Nos corredores
Há 150 anos
O primeiro ministro paranaense da história tomou posse em agosto de 1864. Jesuíno Marcondes de Oliveira e Sá foi nomeado por Dom Pedro II para o Ministério dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas. A permanência no cargo, porém, durou apenas nove meses.
Sempre presente
Desde a redemocratização, em 1985, o Paraná teve representantes nos ministérios de todos os presidentes. O mais "poderoso" foi Alceni Guerra, que acumulou os ministérios da Saúde e da Criança na gestão Collor, entre 1990 e 1992. Caiu por um escândalo de compra de bicicletas, do qual comprovou inocência posteriormente.
O mais longevo
Paulo Bernardo é, de longe, o ministro paranaense que permaneceu mais tempo no primeiro escalão. Ocupou a pasta do Planejamento de 2005 a 2010 e as Comunicações, de 2011 até agora. Em segundo lugar aparece Ney Braga, ministro da Educação da gestão Ernesto Geisel entre 1974 e 1978.
Desde a emancipação, em 1853, o Paraná nunca teve tanta representação no coração da política nacional quanto nos três primeiros anos da gestão Dilma Rousseff. O trio de ministros formado por Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Paulo Bernardo (Comunicações) e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) abriu a perspectiva de que o estado, dono da quinta economia do país e sexto em população, ocupasse um espaço do seu tamanho no poder central. O resultado das eleições mostrou que não foi essa a percepção dos paranaenses.
Aécio Neves venceu Dilma com facilidade no Paraná. Gleisi fez minguados 14,87% dos votos na disputa pelo Palácio Iguaçu. Ambas as petistas foram dizimadas, em grande parte, pelo discurso do governador Beto Richa de que o Paraná foi alvo de boicote do governo federal na liberação de recursos.
Passada a votação, Gleisi logo anunciou que não voltaria à Esplanada. Personagem histórico da política paranaense, mas afastado do estado para trabalhar como escudeiro de Lula desde meados dos anos 1990, Gilberto Carvalho diz que até gostaria de colaborar, mas fora do primeiro escalão. Paulo Bernardo, ministro desde 2005, também parece estar de saída.
Se tudo isso se confirmar, é impossível imaginar que vai haver um espaço semelhante para outros paranaenses. Nos bastidores de Brasília, Osmar Dias (PDT) é cotado para o Ministério da Agricultura, mas tem uma concorrente de peso, a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO). Sobrinho do senador Roberto Requião, o deputado federal João Arruda (PMDB) corre por fora pelo Ministério do Turismo. E só.
A pergunta que fica é: faz diferença ter ministro paranaense? Muita. Deixe o fígado e o marketing político de lado da análise que você vai entender.
Em primeiro lugar, é bom frisar que os ministros não representam estados. É imoral, por exemplo, que um ministro dos Transportes gaúcho tire uma estrada prevista no orçamento para Santa Catarina e leve para o Rio Grande do Sul. Sem dizer a marcação cerrada que nomes de fora do "paulistério" (sim, desde FHC, São Paulo domina os principais cargos) sofrem para não cair no bairrismo.
Mas então no que dá para ajudar? Ministros são como embaixadores de seus estados. Ter um parceiro em Brasília ajuda a conseguir informações detalhadas sobre os programas federais e atalhos para formar parcerias e atrair recursos.
Mais do que para as gestões estaduais, é uma ajuda fundamental para os municípios. Trata-se de um jogo refinado, baseado no fluxo de informação. Quem não tem uma chave para se comunicar melhor ou faz questão de não utilizá-la acaba perdido no labirinto da burocracia federal.
É uma pena que Richa e o "ex-trio" paranaense não tenham conseguido aproveitar a janela de oportunidade. Entre 2003 e 2010, por exemplo, Aécio e Lula, mesmo em campos partidários opostos, fizeram questão de dialogar, o que fez muito bem para Minas Gerais. Só para lembrar, a ministra da Casa Civil à época era a mineira Dilma Rousseff.
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