Nos corredores

Lições de casa

Gustavo Fruet (PSDB) é um dos sete deputados paranaenses que declaram voto a Osmar Serraglio. Fruet também foi candidato à presidência da Câmara em 2007. Ele teve 98 votos e ficou de fora do segundo turno. Segundo o tucano, o adversário mais implacável de Serraglio será o governo. "Quando o Planalto entra em cena, atropela qualquer candidatura", ensina.

Candidatura irreversível

O deputado federal Abelardo Lupion (DEM) já começou a campanha por uma cadeira no Senado em 2010. Diz que a decisão é irreversível e que nenhum rival tem a força dele no interior do estado. A confiança é tanta que o parlamentar já trabalha a candidatura do filho, Pedro Lupion, 26 anos, como herdeiro dos votos do pai para a Câmara.

PT no estrangeiro

Os deputados petistas Ângelo Vanhoni e Dr. Rosinha passam os últimos dias do recesso parlamentar no exterior. O primeiro participa de uma missão oficial do Ministério da Cultura nos Estados Unidos. Já Rosinha está na Bolívia, como observador do referendo de validação da Constituição boliviana, que ocorreu ontem.

CARREGANDO :)

Eleição no Congresso Nacional não rima com gratidão ou união. Na melodia dos políticos, o que invariavelmente dá samba é traição. A uma semana da escolha dos próximos presidentes da Câmara e do Senado, o que se vê em Brasília é um festival de facadas nas costas.

A regra vale para favoritos e azarões. Entre as zebras, o representante do Paraná na disputa da Câmara, Osmar Serraglio (PMDB), aposta nos descontentes para desbancar o candidato oficialesco Michel Temer. Por outro lado, tem sofrido (e muito) até dentro de casa.

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Entre os 30 deputados federais do Paraná, apenas sete – mais o próprio Serraglio – declaram abertamente que votarão no companheiro de estado. A maioria dos paranaenses promete agir de acordo com a orientação partidária. Onze votarão em Temer e outros 11 dizem estar indecisos.

Serraglio faz uma campanha modesta e não tem sequer um cabo eleitoral a favor entre os deputados. O exército do contra, contudo, já extrapolou os limites do Distrito Federal. O governador Roberto Requião, por exemplo, é um dos que aconselham o voto em Temer.

Até aí, nenhuma anormalidade. Requião é um dos medalhões do PMDB e não haveria nada mais natural do que ele trabalhar em favor do presidente nacional do partido. Ainda mais para quem quer respaldo para dar pitaco na composição da sucessão presidencial de 2010.

O problema está no passado. Em 2007, Temer disputou a reeleição para a presidência da legenda contra o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal e hoje ministro da Defesa, Nelson Jobim. Requião apoiou Jobim fervorosamente, mas o gaúcho acabou desistindo da candidatura em cima da hora para evitar um escarcéu intrapartidário.

Meses antes, o governador enfrentava uma dura batalha contra o senador Osmar Dias (PDT) para se reeleger. E quem apareceu entre os principais cabos eleitorais de Requião? Osmar Serraglio.

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Amparado pela popularidade conquistada como relator da CPMI dos Correios, o deputado posou ao lado de Requião no horário eleitoral como exemplo de honestidade do PMDB. Lado a lado, os dois mostravam aos paranaenses as obras rodoviárias que mudavam a vida no interior do estado. De bonezinho e óculos escuros, Serraglio começava mudo e terminava calado – afinal, só poderia haver uma estrela na propaganda.

No meio político, apoios são feitos para serem retribuídos. Dizer o contrário é demagogia. E o troco não vem necessariamente com benesses do poder, como cargos aqui e acolá, contenta-se também com simples declarações de boas intenções ou, em alguns casos, até com a omissão.

Seraraglio dificilmente conseguirá vencer ou até mesmo chegar ao segundo turno na disputa pela presidência da Câmara. Nas palavras dele próprio, também não vai morrer caso isso ocorra. Aparentemente, ele quer apenas fazer um papel digno, mostrar-se como uma opção independente e diferenciada em relação aos demais rivais – além de Temer, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Ciro Nogueira (PP-PI).

A barreira de Serraglio, porém, é justamente essa – tentar trilhar um caminho diferente. Nas tradições políticas brasileiras, esse é um pecado mortal. O que vale e funciona é o velho samba de uma nota só.