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O sistema eleitoral brasileiro é um Frankenstein. No meio dos mandatos estaduais e federais, há uma oportuna paradinha para as disputas municipais. É a hora da barganha, quando governadores, deputados e senadores exercem influência a pleno vapor e mantêm no cabresto seus currais eleitorais.

Entre outros efeitos colaterais, o método paralisa o Congresso Nacional, que na teoria deveria voltar à labuta hoje. Em Brasília, o comentário é que 2008 já era – o ano teria acabado no dia 17 de julho, quando começou o recesso parlamentar. Disputam cargos de prefeito ou vice 87 deputados federais e senadores.

Os três parlamentares-candidatos do Paraná brigam entre si em Londrina e começaram a campanha em "alto estilo". Entre otras cositas, Barbosa Neto (PDT) é acusado de apropriar-se do salário de um funcionário do gabinete e, por sua vez, acusa Luiz Carlos Hauly de ter oferecido dinheiro para o pivô da denúncia. Para colocar a cereja no bolo, André Vargas (PT) conseguiu a façanha de ser o campeão de faltas sem justificativa durante o primeiro semestre na Câmara.

Além do trio, há uma porção generosa de congressistas paranaenses que depende vitalmente das eleições deste ano. Será a hora da verdade para os irmãos Dias, pré-candidatos ao governo do estado em 2010. Ambos estão nas mãos do desempenho de Beto Richa (PSDB) em Curitiba.

Se o atual prefeito conseguir a reeleição com a vantagem prevista nas pesquisas, será impossível evitar sua candidatura ao Palácio Iguaçu. Os senadores Alvaro (PSDB) e Osmar (PDT) sabem disso. Embora tenham declarado apoio franco a Richa, nenhum deles têm aparecido para valer na campanha da capital.

No debate de quinta-feira, por exemplo, Alvaro preferiu fazer parte do staff de Geraldo Alckmin em São Paulo. Osmar acreditava ter amarrado Beto para 2010 com o auxílio na formação da coligação atual, mas já percebeu que não há acordo que segure uma vitória expressiva. No outro front, estava certo da eleição de Barbosa Neto em Londrina, mas as denúncias contra o colega de partido podem afastá-lo da campanha em um reduto importantíssimo.

Serão eleições reveladoras. Muita gente tentará manter seu nicho, em um cenário que prevê o fortalecimento de grupos novos, tanto no PSDB quanto no PT. Haverá sim mortos e feridos – e poucos sobreviventes para 2010. O Frankenstein, antes tão útil, está atiçado. Salve-se quem puder.

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Nos corredores

Rádio da discórdia

O Correio Braziliense retomou a carga ontem contra o deputado e candidato à prefeitura de Londrina, Barbosa Neto (PDT). De acordo com o jornal, o corregedor da Câmara, Inocêncio Oliveira (PR-PE), deve dar uma prensa no pedetista nesta semana. O pernambucano quer saber como Barbosa Neto comprou a Rádio Brasil Sul por R$ 1,4 milhão se sua prestação de contas aponta um patrimônio de R$ 544 mil. Além disso, Oliveira apura outras duas denúncias contra o londrinense. Ele é acusado de se apropriar do salário de um funcionário de gabinete e de uso irregular de verba indenizatória da Câmara.

De visita

O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, desembarca nesta semana em Curitiba para acompanhar o trabalho da equipe de Beto Richa. Será uma sessão de descarrego para o senador pernambucano, já que os tucanos enfrentam dificuldades nas disputas de quase todas as capitais brasileiras. Além de Curitiba, o partido só administra Cuiabá (MT) e Teresina (PI). E apenas nessas cidades, mais São Paulo (de leve), é considerado favorito.

Depoimento decisivo

O deputado federal Gustavo Fruet (PSDB), único paranaense na CPI das Escutas Telefônicas, acredita que o futuro das investigações será definido nesta semana. Na quarta-feira, a comissão recebe o delegado responsável pela Operação Satiagraha, Protógenes Queiroz. A tendência é de um depoimento "morno". A maioria dos integrantes é governista e não está disposta a polemizar sobre o assunto. Caberá a Fruet tentar colocar lenha na fogueira.

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"Os crimes cometidos pelos torturadores do regime militar continuam sendo um tema atual. É daí que vem o sentimento de impunidade tão presente na nossa sociedade."

Narciso Pires, presidente do grupo Tortura Nunca Mais do Paraná, durante evento promovido pelo Ministério da Justiça, semana passada.

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