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"Quero dizer para Vossa Excelência ir com calma. Pensei que Vossa Excelência ia explodir com relação ao PDT. Vamos devagar!"

Pedro Simon, senador do PMDB-RS, em aparte ao discurso de um exaltado Osmar Dias contra a postura do PDT em relação à CPMF.

A três anos das eleições de 2010, o panorama da disputa para o governo do Paraná pode até parecer monótono. Os quatro principais nomes da sucessão são amiguinhos demais, polidos demais, anti-requianistas demais. O pedetista Osmar é irmão de Alvaro Dias, que é tão tucano quanto Beto Richa e Gustavo Fruet; companheiros até debaixo d’água.

O fantástico mundo do convívio feliz, no entanto, está com os dias contados. Três fatos ocorridos na semana passada em Brasília e em Curitiba comprovam que a situação vai sofrer reviravoltas. E isso não vai demorar para acontecer.

No domingo, Osmar apareceu de gaiato na convenção estadual do PSDB. Queria aproveitar a deixa para prestigiar os colegas do antigo partido e, principalmente, conversar de perto com Beto. Como até o Galvão Bueno sabe, o prefeito trocou o evento pelo GP de Interlagos.

Desfeitas à parte, três dias depois Osmar esperava receber Beto em seu gabinete no Senado. O prefeito visitou a bancada federal do Paraná na quarta-feira de manhã para pedir a inclusão do projeto do metrô no Plano Plurianual de investimentos da União. Cumpriu a missão com uma rapidez digna de Kimi Raikkonen e, ainda cedo, estava de volta a Curitiba – sem pit stop na sala do pedetista.

No meio de tantos desencontros está o imbróglio que envolve o vice-prefeito Luciano Ducci (PSB), que apoiou Requião no ano passado e transformou-se em espinho na garganta do PDT. Ao que tudo indica, vai ser a desculpa perfeita para um afastamento estratégico entre Osmar e Beto.

Mas a principal reviravolta pode partir de uma proposta discutida na terça-feira pela cúpula nacional do PSDB. Da reunião, surgiu a idéia de realizar eleições primárias, que serão testadas ano que vem na disputa para a prefeitura de João Pessoa (PB). Alvaro defende a participação de não-filiados ao partido, o que tem boas chances de virar realidade.

Na teoria, a novidade fortalece Alvaro e enfraquece ainda mais a suposta sinergia do quarteto. Nas urnas do interior, ele teria francas condições de bater os curitibanos Beto e Fruet. Como "candidato eleito" para 2010 também ganharia o direito de pedir a Osmar que desistisse de uma briga fraternal. Ou, na pior das hipóteses, teria embasamento para o desaconselhável confronto entre irmãos.

Como ainda sobra tempo até a eleição, pode parecer que as definições são pouco urgentes. É o que todos os envolvidos falam: "É cedo para decidir qualquer coisa". Mas não é assim que eles agem.

Nos corredores

Piada de infiel – O deputado federal Chico da Princesa (PR) perdeu o cargo de coordenador da bancada paranaense no Congresso, mas não o humor. Durante uma reunião sobre o Plano Plurianual, na quarta-feira, brincou com a desorientação do colega Takayama (PSC), que tinha acabado de chegar ao encontro. "Takayama, em que partido você está agora?", perguntou Chico. Takayama, único parlamentar paranaense com possibilidade de ser cassado por infidelidade partidária, ficou irritado, dizendo que não tolerava esse tipo de brincadeira. "No meu coração, só troquei uma vez de partido", explicou, contestando a informação da Câmara dos Deputados, que alega que ele trocou quatro. Depois de esbravejar muito, deixou a sala sem aceitar as desculpas de Chico.

Por água abaixo – O deputado federal Eduardo Sciarra (DEM) foi um dos organizadores do Seminário sobre Portos e Vias Navegáveis realizado na semana passada na Câmara. Em resumo, o evento escancarou o descaso do governo federal com as hidrovias. O parlamentar citou o Plano de Aceleração do Crescimento para retratar o assunto. "Dos R$ 58,3 bilhões destinados aos transportes, apenas R$ 2,7 bilhões serão investidos em portos e R$ 700 milhões, em hidrovias", disse.

Expulsão, não – O presidente nacional do PDT e ministro do Trabalho, Carlos Lupi, esteve no Congresso Nacional na terça-feira para apagar o incêndio causado pelo discurso de Osmar Dias no plenário do Senado um dia antes. Osmar disse que não aceitava que o partido fechasse questão pró-CPMF e o inflamado discurso foi exibido até no Programa do Jô de quarta-feira. Duas semanas antes, ele teve de resolver outro problema criado por um paranaense, quando o deputado Barbosa Neto foi contra a legenda e votou contra a prorrogação do imposto. Em rápida entrevista, ele negou que Barbosa será expulso. Mas não está nada contente com o posicionamento de Osmar.

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