Nos corredores - Protógenes X Stephanes 1

O delegado afastado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz, fez uma retratação formal ao deputado federal Reinhold Stephanes (PMDB) há duas semanas. Candidato a deputado federal pelo PSol em São Paulo, o policial havia acusado o paranaense de ser participante de um esquema de evasão de divisas por meio de contas CC5, quando o peemedebista era presidente do Banestado (entre 1998 e 2000).

Protógenes X Stephanes 2

A declaração de Protógenes foi publicada na edição de dezembro de 2008 da revista Caros Amigos. A retratação, porém, ocorreu por meio de uma carta. Nela, o delegado pede desculpas pela calúnia referindo-se a si próprio na terceira pessoa. "Se as afirmações prolatadas de qualquer forma atingiram a honra do sr. Reinhold Stephanes, esta não foi a sua intenção", diz o texto.

Greca e os "caras-pretas"

Ao mesmo tempo em que atirou contra Beto Richa (PSDB) na semana passada para reclamar de plágio do programa Mãe Curitibana, que teria sido criado na gestão dele como prefeito da capital (1993-1996), o deputado estadual Rafael Greca (PMDB) reclamou da falta de acesso a Osmar Dias (PDT), a quem apoia. "O Osmar vive cercado de luas-pretas. Já com a Dilma eu sempre falo por telefone", disse. E completou: "talvez por isso ela esteja na frente nas pesquisas e ele não".

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Orlando Pessuti fez jogo duro o quanto pôde para ser candidato a governador. No começo, chegou até a empolgar o hoje desafeto Roberto Requião, depois emplacou um lobby com Michel Temer e a direção nacional do PMDB, até conseguir uma audiência em Brasília com Lula. No final, valeu o consenso de que seria melhor fechar aliança em torno de um só nome governista, ou seja, Osmar Dias (PDT).

Pois Pessuti poderia ter sido a boia de salvação para evitar uma disputa que deve se resolver em um só turno. Segundo a pesquisa RPC/Ibope divulgada na última quinta-feira sobre a corrida pelo Palácio Iguaçu, Beto Richa (PSDB) começa a abrir uma margem folgada para vencer já no dia 3 de outubro. O tucano aparece com 59% dos votos válidos contra 40% do pedetista.

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O que realmente minou Pessuti foi a tese de que ele tiraria mais votos de Osmar do que de Beto. O certo, contudo, é que ele morderia ao menos um pedaço do eleitorado do ex-prefeito. Estima-se que o peemedebista começaria a campanha com 12% a 15% das intenções de voto, o que parece pouco, mas faria diferença.

Nas duas únicas vezes em que a eleição paranaense foi decidida no primeiro turno o cenário foi muito parecido ao atual. Em 1994, houve só dois candidatos fortes: Jaime Lerner (então no PDT) e Alvaro Dias (então no PP). Lerner atingiu 54,85% contra 38,55% de Alvaro, enquanto os demais quatro concorrentes não passaram dos 6% dos votos válidos.

Em 1998, aconteceu a disputa com o menor número de concorrentes das últimas duas décadas. Júlio de Jesus (PSTU) e Jamil Nakad (Prona) somaram apenas 1,9% dos votos válidos e não serviram nem como coadjuvantes. Lerner (que havia mudado para o PFL) fez 52,2% e impôs a única derrota eleitoral da carreira de Requião, que teve 45,9%.

As duas eleições seguintes tiveram segundo turno graças a disputas radicalmente diferentes. Em 2002, foram 12 candidatos. Enquanto Alvaro e Requião despontaram com 31,4% e 26,1% dos votos válidos, respectivamente, Padre Roque (PT), Beto Richa (PSDB) e Rubens Bueno (PPS) somaram juntos 40,5%.

Em 2006, Requião e Osmar polarizaram a eleição desde o começo, mas disputaram o primeiro turno contra dois coadjuvantes com alguma relevância eleitoral. Flávio Arns (então no PT) teve 9,3% dos votos válidos e Rubens Bueno, 8,07%. Os votos de ambos foram disputados palmo a palmo no segundo turno e o resultado foi a eleição mais disputada de todos os tempos no estado, vencida por Requião graças a uma diferença de 10 mil votos.

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Mas não é apenas do ponto de vista numérico que a candidatura de Pessuti poderia ter beneficiado Osmar. Ao receber o apoio do PMDB, o senador herdou o vínculo com Requião. E depois da pancadaria de quatro anos atrás, ver os dois juntos tornou-se o fato mais chocante desta campanha.

Com um candidato peemedebista, ambos manteriam uma distância mais saudável entre si. E aí até poderiam estar juntos no segundo turno, o que não seria tão bizarro. Era exatamente isso que Pessuti tanto pregava e que poucos levaram a sério.

Resta saber agora quem ri por último. Por via das dúvidas, Pessuti foi passar uns dias na Disney.

*A pesquisa Ibope foi realizada entre os dias 23 e 25 de agosto, com 1.008 entrevistas e margem de erro de 3 pontos porcentuais para mais ou para menos. Ela foi registrada no TSE sob número 25.671/2010.