Nos corredores
Frente não, movimento sim
Os parlamentares que organizam o grupo anticorrupção no Congresso Nacional decidiram adotar a expressão "movimento", ao invés de "frente". Segundo o deputado federal Gustavo Fruet (PSDB), a intenção é não institucionalizar ou personalizar o trabalho. "Estamos brigando por ideias", explica.
A primeira ação concreta do "movimento" ocorre amanhã, às 15h30, em uma reunião com o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), na qual será cobrada a votação da proposta que acaba com o voto secreto em sessões parlamentares.
PMDB na telinha da TV Educativa
Os sete deputados federais do PMDB estadual foram convidados para gravar depoimentos para a TV Paraná Educativa na próxima quarta-feira. Será um dos primeiros passos da nova sucursal do canal em Brasília, que funciona junto com a Secretaria de Representação do Paraná.
A ideia é que as gravações sejam inseridas na programação em um espaço que será batizado como "O Paraná no Congresso". Não há notícia de quando o restante da bancada, que não pertence ao partido do governador Roberto Requião, terá a mesma oportunidade.
Em tempos de campanha eleitoral ultra-antecipada, eis que Ciro Gomes (PSB-CE) saiu das catacumbas na semana passada. Ao velho estilo cangaceiro, atirou tanto contra Dilma Rousseff (PT) quanto José Serra (PSDB). Disse que a partir de agora vai parar de pensar alto em respeito a Lula.
Ciro andava muito sumido, até demais. Nos últimos anos, ficou mais famoso por ser marido da Patrícia Pillar do que pela atuação parlamentar alguém aí pode citar um feito dele como deputado federal? Recentemente, passou um mês e meio cuidando de um problema de saúde e ainda teve de dar assistência à sogra, que morreu de câncer em fevereiro.
O retorno à cena pública ocorreu com um discurso acalorado na Câmara, na última quarta-feira. O cearense esbanjou bons modos ao dizer que o ensino público nas universidades brasileiras é "uma merda". Estendeu as críticas à saúde, citada como "um desastre", para atingir o ex-ministro Serra.
Sobre Dilma, falou que a base aliada não pode simplesmente acatar uma candidatura que nasce de cima para baixo. E soltou a frase mais genial para descrever a situação da queridinha de Lula: "Time que não joga não tem torcida".
Com duas eleições presidenciais nas costas (terceiro lugar em 1998 e quarto em 2002), Ciro sabe do que está falando. Tanto que aparece em segundo lugar na maioria das pesquisas de sucessão presidencial muito atrás de Serra, mas muito à frente de Dilma. Pode não ter os torcedores mais fiéis, mas indiscutivelmente eles são numerosos.
Seria ingenuidade dizer que Ciro é hoje carta fora do baralho. Apesar do sumiço nos últimos tempos e de integrar um partido próximo ao nanismo, os eleitores ainda sabem quem ele é, fator fundamental em uma disputa presidencial. Além disso, não perdeu o velho jeitão impetuoso de fazer política.
Vale lembrar que em 2002 o cearense tinha tudo para ganhar. No papel, simbolizava uma solução mais light de mudança do que Lula. Era ícone da esquerda esclarecida do PPS, do voto limpo que poderia conduzir o país a um crescimento econômico sustentável após os penosos últimos anos da gestão FHC.
Ciro só não contava que o que então era qualidade a impetuosidade virasse o fio da navalha. Ao mesmo tempo em que avançava nas pesquisas, aumentava o tom das grosserias, até o ponto em que disse que o único papel de Patrícia Pillar na sua campanha era dormir com ele. Depois de receber uma série de bordoadas no horário eleitoral promovidas pelo PSDB, nunca mais tirou da testa a pecha de machista-brucutu.
Só que nas tantas voltas que a política dá, esse traço de personalidade pode até deixar de ser problema. Afinal, Serra e Dilma não são exatamente sinônimo de finesse. Ciro captou a mensagem e partiu para cima de ambos do jeito que mais sabe.
Mais sensato, porém, é aquietar os ânimos. Do ponto de vista do eleitor, Ciro seria um candidato interessante para deixar a campanha menos polarizada, mais plural. Se optar pela pancadaria, contudo, vai rebaixar a campanha ao mesmo nível que ele próprio coloca a educação nas universidades públicas brasileiras.
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