As eleições deste ano serão marcadas por duas novidades contraditórias. Será a primeira disputa após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que estabelece a fidelidade partidária, ou seja, que os mandatos pertencem aos partidos e não aos políticos. Ao mesmo tempo, não valerá mais a regra da verticalização, que determinava que as coligações estaduais deveriam respeitar as alianças nacionais.

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Está formado o ambiente para o samba do crioulo doido. Afinal de contas, qual é o conceito de fidelidade que vale na política brasileira? É fiel o partido que, por exemplo, apoia Dilma Rousseff (PT) para presidente e em vários estados acompanha a chapa de candidatos a governador do PSDB?

Numa época em que as legendas se esforçam para jogar para a torcida com o apoio ao desfigurado projeto Ficha Limpa, essa dicotomia não pode passar batida para o eleitor. Não serão poucos os casamentos esdrúxulos a se formar nos próximos dias, tanto nacionalmente quanto no Paraná.

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Todos eles vão radicalmente contra ao princípio do fortalecimento dos partidos, uma das chaves para fortalecer a democracia brasileira. O que está em jogo são os interesses pessoais. Cada um corre para um lado, salve-se quem puder.

O PTB, que integra a base de apoio ao governo na Câmara dos Deputados, anunciou na semana passada que apoiará José Serra (PSDB). Na mesma linha, o PP está bem próximo de fechar com os tucanos. Difícil é entender por que o PSDB aceita de braços abertos os partidos explicitamente vira-casacas de Roberto Jéfferson e Paulo Maluf em troca de uns segundinhos no horário eleitoral gratuito.

No Paraná, o PP já oficializou o acordo com o PSDB. Em troca, ganhou o direito de indicar o deputado federal Ricardo Barros (vice-líder do governo Lula por sete anos) para o Senado e uma coligação nas proporcionais. Uma jogada de mestre dos progressistas, que fortalece o partido e abre caminho para aumentar as bancadas na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional.

Do outro lado, o que ganha o PSDB, ou melhor, a legenda como um todo ou o "ideal" social-democrata? Quem leva indiscutível vantagem individual é o candidato a governador Beto Richa. Já os que concorrerão a deputado terão de fa­­­zer mais votos, sem dizer que a parceria fulmina a eleição de novas lideranças e ainda enterra as chances de o partido manter a cadeira que hoje é de Flávio Arns no Sena­do.

Outra incongruência muito próxima de se concretizar é a adesão do senador Osmar Dias à chapa de Richa. Osmar é líder do PDT, partido original da pré-candidata Dil­­­ma Rousseff (PT) e cujo presidente licenciado, Carlos Lupi, é ministro do Trabalho. Além disso, tem votado lealmente com a base governista nos últimos quatro anos.

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Lupi e a cúpula pedetista, no entanto, já se comprometeram a não incomodar Osmar se ele decidir ficar em uma coligação pró-Serra. Assim como o PSB, que nacionalmente rifou Ciro Gomes para também apoiar Dilma, não vai molestar o prefeito Luciano Ducci por fazer campanha a favor do PSDB. Para fechar a lista, há uma forte corrente no PMDB, que indicará Michel Temer como vice de Dilma, também disposta a apoiar o PSDB no Paraná.

Entre tantas movimentações e tantas regras ambíguas, o que fica mais evidente às vésperas das definições de candidaturas é o individualismo, para não falar em caciquismo puro. Uma prática que corrói a política partidária e que deixa o cidadão comum cada vez mais avesso à política. Uma mostra de que não há lei que estabeleça fidelidade.

A não ser a própria consciência, mas aí já é querer demais.

Nos corredores

Viagem de Pessuti

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A viagem do governador Orlando Pessuti (PMDB) a Brasília não será restrita à audiência com o presidente Lula, marcada para quarta-feira. O peemedebista também deve se encontrar com o presidente licenciado do partido, Michel Temer. Em ambos os casos, deve estar preparado para ouvir consultas (ou pedidos) sobre uma possível desistência da candidatura ao Palácio Iguaçu.

Tudo menos o PP

Os deputados federais Luiz Carlos Hauly e Gustavo Fruet e o senador Flávio Arns entregam amanhã ao presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, um documento com razões para não se coligar com o PP no estado. Pesado, o material terá duas utilidades. Se não convencer Guerra sozinho, será transformado em um pedido formal à toda executiva nacional do partido para reverter a aliança.

Territórios de paz

O Paraná deve receber no segundo semestre o projeto Territórios de Paz, que integra mais de 20 ações de enfrentamento à criminalidade e ações sociais do Programa Nacional de Segurança Pública. A iniciativa do Ministério da Justiça é destinada a favelas e comunidades pobres com problemas de segurança e já está presente em dez estados, desde 2008.

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