Nos corredores
Semana do vice
De acordo com o deputado federal Angelo Vanhoni, o PT deve escolher nesta semana o candidato a vice de Gustavo Fruet (PDT). Depois disso, o próximo passo "institucional" seria o agendamento da conversa entre Fruet e Lula. Vanhoni não deu pistas sobre quem será o escolhido e listou oito nomes para a vaga, incluindo os deputados Tadeu Veneri e Dr. Rosinha, que foram contra a aliança com o pedetista e se lançaram como opções para uma candidatura própria.
Fora das majoritárias
Considerado como o nome mais forte para a vice, Vanhoni diz que não quer mais disputar eleições majoritárias, ou seja, que está fora do páreo. O deputado já concorreu a prefeito três vezes seguidas (1996, 2000 e 2004). Nas duas últimas tentativas, chegou ao segundo turno, mas acabou sendo derrotado respectivamente por Cassio Taniguchi (DEM) e Beto Richa (PSDB). Nessa última disputa, Fruet fez campanha por Richa contra Vanhoni.
Solidez nas classes A e B
Na avaliação de Vanhoni, o principal capital eleitoral de Fruet até agora está na hegemonia entre as classes A e B. "É um eleitorado que dificilmente muda de lado ao longo da campanha", diz. A análise é que isso restringiria a capacidade de transferência de votos de Richa para Luciano Ducci (PSB).
Engana-se quem pensa que as articulações do PT para apoiar a candidatura do ex-tucano Gustavo Fruet à prefeitura de Curitiba foram feitas à revelia de Lula. O ex-presidente sempre soube de tudo. E sempre deu o aval para as negociações (o quanto isso tem de incoerência é outra história).
Quem descreve o episódio é o precursor dos contatos com Fruet, o deputado federal Angelo Vanhoni (PT). Segundo ele, desde que deixou o PSDB, no ano passado, o pré-candidato passou a conversar com dois emissários do partido ele e o diretor-geral de Itaipu, Jorge Samek. Vale lembrar que Samek é um dos poucos amigos realmente íntimos de Lula.
O diálogo com a dupla foi fundamental para que Fruet decidisse migrar para o PDT, partido da base aliada da presidente Dilma Rousseff em Brasília. Ao mesmo tempo, claro, houve o acerto de ponteiros com o casal de ministros Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo. Mas a mudança só ocorreu quando houve a certeza do apoio do campo majoritário petista, a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), em 2012.
O fato é que, desde que deixou a Presidência, Lula tem sofrido com o calvário do tratamento de um câncer na laringe, sem nunca deixar a política de lado. Reúne-se constantemente com Dilma, opina sobre a troca de ministros e, em especial, prepara o xadrez eleitoral petista para os próximos anos. O ex-presidente é, mais do que nunca, uma "metamorfose ambulante", como se autodefiniu em 2007.
Lula incutiu nos companheiros do CNB uma visão de longo prazo, pragmática, em que a maioria dos movimentos deste ano visa a proteger a joia da coroa, ou seja, o Palácio do Planalto, em 2014. No Paraná, por exemplo, a única maneira de quebrar a hegemonia tucana é minar a força do governador Beto Richa (PSDB) em Curitiba, batendo o seu candidato Luciano Ducci (PSB) em 2012. Sem isso, será muito difícil arriscar um voo de Gleisi daqui a dois anos.
Vanhoni confirma a informação de Paulo Bernardo de que Lula quer ter uma conversa com Fruet. O encontro, segundo o deputado, deve acontecer até junho e não será um evento de reconciliação pela participação do paranaense nas investigações do mensalão. O objetivo do será definir estratégias para o futuro (e não falar do passado).
A propósito, Vanhoni diz ter certeza de que Lula não vai se negar a participar da campanha de Fruet. A questão é avaliar até que ponto isso será necessário. Na visão dele, o que vai contar para valer a favor do pedetista é o que ele vai propor para a cidade, não a composição das alianças nacionais.
Obviamente, no entanto, Lula e Fruet serão cobrados pelos adversários sobre a participação do paranaense na apuração do mensalão como subrelator da CPMI dos Correios, entre 2005 e 2006. Na época, por exemplo, o então deputado tucano participou de uma célebre entrevista no Programa do Jô, no qual foi questionado sobre a hipótese de Lula não saber sobre o mensalão. De maneira polida, mas direta, respondeu que "não" e depois desdobrou a argumentação dizendo que o episódio afetava a "autoridade do presidente".
As imagens serão repetidas exaustivamente durante a campanha, particularmente na guerrilha eleitoral via internet. Resta saber que tipo de estrago elas ainda podem causar tanto tempo depois. E se, no saldo, a perda será menor do que contar com o apoio formal de Lula.
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