Nos corredores
Ministro enrubescido
A cerimônia de posse do novo reitor da UFPR, Zaki Akel Sobrinho, foi pontuada por elogios rasgados do ministro da Educação, Fernando Haddad, ao colega do Planejamento, Paulo Bernardo. Haddad disse que o paranaense "salvou" o orçamento da Educação para o ano que vem ao negociar a votação da lei orçamentária de 2009 no Congresso Nacional. Paulo Bernardo não escondeu a satisfação, mas chegou a ficar nitidamente envergonhado. "Pára de dizer essas coisas e fala um pouquinho do reitor aí", pediu a Haddad, no que foi prontamente respondido: "Ele ainda nem assumiu, não tenho o que falar do que ele fez."
Entre "brimos"
Na seqüência do mesmo discurso elogioso a Paulo Bernardo, Haddad usou uma metáfora ao falar sobre os gastos em educação. Segundo ele, muitas vezes são feitas contas de "mascate", ou seja, discutem-se pequenos valores de maneira até mesquinha. Na hora o ministro lembrou que Akel poderia ter pai mascate, assim como ele próprio, já que ambos os sobrenomes são árabes. Ao desfazer a suposta gafe, lembrou que aquela era uma conversa entre "brimos". Durante a cerimônia, realizada quinta-feira no prédio Ministério da Educação em Brasília, Akel citou vários ditados libaneses.
Fraude eleitoral
O deputado federal Ratinho Júnior (PSC) conseguiu a aprovação de um requerimento para convocar o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Carlos Ayres Britto, para uma audiência na Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara. Ele quer apurar uma informação do colega Gustavo Fruet (PSDB) sobre a atuação da Agência Brasileira de Inteligência na programação das urnas eletrônicas. A reunião deve acontecer nas primeiras semanas de fevereiro, após o recesso parlamentar.
As próximas eleições para governador começam a se desenhar de cima para baixo, de Brasília para o Paraná. Enquanto mantém a relação amistosa com o prefeito Beto Richa (PSDB), o senador Osmar Dias (PDT) não consegue evitar o flerte com o lado vermelho da força o PT e os partidos aliados ao governo federal.
Primeiro foi o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, que destacou não enxergar "nenhum absurdo" em uma aliança com o pedetista, que é ex-tucano e tradicional aliado do PSDB paranaense. A declaração seria um reflexo do pensamento do próprio presidente Lula, que estreitou as conversas com Osmar nos últimos meses.
Na semana passada, porém, veio o apoio mais surpreendente. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, não só manifestou simpatia pelo senador como assumiu postura de cabo eleitoral ao dizer estar na torcida pela candidatura de Osmar.
Vale lembrar que Stephanes chegou ao cargo graças ao PMDB e ao esforço pessoal do governador Roberto Requião, de quem foi secretário na gestão passada (2003-2007). Segundo ele, não há barreiras para uma reaproximação entre Osmar e Requião, inimigos declarados desde que se enfrentaram na última eleição ao Palácio Iguaçu, em 2006.
O ministro foi mais adiante ao afirmar que a questão "já estaria superada". Procurado para comentar as frases de Stephanes, Osmar teve duas reações: ficou lisonjeado e, ao mesmo tempo, desconversou sobre a relação com Requião.
É fato que as rusgas entre senador e governador ficaram mais raras nas últimas semanas e que os dois até atuaram em parceria, sem sucesso, para tentar eliminar a multa do Banestado no Congresso Nacional. Assim como é concreto que o PMDB não tem um nome competitivo para 2010.
Além de PMDB e PT, o cerco a Osmar em Brasília envolve o PP do deputado federal e vice-líder do governo na Câmara, Ricardo Barros. O parlamentar quer repetir no Paraná a base nacional de sustentação de Lula contra os oposicionistas de sempre, DEM e PSDB.
O problema é que uma aliança desse gênero tiraria de Osmar o papel de anti-Requião, que deve render caminhões de votos graças ao declínio da popularidade do governador. Mesmos votos que cairiam no colo de um possível candidato tucano.
Por essa matemática, se Beto Richa realmente for candidato, não haveria como batê-lo. Afinal, ele somaria os eleitores cansados do governador com a votação recorde obtida na reeleição à prefeitura de Curitiba, em outubro.
Para complicar a conta, um dia depois de Stephanes rasgar seda para Osmar, o senador recebeu Beto Richa no seu gabinete em Brasília. Segundo ele, nada foi comentado sobre 2010, ou seja, o ano político acabou e a parceria entre os dois continua em pé.
Falta saber quem fará o primeiro movimento para desfazê-la. Forcinha para isso é o que não vai faltar. Principalmente de cima para baixo.