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Era manhã da última quarta-feira – dia da semana tradicionalmente tenso na capital federal – quando começaram os risos em um dos plenários da Câmara dos Deputados. A graça vinha de uma tirada do ex-governador Jaime Lerner (DEM), que comparava cidades a mulheres.

Segundo ele, Paris seria uma mulher vestida para o casamento. Roma, uma senhora bonita que não se esforça para esconder os traços da idade. Nova Iorque, uma jovem descolada, com tatuagem à mostra. Londres, uma mulher com o rei na barriga...

No Brasil, o Rio de Janeiro seria uma moça ousada, com barriga de fora. Já São Paulo, aquela que exagerou no botox. E Brasília, a anfitriã da palestra, uma mulher bem escandalosa.

Como um artista, Lerner conseguiu prender por 90 minutos a atenção de uma das plateias mais dispersas da humanidade – os políticos. Dis­­cursou sobre mobilidade urbana e pregou hábitos que estão fora do dicionário do Congresso Nacional, como fazer mais obras com menos recursos.

Lerner ainda fala aos políticos, mas não sobre política. Especialmente quando diz respeito ao Paraná.

Perguntado sobre a definição das candidaturas de Beto Richa (PDT) e Osmar Dias (PDT) para o governo do estado em 2010, simplesmente desconversou. "Eu nem me lembro como era o Palácio Iguaçu por dentro. A única coisa que eu tenho saudade é do helicóptero."

Lerner está afastado da política desde 2003. Nos últimos seis anos, porém, foi vítima de uma campanha de desconstrução por parte do substituto, Roberto Requião, que ainda pragueja o nome do desafeto a cada reunião da Escola de Governo.

Lerner e Requião são, na verdade, antíteses que se completam. À medida que Lerner foi deixando o cenário político, Requião foi perdendo brilho. Lerner, apesar da perda recente da esposa, enaltece que é feliz porque faz o que gosta. Viaja pelo mundo, faz os projetos que lhe convém e continua entusiasmado ao debater ar­­quitetura e soluções para cidades.

No geral, parece muito com o ex-presidente Fernando Hen­­rique Cardoso, que ainda dá os seus pitacos no PSDB, mas faz questão de manter uma distância saudável dos tempos de Planalto. Não que ambos te­­nham sido administradores geniais ou melhores que os sucessores, mas eles comprovaram que abandonar o barco na hora certa é um dos grandes desafios pessoais dos políticos brasileiros.

Os dois são exceções no país de Fernando Collor e José Sar­­ney. Saíram de cena com dignidade, sem a preocupação de preparar terreno para parentes ou brigar por velhos espaços de poder. Fugiram da saída fácil que seria albergar-se no Se­­nado, cemitério de elefantes da República. Talvez por essa opção ainda permaneçam ativos e sendo capazes de prender a atenção das pessoas.

Vaidade

Em resumo, os dois casos reforçam um ditado compartilhado entre as antigas raposas de Brasília: entrar para a política é um ato de vaidade e, com o passar do tempo, a melhor maneira de tolher a própria liberdade. Por isso Lerner não tem saudades das quatro paredes do seu gabinete no Palácio Iguaçu. Ele tem razão: é bem mais fácil gostar do helicóptero.

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Aluguel do cafezinho

O senador Osmar Dias (PDT) virou motivo de brincadeira do colega Garibaldi Alves (PMDB-RN). O potiguar tem dito que vai levar ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), a conta do aluguel das mesas do cafezinho do Casa, anexo ao plenário. Grande parte das articulações políticas de Osmar para a campanha do ano que vem é feita lá, entre o tumulto de jornalistas, senadores e convidados. Sobre os encontros, o paranaense se defende: "é melhor fazer tudo às claras, para todo mundo ver, do que trancado no gabinete".

Prazo para mudança

O senador Flávio Arns vai usar todo o mês de setembro para pensar em qual partido irá se filiar. Ele deixou o PT há dez dias, mas precisa decidir sobre a futura legenda até o dia 30, caso queira disputar as eleições de 2010 (seja para qual cargo for). Além disso, a decisão sobre uma possível ação judicial da direção nacional do PT contra ele pode ser tomada nesta semana. Até agora, a executiva estadual do partido tem se posicionado contra o processo.

Sem dinheiro

Os deputados federais Alex Canziani (PTB) e Eduardo Sciarra (DEM) visitaram a direção da Infraero na semana passada e receberam um retrato sombrio sobre as obras previstas para os próximos anos nos três principais aeroportos do Paraná (São José dos Pinhais, Londrina e Foz do Iguaçu). Por enquanto, o orçamento prevê apenas R$ 30 milhões para obras no pátio do Afonso Pena. Para os outros, nada.

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