Cerne da corrupção na política brasileira, a discussão sobre o financiamento de campanhas eleitorais chegará nos próximos dias a uma encruzilhada – entre a adoção exclusiva de recursos públicos ou a utilização de meios que estimulem doações privadas no combate ao caixa 2.

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Os defensores da primeira opção acreditam que esse é o único caminho para democratizar a disputa. Afinal, só com o mesmo dinheiro em mãos a competição entre candidatos migraria do campo financeiro para o ideológico.

A proposta evitaria o abismo que separou, por exemplo, as despesas de dois deputados federais eleitos pelo Paraná em 2006. Dono da campanha mais cara do Brasil, Alfredo Kaefer (PSDB) gastou R$ 2,94 milhões para se eleger, ou seja, 72 vezes mais que Assis do Couto (PT), que usou R$ 41,3 mil.

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O problema – bem óbvio, por sinal – é que o financiamento público não extingue o caixa 2. Tudo indica que além de receber dinheiro do Estado, os candidatos continuariam enchendo os comitês com doações privadas ilegais.

Mesmo polêmica, a ideia tem a benção do Palácio do Planalto e é tema de um dos projetos de lei encaminhados pelo Poder Executivo ao Legislativo dentro da proposta de reforma política. Se entrar em pauta até o meio do ano, como prometem os presidentes da Câmara, Michel Temer, e do Senado, José Sarney, tem sim grandes chances de ser votado e aprovado.

Enquanto o tema não avança no Congresso Nacional, o antídoto mais indicado está sendo desenvolvido no Tribunal Superior Eleitoral. Na semana passada, o presidente da corte, Carlos Ayres Brito, disse que pretende terminar até o final do mês um estudo sobre doações pela internet.

Se elas forem consideradas viáveis, poderão ser utilizadas a partir do ano que vem. Em resumo, permitirão àquele sujeito comum fazer uma doação pequena como se fosse a compra de um livro em uma loja virtual.

A prática é simples, segura e (o melhor) 100% rastreável. Um chute no caixa dois e, ao mesmo tempo, uma cotovelada no desperdício de dinheiro público.

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O exemplo vem de cima. Nas últimas eleições norte-americanas, o democrata Barack Obama recebeu doações de 3,1 milhões de pessoas e o republicano John McCain, de 500 mil. Nos Estados Unidos, a lei não obriga a divulgação de informações de quem contribuiu com menos de 200 dólares.

Graças ao empurrãozinho da internet, Obama conseguiu amealhar quase US$ 700 milhões e esnobou o dinheiro do governo a que teria direito. Com as sobras, cogitou até pagar dívidas da rival nas prévias, Hillary Clinton.

Não, o sistema adotado por lá não é perfeito – tanto que suspeitas de fraude continuam a assombrar os democratas. Por si, a internet também não representará o fim da corrupção na política brasileira.

Mas só a experiência já valeria a pena. Pior do que o atual modelo não dá para ficar. Talvez apenas com mais dinheiro público entrando pelo ralo.

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Nos corredores

Churrasco contra a gripe

O ministro paranaense Reinhold Stephanes (Agricultura) já fez o convite, mas até agora não recebeu a resposta. Ele ainda quer almoçar com o presidente Lula nesta semana, com cardápio definido – porco no rolete. A intenção é mostrar que não há como contrair a gripe suína a partir do consumo de carne. Em 2007, Lula e Stephanes fizeram uma dobradinha parecida para convencer os importadores europeus de que os bois brasileiros estava livre da aftosa. Na época, o presidente disse que viajaria com "pedaços de picanha no pescoço" em compromissos internacionais. Mas não houve almoço.

Guerra fria

O clima entre aliados do senador Osmar Dias (PDT) e do prefeito Beto Richa (PSDB) para as eleições ao Palácio Iguaçu em 2010 fica cada vez mais tenso em Brasília. Nenhum dos dois lados quer fazer um movimento em falso para demonstrar de vez que a aliança Osmar-Beto foi definitivamente para o brejo e, com isso, arcar com o ônus de uma suposta traição. Por isso Osmar tem relutado tanto em aceitar o convite para ser líder do governo no Congresso e abraçar-se de vez com o PT.

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Cizânia

Circula nos bastidores do Senado uma tese controvertida sobre a "paixonite" de Lula em relação a Osmar Dias. Há tucanos que encaram isso como, na verdade, reflexo da antipatia do presidente em relação a Alvaro Dias (PSDB). Para podar as asas do tucano, nada melhor do que turbinar a candidatura justamente do irmão dele.

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"Não estamos fazendo escondido. Ninguém quer mexer na poupança como disse aquela propaganda mau caráter que teve na televisão."

Paulo Bernardo, ministro do Planejamento, rebatendo críticas do PPS. O partido comparou em propaganda na tevê as mudanças na remuneração da poupança preparadas pelo governo Lula ao confisco do governo Fernando Collor, em 1990.

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