Passava das 10 horas de ontem quando, sentado numa sala do Palácio do Planalto à espera da entrevista coletiva com o Presidente Lula, recebi um papel da assessoria da presidência. As duas folhas continham todos os dados de investimentos previstos no Plano de Aceleração do Crescimento para o Paraná. Passei o olho e percebi o que achava ser uma bolada: R$ 9,3 bilhões para obras em infra-estrutura do estado.

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Surpresa mesmo foi enxergar o material que o jornalista ao meu lado direito, que era mineiro, recebeu: Minas Gerais terá R$ 24,4 bilhões do PAC. Do lado esquerdo, vi que R$ 14,5 bilhões iriam para Goiás.

Fui esticando a vista: R$ 79,5 bilhões para o Rio de Janeiro, R$ 51,3 bilhões para São Paulo. Pensei, em silêncio, "está bem, são os estados mais populosos". Aí vi que R$ 25,4 bilhões estavam destinados a Pernambuco, R$ 16,7 bilhões ao Ceará, R$ 15,3 bilhões à Bahia, R$ 15,4 bilhões ao Pará e R$ 13,9 bilhões ao Rio Grande do Sul.

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Já me dava por vencido quando o repórter do Amazonas disse que seu estado receberia R$ 9,1 bilhões. Segundos depois, me toquei: os amazonenses vão receber R$ 200 mil a menos... Mas o Paraná tem 7 milhões de habitantes a mais!

Sim, havia algo errado. Fiquei com aquela sensação de ter apanhado para todo mundo... Faltava saber o porquê. Cada um dos 11 jornalistas presentes tinha o direito a uma pergunta para o presidente. Pensei em fazer a questão em cima da suposta distorção – afinal não somos o estado mais pobre da nação, mas tampouco somos tão ricos para ficarmos na rabeira dos investimentos.

Eis que Lula entrou. O presidente é simpático, tanto quanto na TV, transpira boas intenções. Começou a entrevista e, a duas perguntas da minha vez, o companheiro baiano perguntou sobre privilégios que alguns governadores aliados ao governo poderiam ter nesses repasses.

Lula negou e até que foi convincente. "Governar não é uma ação entre amigos." Aí veio o estalo. Será que é o presidente que negligencia o Paraná ou é o estado que não reivindica o que precisa como deveria? No sistema democrático brasileiro, quem não pede não recebe. Infelizmente é assim.

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Nos corredores

Um Itaú de vantagens – Após quatro pareceres da Consultoria Legislativa contrários ao projeto de resolução do Senado que acabaria com a multa mensal de R$ 5 milhões aplicada pela União ao Paraná, a próxima semana deve ser recheada de novidades. A principal delas será a inclusão do banco Itaú na mesa de negociações com o governo do estado, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional e os senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Valdir Raupp (PMDB-RO), que tratam da proposta na Comissão de Assuntos Econômicos. A idéia é construir um acordo que não seja questionado na Justiça.

Amigo dos chefões – O deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) participou de uma reunião com o governador de São Paulo, José Serra, na última segunda-feira. O paranaense foi "convocado" pelo colega de PSDB à sede do governo paulista. Fruet foi encarregado de traçar um raio-x da política paranaense para as próximas eleições. Na semana que vem, ele irá se encontrar com o outro presidenciável do partido, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves. Ambos querem Fruet como candidato ao Senado em 2010.

Política, beleza e nudez – Chega às bancas nos próximos dias a revista Playboy com as fotos da jornalista Mônica Veloso. Pivô do escândalo que deve provocar a cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com quem tem uma filha, ela disse que se sentiu "homenageada" por ser convidada a posar nua aos 39 anos. Outra celebridade política no mundo da beleza é o ministro da Educação, Fernando Haddad. Mês passado, foi eleito um dos homens mais sensuais do Brasil. Só que o elogio veio da G Magazine. Ao que tudo indica, não está nos planos de Haddad tirar a roupa por dinheiro.

Vizinho da ética – Os funcionários do gabinete do senador Alvaro Dias (PSDB) tiveram uma quinta-feira tumultuada. Ao lado da sala do tucano – por sinal, uma das mais espaçosas destinadas aos congressistas – foi feita a reunião do Conselho de Ética do Senado, que julga Renan Calheiros. Apesar de não ser membro do grupo, Alvaro passou pelo conselho. Sobre Renan, disse que o colega age no plenário como se nada estivesse acontecendo. "Ele é frio, não perde a compostura", contou o paranaense.

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"Ou a gente garante a autonomia do Ministério Público, sem que haja interferência, engavetamento de processos como aconteceu historicamente neste país, ou você terá uma instituição poderosa, mas portadora de uma deficiência absurda, que é a falta de autonomia."

Lula, em entrevista coletiva, ontem. Não era o tema tratado, mas se encaixaria bem na guerra entre o governador Roberto Requião e o Ministério Público do Paraná.

agoncalves@gazetadopovo.com.br