Após muito bate-boca e algumas trapalhadas, os representantes paranaenses no Congresso Nacional elegem na próxima quarta-feira o homem que vai cuidar da destinação de R$ 200 milhões para o estado no ano que vem. Função pouco conhecida, o coordenador de bancada é o sujeito que cuida do andamento das emendas em grupo dos parlamentares ao orçamento da União. Politicamente, o eleito também pode agir como interlocutor com os governos estadual e federal.
À primeira vista, pode parecer um cargo burocrático. Mas lembre-se que o Paraná possui o sexto maior número de deputados federais (30), entre as 27 unidades da federação. Apresentar um cartão de visitas que diz que você é o líder desse grupo tem sim o seu devido peso.
É de apostar alto que o leitor que chegou neste terceiro parágrafo não sabe quem é o atual coordenador paranaense. O nome dele é Chico da Princesa (PR), deputado que está no cargo desde 2005. Carrega no nome de guerra a empresa de ônibus Princesa dos Campos, na qual trabalhou por duas décadas.
A coordenação caiu no seu colo depois que o ex-deputado José Borba renunciou, temendo a cassação pelo suposto envolvimento com o mensalão. Pela conjuntura, Chico pode ficar no cargo daqui até a eternidade. Ao contrário do que ocorre na maioria dos estados, no Paraná não há regras para a escolha do coordenador. Em Santa Catarina, ele é trocado de seis em seis meses e, no Rio Grande do Sul, de quatro em quatro.
Em dois dias, os paranaenses (contando os três senadores) devem escolher entre Alex Canziani (PTB), Dilceu Sperafico (PP) e Rodrigo Rocha Loures (PMDB) como novo líder. A curiosidade é que ninguém sabe exatamente como isso vai ocorrer votação secreta, aberta, aclamação ou no palitinho. Na verdade, não se sabe nem se a eleição vai acontecer, já que no mesmo dia o prefeito Beto Richa visita a bancada e o tempo do encontro será escasso.
Vale lembrar que, por mais inútil que possa ser o cargo, todos os parlamentares que estão em Brasília só estão porque foram escolhidos em sufrágio universal. É direito de quem os elegeu saber como eles escolhem seu coordenador. E, afinal de contas, foram os mesmos eleitores que colocaram R$ 200 milhões para emendas nas mãos dos nobres parlamentares.
Mais do que representar congressistas, o coordenador deveria também ser um representante do eleitor. Será que ele é?
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Nos corredores
Muy amigo Osmar Dias (PDT) recebeu efusivos cumprimentos do colega Valdir Raupp (PMDB-RO) no plenário do Senado, na última quarta-feira. "Esse vai ser o meu governador. Mas depois de eleito vai mudar para o PMDB", disse Raupp a Osmar. O pedetista ficou calado. Só para lembrar, o representante de Rondônia é o líder dos peemedebistas na Casa. Nem por lapso esqueceria que o atual governador do Paraná é seu companheiro de partido. Mas, em tempos de guerra pela aprovação da CPMF, vale tudo.
Diplomacia O primeiro governista a indicar a possibilidade de redução de alíquota da CPMF, na semana passada, foi o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo. O curioso é que ele anunciou a hipótese primeiro aos jornalistas e, depois, em audiência no Senado, foi relutante. Ex-deputado, Bernardo vai continuar sendo um dos principais responsáveis pela negociação com os senadores. É um dos poucos petistas vistos pela oposição com o perfil conciliador, assim como o presidente interino do Senado, Tião Viana.
Lição fora de casa O reitor da UFPR, Carlos Augusto Moreira Júnior, encontrou-se na semana passada com a bancada federal do Paraná para discutir propostas de emendas ao orçamento. Mais provável nome do PMDB para concorrer à prefeitura de Curitiba no ano que vem, exercitou o diálogo político. Saiu de Brasília com um almoço marcado com o colega de partido e deputado Rodrigo Rocha Loures, que também é pré-candidato na capital. Não está descartada a hipótese de uma dobradinha com os dois.
Teatro em Londrina O prefeito de Londrina, Nedson Micheleti (PT), esteve em Brasília na quarta-feira passada para brigar pela emenda de R$ 10 milhões ao orçamento para a construção do Teatro Municipal de Londrina. Diz-se satisfeito pela recepção que recebeu dos colegas. Entretanto, foi "convidado a se retirar" do encontro da bancada que discutiu o Plano Plurianual. Assim como jornalistas e demais representantes de prefeituras. Na mesma reunião, houve confusão para a escolha do novo coordenador da bancada.
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"Foi a coisa mais triste que vi desde que cheguei."
Marcelo Almeida (PMDB), deputado federal há seis meses, sobre a reunião da bancada paranaense na última quarta-feira.
agoncalves@gazetadopovo.com.br
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