• Carregando...

Nos corredores

Irregularidades

O Tribunal de Contas da União aprecia amanhã relatório sobre obras públicas com indícios de irregularidades graves. De acordo com o material produzido no ano passado, o Paraná é o estado com maior número de obras sob suspeita. Da lista de 75 problemáticas, sete são em estradas paranaenses. Cinco delas estão relacionadas à "Operação Tapa-Buraco", em 2006, e as outras duas são a Estrada da Boiadeira e o Contorno Rodoviário de Foz do Iguaçu.

Nepotes persistentes

Levantamento publicado ontem pela Folha de S. Paulo mostra que apenas três estados demitiram parentes durante o primeiro mês de vigência da súmula do Supremo Tribunal Federal que restringiu o nepotismo nos três poderes. Ao lado de Amapá e Rio Grande do Norte aparece o Paraná. De acordo com a reportagem, a maioria das administrações estaduais alega que ainda está em fase de levantamento dos nepotes. Entre as 27 assembléias legislativas, quatro divulgaram a quantidade de demitidos – Acre, Amazonas, Pernambuco e Santa Catarina.

Branco branquíssimo

O recesso branco no Congresso Nacional tem sido respeitado fielmente por quase todos os 513 deputados e 81 senadores. Nesta semana, os últimos parlamentares que estavam em falta com o acordo – ou melhor, presentes em Brasília – vão cumprir a sua cota de ausências. Pela primeira vez desde julho, a CPI das Escutas Telefônicas não promoverá depoimentos. Os trabalhos só recomeçam no dia 8 de outubro.

Quis o acaso que as eleições municipais deste ano caíssem no dia 5 de outubro. A data é a mesma do aniversário de 20 anos da Constituição. Por obra do destino, será quando dois nomes com o mesmo sobrenome poderão se cruzar em definitivo na história política do Paraná.

Se confirmar os prognósticos, Beto Richa deve tornar-se o político mais votado em uma eleição curitibana. Duas décadas antes, o pai dele, José Richa, foi a estrela paranaense na promulgação da Carta Magna em Brasília.

A trajetória do prefeito está fresca na memória de todos os leitores-eleitores. A do pai, distante, precisa de esforço para ser resgatada. Aos fatos...

Zé Richa foi um dos criadores do Movimento Democrático Brasileiro, o tal MDB velho-de-guerra ao qual Roberto Requião tanto se refere, mas não ajudou a fundar. Elegeu-se deputado federal na década de 60 e assumiu a prefeitura de Londrina entre 1973 e 1977.

Cinco anos mais tarde, foi o primeiro governador eleito no Paraná após a ditadura militar. Licenciou-se do cargo em 1986 para disputar uma cadeira no Senado e ainda conseguiu fazer Alvaro Dias seu sucessor.

Eleito senador constituinte, começou a desenhar o período mais memorável de sua trajetória. Ao todo, o Paraná teve 31 deputados e senadores que participaram da elaboração da Constituição. Nas contas de especialistas, só seis deles ocuparam postos de destaque.

Zé Richa foi relator da fundamental Comissão de Organização do Estado e membro da Comissão de Sistematização, preponderante no resultado final do documento. Nos bastidores, era escudeiro e confidente de Mário Covas, um dos relatores do texto geral da Constituição, e tinha canal aberto com o presidente da Assembléia Nacional Constituinte, Ulysses Guimarães.

Ao lado do então deputado federal Euclides Scalco, que hoje coordena a campanha à reeleição do filho, participou da fundação do PSDB, na época uma dissidência à esquerda do PMDB. Apresentou 294 emendas ao texto constitucional e teve 107 delas aprovadas. Entre os paranaenses, só encaixou menos propostas do que Paulo Pimentel (PFL), 121, e Nelton Friedrich (PMDB), 131.

A atenção destinada a Brasília no final dos anos 80 valeu ao senador um duro golpe no Paraná. Favorito na disputa ao Palácio Iguaçu em 1990, acabou nem chegando ao segundo turno. Ficou atrás de Requião e José Carlos Martinez.

O revés aposentou Zé Richa das corridas eleitorais. Cumpriu o mandato no Senado até 1995 e depois abandonou a carreira. Morreu em 2003, um ano depois de acompanhar o filho também ser derrotado por Requião na briga pelo governo do estado.

Quase cinco anos se passaram e Beto desponta como fenômeno eleitoral. Virou ícone do PSDB que o pai fundou, é cortejado por aqueles que estiveram ao lado dele na Constituinte, como José Serra.

A comparação com Zé Richa, entretanto, é inglória. Na prática política, Beto ainda é um vulto do pai. Deixará a sombra se conseguir controlar-se diante dos encantos da popularidade. Só que a vaidade, pelo que se sabe, é uma das características mais marcantes do DNA tucano.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]