Até um pitbull sabe que governar com bons ventos na economia é muito mais fácil do que em tempos de crise. Dinheiro no bolso faz toda diferença para o bom humor do eleitorado. Isso ajuda a explicar a incrível trajetória da popularidade de Beto Richa (PSDB).
Três meses antes de abandonar a prefeitura de Curitiba para disputar o governo do estado, o tucano contava com uma aprovação espantosa. Pesquisa Datafolha divulgada no dia 28 de dezembro de 2009 apontava que 84% dos curitibanos diziam que a gestão dele era boa ou ótima. Os que consideravam a administração regular eram 10% e ruim ou péssimo, 5%. De zero a dez, Richa recebeu uma nota 7,9.
A sondagem abrangia dez capitais. O paranaense era disparado quem tinha os melhores números. Segundo colocado, o prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), ganhou nota 6,4 e alcançou um índice de ótimo e bom de 50% – 34 pontos porcentuais a menos que Richa.
Maria Tereza no CNJ
Ex-secretária de Justiça do Paraná, Maria Tereza Uille Gomes faz campanha aberta no Senado por uma vaga no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Ela é candidata à vaga que cabe ao Ministério Público Estadual e depende inicialmente da indicação do Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot. Depois disso, precisa da aprovação do Senado.
Pró-Fachin
Maria Tereza também tem trabalhado no Senado pela indicação do paranaense Luiz Edson Fachin para o Supremo Tribunal Federal. Figura de destaque no primeiro mandato de Beto Richa, ela acompanhou o governador em visita aos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na última terça-feira (12).
Em março de 2015, o instituto Paraná Pesquisas mostrou um cenário bem diferente. Após quatro anos e três meses como governador, 76,1% dos paranaenses desaprovavam a gestão do tucano. Situação que deve ter se deteriorado muito mais após a operação policial que acabou com 213 feridos no Centro Cívico, dia 29 de abril.
Outra pesquisa, sobre o cenário socioeconômico de Curitiba na década passada, mostra o que levou a esse efeito-gangorra. Ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e ex-ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos do governo federal, Marcelo Neri é autor de um estudo que mostra dados impressionantes sobre a capital paranaense.
O material desenvolvido para o Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas e intitulado “Os emergentes de Curitiba” cita que a pobreza na cidade caiu 53,4%, entre 2004 e 2009. Na mesma toada, a renda per capita subiu 47% (de R$ 819,38 para R$ 1.203,62), entre 2003 e 2009, bem acima da média nacional de 32%. Pelo índice de Gini, a desigualdade na cidade caiu, no mesmo período, 10,7%, ante 4,45% da média nacional.
Os números comprovam que, se a década de 2000 foi ótima para o país, foi ainda melhor para a capital paranaense. Vale lembrar que Richa foi prefeito entre janeiro de 2005 e março de 2010, ou seja, pegou em cheio o período de bonança. A questão é: o quanto ele realmente colaborou para que isso acontecesse?
Nem prefeito nem governador têm instrumentos de regulação direta da macroeconomia. Assim como é presunção achar que o então presidente Lula fez tudo sozinho (apesar das políticas de distribuição de renda terem colaborado). A verdade é que Richa foi prefeito em um período de ouro, em que a economia mundial conspirou a favor do Brasil (puxada pelo crescimento da China) e particularmente pró-Curitiba.
Eis que a ressaca da crise econômica mundial – e das trapalhadas econômicas petistas – bateu forte no primeiro mandato de Dilma Rousseff. Ainda assim, o Paraná sentiu bem menos esses efeitos. A receita do estado continuou crescendo (muito mais que a média das demais unidades da federação), mas a situação já não era das mais confortáveis.
Richa é fruto eleitoral daquela época de pibão e euforia da classe C. Navegar entre marolinhas foi tranquilo. Na tempestade, a história tem sido bem diferente.
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