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Nos corredores

Fora da mesa

A eleição para as mesas diretoras da Câmara dos Deputados e do Senado, em fevereiro de 2015, deve repetir uma sina da bancada paranaense – o distanciamento dos cargos de comando do Legislativo. Ninguém do estado aparece como alternativa nem para a presidência, nem para importantes postos como a primeira secretaria das duas Casas.

Entrou, mas saiu

O último paranaense a ocupar um cargo de destaque no Congresso foi André Vargas (PT). Vice-presidente da Câmara dos Deputados, ele renunciou ao cargo em abril, envolvido em denúncias de envolvimento com o doleiro Alberto Youssef, um dos pivôs da operação Lava Jato. Antes dele, Osmar Serraglio foi primeiro-secretário da Câmara (2007-2009).

Só o Bento

Antes das experiências de Serraglio e Vargas, o último paranaense a ocupar um cargo relevante na Câmara foi Bento Munhoz da Rocha – foi primeiro-secretário no final dos anos 1950. A propósito, a bancada do Paraná é a sexta maior da Casa, com 30 deputados – 22 a mais que a do Rio Grande do Norte, estado do atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB).

Mais do que uma cômoda vitória no primeiro turno, a reeleição do governador Beto Richa (PSDB) conseguiu dizimar a oposição no Paraná. Tanto o PMDB de Roberto Requião quanto o PT de Gleisi Hoffmann saíram das urnas sem forças para construir um projeto consistente para 2018. Só o surgimento de uma nova via seria capaz de mudar esse cenário.

A alternativa passaria pelo PDT de Gustavo Fruet e Osmar Dias. Ainda assim, nas atuais circunstâncias, ambos só parecem viáveis se superarem a onda antipetista que tomou conta do estado. Ou seja, se reconstruírem pontes com Richa ou conseguirem convencer como uma espécie de terceira tendência.

Foi mais ou menos o que Osmar tentou nesta campanha. Vice-presidente de agronegócios do Banco do Brasil, ele assessorou Dilma Rousseff em questões técnicas, mas distanciou-se do jogo eleitoral. Poupou a imagem, após duas derrotas seguidas na disputa pelo Palácio Iguaçu.

Fruet foi mais assertivo no apoio a Gleisi. Mas a impressão é de que a eleição de 2014 fechou um ciclo da relação entre petistas e pedetistas. Eles estariam quites após o PT topar a vice de Fruet em 2012 e o PDT a vice de Gleisi em 2014 – daqui para frente, seria cada um por si.

A falta de uma oposição para valer é interessante para Richa, mas uma lástima para os paranaenses. As contas estaduais não vão nada bem (como já não estavam bem no ano passado, quando a dívida acumulada com fornecedores chegou a R$ 1,1 bilhão). Sem uma oposição forte, o assunto vai continuar nas páginas dos jornais, mas tangenciado do debate político.

Como comparação, a diminuta oposição a Dilma na Câmara, que não chega a 100 dos 513 deputados federais, tem aprontado um escarcéu para a aprovação do projeto que desobriga o governo a cumprir a meta de superávit primário. Enquanto isso, na Assembleia Legislativa, o PMDB de Requião já fechou questão no apoio à candidatura do tucano Ademar Traiano para a presidência da Casa, em 2015.

A perspectiva é tão tranquila para Richa que, por enquanto, parece que as únicas dores de cabeça em potencial estão dentro de casa. Assim como já aconteceu com Requião, o atual governador não consegue construir sucessores. Prova disso foi a derrota de Luciano Ducci (PSB) na última disputa pela prefeitura de Curitiba.

No momento, o nome mais forte para a sucessão estadual é o senador Alvaro Dias, que é do PSDB de Richa, mas nunca tocou na mesma banda. Outra alternativa seria Ratinho Júnior (PSC), que também não é exatamente um titular do time do atual governador.

Não será surpreendente se Richa apostar na fórmula do "poste" inventada por Lula e disseminada por Aécio Neves e Eduardo Campos.

Para fabricar uma candidatura, porém, é necessário que o governo tenha o que mostrar. E é mais fácil quando existe um debate de ideias.

No fundo, oposição faz bem até para os planos de Richa.

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