Nos corredores
Saudações tricolores
O senador Flávio Arns (PSDB) fez um longo discurso no plenário do Senado na semana passada em homenagem ao centenário do Coritiba, comemorado hoje. Arns citou a história do clube e a importância social do futebol no Brasil. Lembrou da paixão do filho Osvaldo pelo Coxa, mas não remediou deixou claro a todos que é mesmo torcedor do Paraná Clube. Em aparte, o paulista Eduardo Suplicy (PSDB), que é santista, também deu parabéns ao Coxa.
Na cola de Haddad
No mesmo discurso, Arns lembrou da audiência que será promovida na próxima quarta-feira com o ministro da Educação, Fernando Haddad, sobre o adiamento do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O paranaense é presidente da Comissão de Educação do Senado e tem acompanhado de perto os desdobramentos do vazamento de provas, revelado há dez dias pela imprensa. Será a primeira vez que Haddad irá ao Congresso para falar sobre o assunto.
Entre amigos
O deputado federal Abelardo Lupion (DEM) tem visitado pessoalmente o senador Osmar Dias (PDT) no cafezinho do Senado pelo menos uma vez por semana. A persistência, segundo ele, seria, na verdade, sinal de paciência. Pré-candidato ao Senado, Lupion é o principal defensor da tese de que que os democratas devem se aliar a Osmar em 2010. Sobre as motivações, ele é claro: "Prefiro até perder com os amigos do que ganhar a eleição com quem não é confiável".
Um estranho fenômeno marcará a eleição presidencial de 2010. Será a primeira vez desde 1989 que Lula não estará no páreo. A falta do "cara" é uma das explicações para tanta afobação nos arranjos políticos nacionais e estaduais para o ano que vem.
Na semana passada, a cúpula do PMDB em Brasília tomou uma decisão que pode ter tudo, menos o DNA do partido. Liderados pelo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, os caciques decidiram priorizar a aliança nacional com o PT e relegar as disputas estaduais a um segundo plano. O entendimento deve ser sacramentado até a semana que vem com Lula.
Ruim de voto até em São Paulo, Temer fia-se na influência do grupo dos senadores Renan Calheiros e José Sarney para levar a medida adiante e emplacar como vice na chapa de Dilma Rousseff (PT). Vale o desejo individual e o olho grande de uma ala enorme da legenda em Brasília, que quer ampliar ainda mais a força do partido no primeiro escalão do governo a partir de 2010.
O problema é que o PMDB, maior partido do Brasil, não é exatamente um partido. Trata-se de uma federação de legendas e interesses, que variam da água para o vinho de região para região. Pode até parecer ambíguo, mas está aí o segredo da grandeza peemedebista a bagunça ideológica (e, não raro, fisiológica) é tão grande, que uma corrente é obrigada a tolerar a outra.
No Paraná, o governador Roberto Requião já declarou que está com Dilma e não abre. O que não significa que o PMDB local e o próprio Requião avalizam decisões tomadas de cima para baixo. Quem conhece o histórico de ambos garante: acordos firmados "na marra" não darão certo no estado.
Para piorar, devem provocar um efeito reverso de fragmentação. Por enquanto, há três alas distintas entre os peemedebistas paranaenses os que apoiam a candidatura do vice-governador Orlando Pessuti; os que preferem o prefeito Beto Richa (PSDB); e os que querem fechar com Osmar Dias (PDT). Ao que tudo indica, nenhuma das opções conseguirá 100% de adesão, com ou sem jeitinho.
Em São Paulo, o ex-governador Orestes Quércia já peitou a decisão de Temer e disse que o rival não terá condições de entregar ao PT em 2010 aquilo que vendeu em 2009. Os motins seguem por Santa Catarina, onde Luiz Henrique da Silveira já anunciou ser pró-Serra. Em Pernambuco e no Rio Grande do Sul, os senadores Jarbas Vasconcelos e Pedro Simon também garantiram que não vão arrefecer nas críticas aos petistas.
Tanta confusão tem um culpado: Lula. Melhor dizendo, a ausência dele em 2010. Apesar de ter uma aprovação popular estratosférica, o presidente não conseguiu criar uma linhagem de sucessores eleitoralmente confiáveis.
Como o PMDB é a velha federação de sempre, seguiu pelo mesmo caminho, sem um presidenciável competitivo. Com tantos receios, a estratégia dos dois partidos lembra aquelas histórias de pais adolescentes que resolvem se casar, mesmo sem amor e condições financeiras de criar o filho. No fundo, o que eles esperam é que Lula seja o provedor dessa família.
A questão é que nem o presidente sabe ao certo como serão as coisas sem ele próprio no páreo. Fazer alianças nos gabinetes de Brasília é moleza, o duro é forjar um bom candidato. No ar há 20 anos, Lula sabe disso mais do que ninguém.
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