Nos corredores

Quero meu mérito

Na linha de FHC, o ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL) também tem cobrado reconhecimento pela estabilidade econômica brasileira. Segundo ele, o Brasil é hoje o que começou a ser construído entre 1990-1992, período em que ocupou o Palácio do Planalto. Essa e outras teses de Collor (como o apoio irrestrito ao governo Lula) fazem parte de uma entrevista concedida ao jornalista Carlos Chagas, que vai ao ar hoje, às 19h45, na TV Paraná Educativa.

Jantar a dois

O governador Roberto Requião (PMDB) deve ser convidado na próxima semana para um jantar com o presidente Lula, em Brasília. O encontro é esperado desde o mês passado, quando o petista visitou o Paraná. No cardápio, a sucessão de Requião e o possível apoio dos peemedebistas à candidatura do senador Osmar Dias (PDT). Todos os pratos são indigestos ao governador.

Ajuda

O deputado federal André Vargas (PT) enviou anteontem um ofício à embaixadora do Brasil na Inglaterra, Gladys Ann Garry Facó, para agilizar os trâmites para o traslado dos corpos de Dayana Cervi e dos filhos Felipe e Thaís para Curitiba. Os três paranaenses morreram há uma semana durante incêndio em um edifício residencial no sul de Londres. Por enquanto, a burocracia inglesa é o que mais tem atrasado os sepultamentos.

CARREGANDO :)

Há uma memorável cena do polêmico documentário Vivendo com Michael Jackson, de 2003, em que o jornalista britânico Martin Bashir pergunta ao rei do pop quem ele é. MJ nem titubeia na resposta: "Peter Pan". Surpreso, quase impaciente, Bashir retruca: "não, você é Michael Jackson".

Em tempos de inesgotáveis tributos pela morte do cantor, o Congresso Nacional esforça-se para provar que é a "Neverland" (Terra do nunca em inglês) brasileira. Em Brasília, donos de castelo são perdoados por qualquer travessura que cometam. Senadores oitentões conseguem que seu poder nunca envelheça.

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Afinal, as regras do mundo deles não são iguais às da patuleia. A começar pelas novas denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, pelo menos R$ 500 mil dos recursos repassados pela Petrobras para patrocinar um projeto cultural da Fundação Sarney teriam parado em empresas fantasmas ou da família do senador.

Trata-se da pancada mais violenta ao longo de toda crise enfrentada pela Casa desde fevereiro, quando o peemedebista assumiu o cargo. Sarney, no entanto, não balança além do normal. Como diz o presidente Lula, permanece firme a tese de que seria injusto julgá-lo como uma "pessoa normal".

Lá no fundo todos sabemos que senadores e deputados não são exatamente "qualquer um". Além de dinheiro (muito), é necessário carisma e perspicácia para chegar e permanecer no Parlamento. É só ver o caso do deputado federal Edmar Moreira.

O famoso construtor do Castelo Monalisa (a obra está hoje no nome dos filhos) acaba de ser absolvido duas vezes pelo Conselho de Ética da Câmara. Todas as investigações indicaram que ele usou notas frias (de empresas de segurança dele mesmo) para justificar mais de R$ 200 mil em gastos com a verba indenizatória. Nenhuma prova, porém, foi suficiente para superar o "insanável problema da amizade", argumento utilizado pelo próprio acusado para justificar a falta de eficácia nas situações em que deputados julgam deputados.

Além do julgamento, Edmar ganhou afagos dos companheiros. Em especial de Sérgio Moraes (PTB-RS), aquele que disse que "se lixava" para a opinião pública. Moraes declarou que depois dos julgamentos o colega deveria andar de cabeça erguida pelo Congresso Nacional.

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E foi mais além. Disse que os parlamentares não devem dar tanta importância à imprensa, porque o que conta é o apoio popular. Também garantiu que tem eleitores suficientes para se eleger mais uma vez em 2010.

Dentro da lógica de muitos parlamentares, Edmar e Moraes estão absolutamente corretos. Se eles e outros tantos agem assim e sempre são reeleitos, é porque a população não se incomoda com esse tipo comportamento. Afinal de contas, eles vivem em um mundo próprio, com suas próprias regras, avalizadas pelas urnas.

Como fez Michael Jackson, não seria nada estranho se eles dissessem que são "Peter Pan". O inacreditável mesmo é que o eleitor nunca retruque essa resposta.