Nos corredores

Tucano relator

O deputado paranaense Alfredo Kaefer (PSDB) foi escolhido relator da Medida Provisória 612, que trata de novas regras para os portos secos brasileiros. A escolha é considerada uma vitória por Kaefer: não é sempre que um parlamentar de oposição ocupa a relatoria de MPs. O presidente da comissão especial que avalia a proposta é o senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).

Balanço de Serraglio

Ex-coordenador da bancada federal do Paraná, Osmar Serraglio (PMDB) divulgou para os colegas na semana passada um balanço de sua gestão no cargo, entre 2012 e 2013. Os dois primeiros pontos citados foram a união da bancada a favor da aprovação da PEC dos Tribunais, que prevê a criação de um Tribunal Regional Federal em Curitiba, e a indicação do ministro Sérgio Kukina para o Superior Tribunal de Justiça.

Homenagem à UFPR

A Câmara dos Deputados realiza amanhã, às 10 horas, sessão solene em homenagem aos 100 anos da Universidade Federal do Paraná, completados em dezembro de 2012. A homenagem será feita a pedido do deputado federal Rubens Bueno (MD) e terá transmissão ao vivo pela TV Câmara.

CARREGANDO :)

Uma ótima definição de Brasília é repetida frequentemente nos corredores do Congresso Nacional: a capital brasileira não é uma cidade, não é um estado, é uma ilha de políticos cercada de lobistas por todos os lados. Nos últimos dez dias, durante a votação da MP dos Portos, um tsunami atingiu esse lugar tão peculiar. Tudo se transformou em um mar de lobbies – ou, como diria o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ), em uma terra do Tio Patinhas.

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O pano de fundo da sessão mais longa dos últimos 22 anos da Câmara restringiu-se à discussão sobre os critérios de renovação de concessões para operação em portos públicos. Pela proposta do governo, a renovação poderia ocorrer dentro de condicionantes como a revisão das obrigações das empresas concessionárias e apenas se a prorrogação estivesse prevista nos contratos originais. Ao todo, 23 emendas similares foram apresentadas por oito diferentes deputados para retirar essas condições e facilitar as renovações.

A mudança ocorreu na 21.ª tentativa, graças a uma manobra do petista Sibá Machado (AC). O texto aprovado retirou as ressalvas, mas estabelece que a renovação "poderá ocorrer", ou seja, tornou-se facultativa. A tendência é que o trecho seja alvo de veto da presidente Dilma Rousseff.

Na sexta-feira, a Folha de S.Paulo publicou uma matéria em que o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), um dos oito que apresentaram emenda sobre o tema, disse que o texto nasceu de uma sugestão de empresas do setor portuá­rio. Alto lá antes de sair apedrejando Quintão. Além dos interesses dos atuais concessionários de portos públicos, há os dos investidores sedentos para entrar nesse mercado.

Puxando o fio da meada, o que vem à mente é a conexão entre todos esses "interessados" e o financiamento das campanhas das excelências. Aí está toda a encrenca. Durante maratona de votações da semana passada, houve ingredientes políticos (a oposição fez de tudo para impor mais uma derrota legislativa a Dilma), ideológicos (argumentos contra e a favor à privatização dos portos). Porém, o prato principal foi carregado de individualismo e fisiologismo.

Não à toa, a pressão dos lobistas foi acompanhada pelo burburinho de que o governo estava negociando a liberação de R$ 1 bilhão em emendas parlamentares. Durante as discussões, o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), fez questão de repudiar a negociação. E prometeu votar até julho uma proposta que obriga o governo a pagar as emendas.

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O irritante dessa confusão é perceber como a política brasileira é revestida de hipocrisia. As emendas individuais são uma bizarrice orçamentária que só serve para os deputados manterem seus currais eleitorais. O financiamento de campanhas é uma bagunça – permite a doação de empresas privadas, mas muitas delas preferem fomentar esquemas de caixa dois porque pega mal se vincular "às claras" aos parlamentares.

No fundo, o problema não está em defender os interesses deste ou daquele grupo, mas a forma como isso é feito. O decente seria agir com transparência, que os políticos e seus doadores não tivessem constrangimentos de expor seus vínculos. É algo utópico, mas ainda é melhor do que as atuais regras da ilha do Tio Patinhas.