O Paraná deve perder os dois ministérios que comanda no governo Lula a partir de abril. Paulo Bernardo (Planejamento) e Reinhold Stephanes (Agri­­­cultura) não escondem o desejo de disputar as eleições de outubro. Ao que tudo indica, serão candidatos a deputado federal.

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A tendência é de que os espaços não sejam preenchidos por outros paranaenses. A não ser que alguém seja beneficiado por alguma outra brecha. Ao todo, 12 dos 36 membros do primeiro escalão do Executivo federal devem deixar os cargos.

A lista dos desfalques de peso começa pela presidenciável petista Dilma Rousseff (Casa Civil). Segue pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles (PMDB), que pode ser vice da petista ou candidato a governador de Goiás. O terceiro nome forte é o ministro da Justiça, Tarso Genro, pré-candidato ao governo do Rio Grande do Sul.

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Perder espaço nos ministérios pode parecer algo apenas simbólico, mas não é. No Brasil, o combalido presidencialismo de coalizão combina aspectos partidários e regionais. E quem consegue ficar mais perto do poder, consegue mais recursos.

Vale ressaltar que tradicionalmente o Paraná é desprestigiado no orçamento da União. As coisas não melhoraram muito nos últimos anos por causa dos dois atuais ministros. Mas também não pioraram.

Stephanes assumiu em 2007 e enfrentou uma sequência de crises que se transformaram inerentes ao cargo. Com o acirramento das posições de ruralistas e ambientalistas nos últimos anos, ser ministro da Agricultura é atuar quase 100% do tempo como um amortecedor de conflitos. Nisso Stephanes saiu-se bem.

Já Paulo Bernardo, apesar de comandar uma pasta essencialmente técnica, firmou-se como um dos nomes do núcleo político do Palácio do Planalto. É talvez o principal conselheiro de Lula para se safar dos meandros burocráticos de Brasília. Por isso é tão importante lembrar como ele atingiu esse status.

Paulo Bernardo foi eleito deputado federal pelo Paraná três vezes (1991-1995, 1995-1999 e 2003-2007). Sin­­dicalista, desde o primeiro governo petista era cotado para o primeiro escalão. O chamado só veio em 2005, o ano do mensalão.

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Na mesma época, Dilma foi remanejada do Ministério de Minas e Energia para a Casa Civil. As mudanças foram uma guinada na gestão Lula. Impulsionaram o Programa do Aceleração do Crescimento (PAC) e estabilizaram as relações internas do Palácio do Planalto.

O curioso é que o sucesso em Brasília não rendeu a Paulo Bernardo notoriedade entre os eleitores paranaenses. Nas pesquisas para governador em que foi citado, nunca passou dos 4%. E mesmo na eleição para a Câmara deve enfrentar dificuldades, já que mudou a base eleitoral de Londrina para Curitiba.

Sem Paulo Bernardo e Ste­­phanes, o estado vai perder sim interlocução com o governo federal. Além disso, a ambígua relação entre Roberto Requião e Lula tende a ficar pior, graças à pré-candidatura do governador à Presidência. Na prática, a ambição de Requião apenas prejudica a trajetória de Dilma e fortalece o tucano José Serra.

É importante destacar que, para 2010, o Paraná será apenas o oitavo no ranking de repasses previstos no orçamento da União, apesar de ser a quinta maior economia do país. Infelizmente, não há indícios de que isso possa melhorar no meio do caminho. Enquanto Paulo Bernardo e Stephanes embarcam em projetos pessoais – legitimamente, por sinal –, a distância entre Curitiba e Brasília ficará ainda maior.

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