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Em meio à crise no Senado, um chavão criado nos anos 90 virou uma espécie de mantra em Brasília – "sem o PMDB, não há governabilidade". A tese respalda o apoio incondicional de Lula a José Sarney. E norteia todas as movimentações do tabuleiro político-eleitoral de 2010, inclusive no Paraná.

A colocação, entretanto, não tem nada de simpática. Soa como chantagem. Significa que, para manter a administração do país estável, é necessário se submeter às barganhas do maior partido do Brasil, dono de 114 cadeiras no Congresso Nacional.

Barganhas que custaram ao governo petista seis ministérios. Mas não que a submissão seja exclusiva do PT. Com FHC, os tucanos também tiveram de rebolar para saciar a sede peemedebista.

Fica a pergunta que não cala: o PMDB transformou-se no maior vilão da política brasileira? Seria injusto responder que sim e incorreto dizer que não. Afinal de contas, é sempre bom lembrar que a democracia que conhecemos hoje é fruto de duas décadas de esforço do "MDB velho de guerra".

"Federação"

Entre todas as teorias sobre a legenda a que mais convence é a de que ela na verdade se transformou em uma "federação". Cada estado rege o partido como acha melhor, de acordo com seus caciques (ou coronéis). Algo que aparentemente incentiva a pluralidade de ideias, mas que no fundo revela um enorme descompasso ideológico.

Poucos cidadãos comuns conseguem entender, por exemplo, como é possível que Renan Calheiros e Pedro Simon – água e azeite no jogo político do Senado – estejam no mesmo barco. Uma salada muito grande para um prato só.

É um equívoco, porém, simplesmente criticar o PMDB. Em 2008, o partido foi o que teve o maior crescimento em número de prefeitos e vereadores eleitos. Em outras palavras, o que não falta é respaldo popular.

Por isso quem garante certa calmaria dentro desse turbilhão acaba sendo superestimado, como Sarney. O problema é adivinhar o que os peemedebistas realmente querem da vida. Com tantas armas na mão, o ideal seria construir um verdadeiro projeto nacional, o que inclui candidatura própria à Presidência.

Nessa linha, fica cada vez mais inacreditável que a legenda continue a pleitear apenas o "poder paralelo", um pedaço do governo gerido por outros. Ao mesmo tempo, é difícil prever uma saída que não seja uma composição com o PT de Dilma Rousseff ou o PSDB de José Serra.

Vale o mesmo raciocínio para o Paraná. Enquanto o vice-governador Orlando Pessuti aparenta ser apenas um boi de piranha do período pré-eleitoral, três nichos correm para lados diferentes. Dividem-se entre os senadores Alvaro Dias (PSDB), Osmar Dias (PDT) e o prefeito Beto Richa (PSDB) para manter certo poder após a saída de Roberto Requião.

Essa falta de sincronia generalizada mais confunde do que ajuda. O pior é que parece ter virado marca registrada do partido. Sim, sem o PMDB pode até não haver governabilidade. E subjugados a uma legenda tão desconexa, o que os brasileiros têm a ganhar?

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Nos corredores

Encontros e desencontros 1

Os deputados federais Moacir Micheletto e Osmar Serraglio, do PMDB, tiveram uma longa conversa com o senador Osmar Dias (PDT) no cafezinho do Senado na semana passada. A dupla defende que a bancada peemedebista na Câmara (que tem outros quatro parlamentares) feche questão a favor da candidatura do pedetista ao governo do estado. Já a maioria dos deputados estaduais do partido seria a favor de uma aliança com o prefeito Beto Richa (PSDB).

Encontros e desencontros 2

Depois de uma hora de conversa com Serraglio e Micheletto, juntaram-se à reunião os deputados Abelardo Lupion Eduardo Sciarra, do DEM. A conversa entre os cinco continuou em torno de uma grande aliança para 2010. "Só não deu para entender se os dois lados estavam falando da mesma aliança", disse Osmar.

Beto no Senado?

Durante passagem pelo Senado na semana passada, o presidente estadual do PSDB, Valdir Rossoni jogou uma dúvida no ar – a possibilidade de Beto Richa concorrer ao Senado em 2010. A tese é de que haverá um trimestre de prazo entre a possível desincompatibilização da prefeitura de Curitiba e as convenções partidárias. Tempo suficiente para pensar em qualquer mudança de planos.

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