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O Senado pode ter quatro paranaenses a partir de 2010. O que parece surreal está perto da realidade graças a uma trama que envolve compra de votos, cassação de mandato e um estado cuja capital, Porto Velho, está a 2.412 quilômetros de distância de Curitiba. A história começa nas eleições de 2006 em Rondônia, mas passa por Cascavel, no Oeste paranaense.

Nesse ano, Expedito Júnior (PR-RO) ganhou a disputa para senador com 267 mil votos (39% do total). Em segundo lugar, ficou Acir Gurgacz (PDT-RO), com 210 mil votos (30%). A guerra entre os dois, no entanto, não acabou com a proclamação do resultado.

Expedito Júnior assumiu a cadeira na marra, cercado por denúncias cabeludas. Acusado de empregar "formiguinhas" (cabos eleitorais de última hora) nas vésperas da votação, ele foi cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de Rondônia (TRE-RO) em 2007, mas recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ganhou.

Depois, o próprio Gurgacz moveu ação contra o rival. A denúncia revela que Expedito Júnior teria pago R$ 100 por voto a funcionários da empresa Rocha Segurança e Vigilância Ltda, que pertence ao irmão do senador eleito, Irineu Gonçalves. O TRE-RO novamente considerou a denúncia procedente e, na quarta-feira passada, o TSE rejeitou a ação cautelar para que o parlamentar pudesse continuar no cargo.

Mas em qual parte da história entra o Paraná? Acir Gurgacz é filho de Assis Gurgacz, fundador da União Cascavel de Transportes e Turismo (Eucatur), primeira empresa de ônibus a fazer a linha Norte-Sul do Brasil, na década de 70. E Assis Gurgacz, o pai, é suplente de Acir no Senado, mesmo morando em Cascavel.

Ao que tudo indica, Acir deve assumir a vaga de Expedito Júnior, mas não deve esquentar o posto. A pretensão dele é se candidatar a governador de Rondônia, com boas chances de vitória. Se isso acontecer, Assis fica com a vaga até 2014.

Só que a história é ainda mais complicada. Expedito Júnior prometeu recorrer novamente ao TSE e ao Supremo Tribunal Federal. O presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), já anunciou que vai esperar o esgotamento de todas as instâncias judiciais para tomar uma atitude.

Do outro lado, Assis também é alvo de uma investigação da Polícia Federal que apura fraudes em empréstimos da Eucatur perante o Banco da Amazônia S.A. Há quatro meses, a superintendência da PF de Manaus confirmou irregularidades no repasse de pelo menos R$ 3 milhões. Assis negou, mas a mancha permanece.

Enquanto o emaranhado judicial de ambos os lados não se resolve, o Paraná segue com três senadores, assim como as demais 26 unidades da federação. O inegável é que Assis, mesmo eleito por uma chapa de Rondônia, tem laços mais fortes com os paranaenses. Difícil é garantir por A+B que, nesse caso, quatro seria melhor que três.

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Nos corredores

Santo de casa

O deputado federal Osmar Serraglio (PMDB) terá um caminho tortuoso para conseguir firmar a candidatura à presidência da Câmara. Além de enfrentar o presidente do partido, Michel Temer, ele terá de unificar os apoios dentro de casa. Dos 30 deputados da bancada paranaense, sete são peemedebistas, número considerável em uma disputa interna na legenda, que tem 95 nomes na Câmara. Mais experiente parlamentar do PMDB do Paraná, Max Rosenmann já anunciou de que lado está. Segundo ele, Temer é um carro de Fórmula-1 e, Serraglio, um bólido da Stock-Car.

Cadeia neles

A cidade que tiver criança na rua terá político na cadeia. É o que prevê uma proposta de emenda à Constituição aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara na semana passada. O projeto é do paranaense Alceni Guerra (DEM). Segundo o texto, autoridades que não atuarem para manter crianças na escola podem ser demitidas e tornarem-se inelegíveis. Alceni espera que a matéria seja encaminhada agora para uma comissão especial, a ser designada pelo presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).

Aborto, o retorno

O deputado federal José Genoíno conseguiu ressuscitar o Projeto de Lei 1.135/91, que descriminaliza o aborto. A proposta, rejeitada em duas comissões da Câmara, voltará a ser discutida em plenário. O pedido contou com a assinatura de 62 parlamentares. Dois deles são paranaenses, Ângelo Vanhoni (PT) e Max Rosenmann.

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