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Nos corredores

Licença

Candidato à reeleição, Alvaro Dias (PSDB) decidiu se licenciar por 120 dias a partir de agosto. Sem ele, quem assume é o primeiro suplente, Wilson Matos (PSDB), que perdeu o posto na atual chapa para Joel Malucelli (PSD). "Não quero ouvir que estou recebendo sem trabalhar", justificou.

CPI da Copa

Para a volta aos trabalhos, possivelmente em dezembro, Alvaro defende a abertura de uma CPI para investigar os gastos com a Copa do Mundo. Segundo ele, pesa o fato de que o Mundial brasileiro "custou mais que a soma dos três últimos". Até agora, os valores ficaram em R$ 26 bilhões.

Visto de fora

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, viajou em missões oficiais para Estados Unidos e Inglaterra durante o começo do Mundial. "Só se falava do sucesso da Copa e do impulso dado à imagem do Brasil no exterior", diz. "Nos EUA, a Copa teve mais audiência que final de beisebol."

Ninguém com mais de dois neurônios acha de verdade que a culpa pelo vexame da seleção brasileira é da presidente Dilma Rousseff. Antipetistas até comemoram o "lado bom" do massacre alemão e do mico holandês, calculando que de alguma forma vai sobrar para ela nas urnas. Mas é um raciocínio infantilizado, tanto quanto o de qualquer extremista da política.

Em 1998, o Brasil tomou um sacode da França na decisão (3 a 0), com direito a um boato fortíssimo de que o título havia sido vendido para os europeus. Naquele ano, a taxa de desemprego anual do país era de 11,1%. O crescimento do PIB foi de -0,1%.

Teoricamente, seria moleza para a oposição contaminar o "mau humor" provocado pelo baile em Paris com os números pífios da economia durante a campanha. Três meses depois da derrota, Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi reeleito no primeiro turno.

No primeiro trimestre de 2014, a taxa de desemprego ficou em 7,1% e a previsão de avanço do PIB no ano está em 1,07%. O segundo índice está distante de ser uma maravilha, mas é muito melhor do que o resultado de 16 anos atrás.

Mas por que Lula e os petistas, com tanta munição em mãos, não conseguiram evitar a reeleição do tucano? Porque o fato de um adversário estar debilitado não é garantia de que você pode fazer melhor que ele.

O descontentamento com o PT ainda não parece suficiente, por si, para evitar uma nova vitória de Dilma. Os dois candidatos da oposição, Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), necessitam urgentemente de bandeiras concretas que caiam no gosto da população. Campanhas não sobrevivem de teorias da conspiração.

Em 1998, Lula errou feio ao apostar em uma chapa com Leonel Brizola (PDT). Manteve o perfil do oposicionista radical, o mesmo que poucos anos antes havia sido contra o Plano Real. Ainda machucado pelo impeachment de Collor, o brasileiro podia estar fulo da vida com o time de Zagallo, com a economia claudicante, mas não estava disposto a embarcar o país em uma aventura.

Os petistas aprenderam com a derrota e, quatro anos depois, nascia o "Lulinha paz e amor", com a Carta ao Povo Brasileiro embaixo do braço. Na vice, o empresário liberal José Alencar. A mudança de postura e o discurso da esperança contra o medo colaram.

Em 2014, o cenário se inverteu. O PT já lançou a armadilha de que votar na oposição é voltar a um passado de sofrimento econômico e social. Os tucanos propagandeiam os 20 anos do real, mas até agora não apresentaram nada de realmente novo.

Já Eduardo Campos, pretensa terceira via, só reproduz os métodos de fazer política dos dois rivais. Além de o PSB integrar o governo Dilma até o ano passado, acendeu uma vela para cada santo nas alianças regionais. No Paraná, chegou ao cúmulo de aceitar uma coligação com o PSDB de Beto Richa e Aécio em troca de uma segunda suplência para o Senado.

A campanha já está na rua e o que se percebe de cara é que a oposição insiste muito mais em jogar nos erros de Dilma, que não são poucos, do que nos próprios acertos. Falta sagacidade para ir além. Por enquanto, Aécio e Campos apenas reproduzem a máxima do filósofo Vanderlei Luxemburgo: o medo de perder tira a vontade de ganhar.

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