Nos corredores
23 a 20
O deputado paranaense Eduardo Sciarra tem uma missão difícil hoje. Confronta em eleição interna o baiano ACM Neto pelo cargo de líder do DEM na Câmara.
Sciarra reúne a ala da legenda cansada de ficar nas mãos dos descendentes de velhos oligarcas, marca registrada desde os tempos do PFL.
A previsão é de que ele vença a disputa, mas com uma margem bem apertada 23 a 20.
Mudança forçada
O deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR) se viu forçado a mudar de planos sobre a candidatura interna no partido à primeira vice-presidência da Câmara. É que a cúpula peemedebista decidiu-se pela primeira-secretaria, cargo que já foi ocupado pelo paranaense no biênio 2007-2008. Serraglio diz que mantém
o interesse em disputar a vaga. Terá pelo menos outros seis adversários na eleição que ocorre amanhã.
Mordaça no relógio
Paulo Bernardo arrumou um talismã na mudança do Ministério do Planejamento para as Comunicações. É um relógio de madeira Masson, produzido no começo do século passado no Rio Grande do Sul e que foi deslocado para a sala de reuniões. O problema é o volume das badaladas, que tocam a cada hora. "O sujeito vem aqui para falar e quando ouve o barulho pensa que o tempo dele acabou." A assessoria até tirou o som, mas o ministro já pediu para acabar com a mordaça.
Começa amanhã a legislatura 2011-2015 no Congresso Nacional. Nenhum leitor deve ter soltado foguetes após essa primeira frase. Sem cair no preconceito chavão contra os parlamentares, eles têm feito pouco para alentar a sociedade e a perspectiva não é exatamente de uma revolução de costumes.
É só prestar atenção no que acontecerá neste início. No primeiro dia de trabalho, José Sarney (PMDB-AP) será reconduzido sem sobressaltos à presidência do Senado. Na Câmara, o governista Marco Maia (PT-RS) vai bater chapa com o "rebelde" Sandro Mabel (PR-GO) em uma disputa que, para o público interno, gira em torno da construção de um prédio milionário com novos gabinetes para deputados.
Não para por aí. Ainda há os acordos preestabelecidos para eleger os sucessores de Sarney e Maia. Para fevereiro de 2013, a intenção é resgatar o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e eleger o deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), detentor do recorde de 11 mandatos consecutivos e um dos principais reclamantes por mais cargos para os peemedebistas no governo Dilma Rousseff (PT).
No mais, as bancadas até passaram por mudanças, mas quantidade está bem longe de qualidade. Na Câmara, o índice de renovação foi de 43,86% e, no Senado, de 45,68%. A questão é que muitos congressistas de peso serão substituídos por "macacos velhos" das oligarquias regionais.
Escanteando a política e medindo critérios técnicos, nomes como Aloizio Mercadante (PT-SP), Osmar Dias (PDT-PR), José Eduardo Cardozo (PT-SP) e Ibsen Pinheiro (PMDB-RS) farão falta à base aliada. Mas nada é comparado ao que aconteceu à oposição. Aliado aos equívocos de PSDB e DEM em torno da candidatura de José Serra, o furacão Lula devastou quase dois terços dos adversários relevantes.
O quarteto tucano que pensava as ações da legenda e conseguia equilibrar o já desfavorável xadrez político no Senado foi completamente desfeito. Arthur Virgílio e Tasso Jereissati sofreram humilhantes derrotas no Amazonas e Ceará. Prevendo a revés em Pernambuco, Sérgio Guerra concorreu a deputado federal e só Marconi Perillo saiu por cima, ao se eleger governador de Goiás.
Na Câmara, foram-se os combativos Fernando Coruja (PPS-SC), Gustavo Fruet (PSDB-PR), João Carlos Aleluia (DEM-BA) e Rita Camata (PSDB-ES). Haverá alguma reposição, como o presidente do PPS, Roberto Freire (PE), que retorna à Câmara, mas vão faltar peças. Nas duas Casas, a proporção será de um oposicionista para quatro governistas.
A situação é ainda mais dramática porque os dez governadores de oposição eleitos no ano passado, apesar de controlarem estados que correspondem a 52% do eleitorado, já descartaram partir para o confronto com Dilma. Para eles, lugar de oposição é só no Congresso. E os esmagados colegas parlamentares que se virem.
O cenário não é lá animador, mas nem por isso tudo é desgraça. Essa será a primeira legislatura da história a começar sob as regras da fidelidade partidária, ou seja, não haverá a tradicional cooptação de aliados via troca-troca de legendas. A tendência é que os partidos se fortaleçam e tenham preponderância sob lideranças individuais.
Talvez por isso exista sim o que comemorar. Mas ainda é melhor guardar os fogos para 2015.
Deixe sua opinião