Gleisi Hoffmann comandou uma comitiva de 24 prefeitas paranaenses a Brasília na última quarta-feira. Enquanto o marido e ministro, Paulo Bernardo, suava para justificar a necessidade de prorrogação da CPMF na Câmara dos Deputados, ela intermediava a visita das colegas ao Palácio do Planalto. Ao pisar na capital, começou a usar a arma mais potente na batalha pela prefeitura de Curitiba no ano que vem o apoio do governo federal.
Muito além do direito de posar para as fotos ao lado do presidente Lula, a proximidade com a União significa a abertura de atalhos que podem garantir recursos que mantêm vivos a maioria dos municípios. Obviamente, não são as prefeitas responsáveis pelos votos que farão a petista desbancar o favoritismo da reeleição de Beto Richa (PSDB). Gleisi, porém, começa a sair do estágio de sensação das eleições de 2006 para o plano de articuladora política.
Dessas movimentações em Brasília, desce para o Sul uma enxurrada de ações amarradas para o pleito de 2008. Claro, obras são bem-vindas, mas é evidente o componente propagandístico por trás. Por exemplo, foram R$ 912 milhões em obras do PAC para saneamento e habitação no Paraná, anunciados pelo próprio Lula há três semanas, em Curitiba.
Na luta para ver quem acabava como o "pai dos pobres", Beto e o peemedebista da Cohapar, Rafael Greca, engalfinharam-se pela execução das obras. Mas a torneira do dinheiro foi aberta pelo presidente. E qual deles foi lembrado por Lula durante o discurso para o povão? Nenhum, apenas a "companheira" Gleisi.
Dona de 2,3 milhões de votos na última disputa para o Senado, ela não ocupa nenhum cargo público, depois de ser diretora de Itaipu até o ano passado. Gleisi, que completou 42 anos anteontem, alega que essa é uma opção pessoal e que está concentrando forças para as eleições de 2008. É uma preparação sistemática, baseada também no fracasso petista nas duas últimas disputas em Curitiba, com Ângelo Vanhoni.
Fora as visitas pela capital federal, o roteiro da petista inclui a presença em lançamentos de coleções de moda em butiques curitibanas. Ela garante, porém, que ainda não está em campanha seja na versão "mãe dos pobres" ou socialite. Beto, dividido entre sua Harley-Davidson e obras no Parolin, diz o mesmo. Acredita quem quiser.
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Nos corredores
Dinheiro que entra... Os deputados paranaenses Max Rosenmann (PMDB) e André Vargas (PT) são os autores de um pedido de informação enviado nesta semana ao Ministério da Fazenda sobre uma antiga reivindicação do governo do estado - o reequilíbrio do acordo de pagamento de royalties de Itaipu e outras 15 usinas hidrelétricas paranaenses desde 2000. O objetivo é recuperar R$ 540 milhões que teriam sido retidos indevidamente pela Secretaria do Tesouro Nacional. Pela solicitação, o ministério deveria solicitar à Agência Nacional de Energia Elétrica um recálculo do contrato, o que garantiria a bolada.
Dinheiro que sai... Vencendo ou não a batalha para acabar com a multa mensal de R$ 5 milhões que a União aplica ao Paraná pelo não-cumprimento do contrato de compra de títulos públicos junto ao Itaú, o governo do estado não escapará de uma dívida calculada em R$ 527 milhões com o maior banco privado do país. Esse é o valor atualizado dos títulos de Alagoas, que foram pagos ao estado em 2002, ainda durante a gestão Lerner, mas que não foram repassados ao Itaú (conforme previa o contrato). Curiosamente, é quase o mesmo valor dos royalties. É tirar com uma mão e dar com a outra.
Por uma facada menor A Comissão de Defesa do Consumidor na Câmara Federal encarnou a luta contra o excesso de tarifas bancárias. Segundo os parlamentares, as tarifas correspondiam a 10% da folha de pagamento dos bancos há dez anos. "Hoje são 123%", diz o presidente da CDC, o paranaense Cézar Silvestri (PPS). Segundo ele, o número de taxas cobradas pelos bancos varia de 10 a 15. A briga é para estabelecer um limite nessa quantidade. O próximo round é na quarta-feira, quando técnicos do Banco Central vão à comissão para tentar explicar o milagre da multiplicação desses números, que estouram nos bolsos dos clientes.
* * * * * *"Quero cumprimentar a nossa querida companheira Gleisi, que está aqui. Só pode vir aqui para o palanque quem é autoridade. Você não é autoridade, vai ficar aí."
Do presidente Lula, quando esteve no Paraná, no último dia 24, para lançar o PAC no estado.
agoncalves@gazetadopovo.com.br
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