Nos corredores

Pelo voto religioso

O paranaense Gilberto Carvalho está entre os escolhidos para formar o G-7 que debaterá as principais decisões da campanha de Dilma Rousseff. O chefe de gabinete do presidente Lula já tem uma missão pré-determinada – articular o diálogo com organizações religiosas católicas e evangélicas. Além de ex-presidente do PT no Paraná, Carvalho também é ex-seminarista.

Sai Eros Grau, entra...

Os primeiros dias de agosto em Brasília vão girar em torno das especulações sobre o substituto do ministro Eros Grau no Supremo Tribunal Federal (STF). O favorito para o cargo continua sendo o atual presidente do Superior Tribunal de Justiça, Cesar Asfor Rocha. Já o professor da UFPR, Luiz Edson Fachin, tem chances, mas corre por fora.

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Nunca antes na história deste país um cabo eleitoral foi tão requisitado. Lula é o "cara" que quase todo candidato quer ao lado, seja para qual for o cargo. No Paraná não é diferente.

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O presidente foi recebido sábado na Boca Maldita como um Midas. Pela cidade, caminhões de som anunciavam a presença do petista com o velho "olê-olê-olê-olá, Lulá, Lulá". Tudo para grudar a imagem dele à de outro barbudo, Osmar Dias (PDT).

A estratégia, do ponto de vista da disputa eleitoral, está correta. Afinal, quem dispensaria um trunfo desses? Osmar terá pela frente uma campanha acirrada pelo Palácio Iguaçu, na qual o favorito até o momento é o ex-prefeito Beto Richa (PSDB).

Por isso Lula tornou-se ainda mais indispensável no cenário local. Friamente, porém, não é correto garantir que os votos dos simpatizantes do presidente vão desaguar automaticamente em Osmar. Eleições podem ser consideradas uma ciência, mas ela não é exata.

A maioria dos especialistas em pesquisas de intenção de voto concorda no poder de transferência de popularidade do presidente. O problema é que ele perde eficácia quando aplicado em esferas diferentes. Ou seja, Lula tem tudo para catapultar Dilma, mas a lógica não é tão simples para o caso de governadores e prefeitos.

Nas eleições municipais de 2008, por exemplo, não houve esforço presidencial que conseguisse fazer Marta Suplicy (PT) superar Gilberto Kassab (DEM), em São Paulo. Em Curitiba, Beto fez 77,27% dos votos válidos e impôs uma acachapante derrota a Gleisi Hoffmann (PT), que somou apenas 18,27%. O motivo dos fracassos: os critérios de decisão do eleitor não são tão simplórios quanto se imagina.

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No livro A Cabeça do Eleitor, Alberto Carlos Almeida, um dos maiores especialistas sobre o tema no país, desenha uma tese matemática. A cada eleição para o Poder Executivo, o brasileiro faz um balanço da gestão anterior. Aqueles que encerram o mandato com mais de 60% de aprovação popular tornam-se quase imbatíveis, seja para a própria reeleição ou para indicar o sucessor.

Mas a regra só vale quando o apoio é de presidente para presidente, de governador para governador e de prefeito para prefeito. Em outras palavras, os cabos eleitorais mais úteis para Osmar seriam Requião e Pessuti. Desde 2003, ambos mantiveram os índices de aprovação do governo sempre acima de 60% – na semana passada, Pessuti ficou em 3º no ranking de avaliação dos governadores dos oito principais estados feito pelo Datafolha.

Os dados seriam animadores. Entretanto, é justamente aí que entra o imponderável. Ao mesmo tempo em que pode ser beneficiado pelo apoio de Requião, Osmar também herda a rejeição do ex-governador. E em quase 30 anos de trajetória política Requião nunca conseguiu eleger um sucessor.

A estratégia é arriscada, assim como apostar todas as fichas em Lula. De acordo com a última pesquisa Datafolha* sobre a sucessão paranaense, 23% dos entrevistados disseram que com certeza votariam em um candidato a governador indicado por Lula. Por outro lado, 30% não votariam no nome apoiado pelo presidente, índice que sobe para 46% na capital.

O mesmo levantamento mostrou que 78% ainda não sabiam quem era o candidato de Lula – 16% disseram que era Osmar e 4%, Beto. Essa confusão com certeza começou a ser desfeita desde a visita do presidente ao Paraná no último fim de semana.

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Indecifrável

Os impactos reais do apoio oficial, contudo, ainda são indecifráveis e só serão percebidos a partir das próximas pesquisas.

Até porque o eleitor paranaense não é dos mais fáceis de se entender. Para quem não lembra, é só levantar os números da eleição de 2006. Se dependesse apenas dos votos do Paraná, Geraldo Alckmin (PSDB) seria o atual presidente da República.

Serviço: A pesquisa Datafolha entrevistou 1.225 pessoas entre 20 e 23 de julho de 2010. A margem de erro é de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. Registro da pesquisa no TRE-PR: 20158/2010