Nos corredores

Gleisi: um ano ministra

Gleisi Hoffmann completa na próxima sexta-feira um ano como ministra da Casa Civil. Durante a gestão, tanto o ministério quanto a paranaense passaram por transformações. O ministério virou uma central de inteligência e monitoramento técnico (e não político) do governo. Já Gleisi incorporou o perfil discreto solicitado pela presidente e virou um dos nomes mais distantes dos holofotes na Esplanada.

Nova mãe do PAC?

Pouco divulgada, uma das ações de Gleisi que mais agradaram a presidente foi a reativação da Subchefia de Articulação e Monitoramento. A estrutura tem atuado em parceria com a Câmara de Política de Gestão, Desempenho e Competitividade, presidida pelo empresário Jorge Gerdau, e é cotada para gerenciar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Desde o ano passado, o PAC foi transferido para o Ministério do Planejamento.

2014 embaralhado

A estabilidade de Gleisi na Casa Civil pode ter como efeito colateral a inviabilização de sua candidatura a governadora do Paraná em 2014. Nos bastidores do PT, a aposta é que ela só vai concorrer se Gustavo Fruet (PDT) conseguir se eleger prefeito de Curitiba neste ano. A outra opção para a disputa é o marido de Gleisi, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo.

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Políticos são pessoas à frente do nosso tempo. Pelo menos no que diz respeito à disputa eleitoral. Você nem parou para pensar sobre como vai votar daqui a quatro meses para prefeito e eles já estão com a cabeça nos candidatos a governador e presidente em 2014.

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Lula deixou o Planalto em 2010 com uma promessa: desbaratar a "farsa" do mensalão. É só para limpar historicamente o seu governo? Qualquer julgamento sensato indica que é apenas para se manter como personagem central da política brasileira.

Abre-se então o leque de possibilidades eleitorais. Pelos altos índices de aprovação, a tendência seria que Dilma Rousseff fosse candidata à reeleição. Aí vem outra questão: será que é isso que ela quer?

Dos presidentes pós-redemocratização, Dilma é uma jabuticaba. Não apenas por ser mulher, mas por ser uma política fora dos padrões, por nunca ter disputado outro cargo eletivo a não ser a Presidência. Difícil de imaginar, por exemplo, que depois de entregar a faixa ela queira se encostar no Senado como fizeram José Sarney e Fernando Collor.

Lá se vão 17 meses de mandato e Dilma também tem demonstrado cada vez menos apreço às politicagens inerentes ao cargo. Ela parece ter alergia às reuniões com líderes partidários que levam o nada ao lugar nenhum – ou o seu dinheiro a algum lugar bem longe do seu bolso. Gosta mesmo é de ficar trancada no gabinete falando mal da crise econômica na Europa e fazendo contas para baixar os juros.

Por essas e outras não seria de se estranhar que ela ponha tudo na balança e não queira se candidatar em 2014. Sobra, é claro, Lula. Vale lembrar que, em março passado, ao anunciar que estava curado do câncer na laringe, o ex-presidente declarou que estava "voltando" à política (como se algum dia tivesse saído).

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O retorno foi barulhento. Lula assumiu com força total a linha de frente das alianças petistas para as eleições municipais, em especial a candidatura de Fernando Haddad em São Paulo. Em paralelo, se meteu em uma confusão tremenda na tal reunião com Gilmar Mendes.

Difícil saber o que de fato aconteceu no encontro entre os dois. A verdade é que Lula se mexe politicamente por todos os lados. E que nunca escondeu o incômodo provocado pelo mensalão.

Será que precisava se incomodar tanto? Sob o ponto de vista eleitoral, não faz muito sentido. O julgamento, que na melhor das hipóteses vai durar um mês, terá cobertura massiva da imprensa, mas não vai afetar peças-chave da campanha municipal.

Há uma sensação geral de que o PT que "sobrou" após o escândalo foi absolvido nas urnas em 2006 e 2010. Além disso, como alertou no ano passado o ministro-revisor do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, é provável que boa parte das penas dos possíveis condenados esteja prescrita ao fim do processo.

Encerrado o julgamento, é preciso entender o que vem depois. Se tudo ficar por isso mesmo, com um ou outro condenado a penas irrisórias, acabou a missão de Lula em relação ao mensalão. O que sobra é 2014.

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Só a partir dessa etapa será possível dizer ao certo se o ex-presidente deseja voltar ao Planalto. No momento, o prognóstico é de empate técnico. Ele tem 50% de chances de ser candidato. Dilma fica com a outra metade.