugeriu no Congresso e viraram lei. Entre os últimos que não fugiram da memória, estava o que batiza o aeroporto de Londrina como José Richa. Ao recordar-se desse, sorriu. Mas não citou uma possível disputa com o filho de Zé Richa, Beto, pelo governo do estado.

Sem Alvaro, com votação

Âncora de Luiz Carlos Hauly (PSDB) na campanha municipal de Londrina, o senador Alvaro Dias (PSDB) não trabalhou em Brasília na semana passada. Foram as primeiras faltas no ano. Curiosamente, nesse período o Senado resolveu trabalhar. A primeira votação em plenário da Casa em 2009, aprovou o projeto que assegura às mães presas e aos recém-nascidos condições mínimas de assistência médica e psicológica.

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