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Nos corredores

Palanque duplo?

O PSB de Eduardo Campos e Marina Silva está estudando outras possibilidades para evitar a necessidade de ser o segundo palanque de Beto Richa (PSDB) nas eleições de 2014 no Paraná. A principal delas seria a candidatura do ex-prefeito de Maringá Sílvio Barros (PHS), amparada por PP e Pros, partidos sob o guarda-chuva do casal Ricardo Barros e Cida Borghetti.

Segunda opção

Outra hipótese seria embarcar em uma possível candidatura do senador Roberto Requião (PMDB). O principal desafio, no entanto, seria retirar o PSB paranaense da esfera de controle de Richa e, além disso, convencer os deputados estaduais peemedebistas a apoiar Requião.

Saída de Stephanes

O secretário estadual da Casa Civil, Reinhold Stephanes, confirmou que vai concorrer à reeleição como deputado federal pelo PSD. Ao contrário do colega Luiz Carlos Hauly (PSDB), que acaba de deixar a Secretaria da Fazenda para retornar à Câmara, contudo, ele só pretende deixar o governo em março, no prazo final para desincompatibilização.

Eduardo Campos é um sujeito jovem de olhos verdes, família tradicional e governador bem avaliado. Mas tem um inconfundível sotaque pernambucano. Sem meias palavras: o quanto o fato de ser nordestino pode prejudicá-lo em uma disputa presidencial?

Não adianta mascarar os fatos, no Sul Maravilha o preconceito ainda é pesado. Há quem argumente que Lula, que chegou a São Paulo em um pau-de-arara vindo do sertão de Pernambuco, rompeu esse estigma. Difícil de acreditar.

Nas cinco vezes que concorreu ao Palácio do Planalto, o ex-presidente só venceu no Paraná, por exemplo, em 2002. Nessa eleição, por sinal, também havia um candidato que vinha do Nordeste com boa aprovação na gestão do Ceará. Ciro Gomes fez 8% dos votos válidos no estado e 12% em todo país.

Existem, é claro, outras justificativas para esses resultados. A questão é que quem é preconceituoso nunca admite. Como disse Joaquim Barbosa na semana passada, em discurso na Conferência Mundial de Jornalismo Investigativo, no Brasil o preconceito é como uma "nuvem de silêncio".

Em conversa sobre a candidatura Campos em maio, o presidente do PSB no Paraná, Severino Araújo, disse que já se preparava pelo que viria pela frente. "Eu sei bem o que é isso, ainda mais me chamando Severino", contou. Pernambucano como o colega de partido, ele disputou o governo do Paraná em 2002 e acabou em sexto lugar, com 0,9% dos votos.

Principal liderança do PSB no Sul, o deputado federal gaúcho Beto Albuquerque também admite o problema. Por outro lado, ressalta que 2014 será marcado por um debate mais integrado que regionalizado. "Antigamente apenas o Sul era o celeiro do Brasil, mas hoje temos o Centro-Oeste. As fronteiras estão mudando."

De fato, para entender o preconceito no Brasil é necessário mais que um mapa. Aliado à cor da pele, há a discriminação pela pobreza. Que, talvez, seja a mais dura e difícil de ser superada.

Aí aparece Marina Silva, a neoaliada de Campos. Mulata acreana, cresceu na floresta e trabalhou como empregada doméstica. Ah, e é evangélica da Assembleia de Deus.

Marina é o retrato da self-made woman à brasileira. Contra tudo e todos, fez um quinto dos votos em 2010 e levou a disputa para o segundo turno entre Dilma Rousseff e José Serra. Conquistar 20% do eleitorado é uma coisa, atingir a maioria é outra bem diferente.

E quanto aos adversários da dupla Eduardo/Marina? Verdade seja dita, Dilma também sofreu para chegar ao Planalto. Muitos não engolem o fato de ela ser mulher, divorciada e ter se engajado na luta armada contra a ditadura (embora, segundo ela, sem pegar em armas).

Aécio Neves é boa pinta, acaba de se casar com uma lindíssima ex-modelo gaúcha, loira de olhos azuis. Mas não se engane, o tucano também tem seus estigmas, como a fama de playboy. E, sim, preconceito reverso também gruda.

Na ponta do lápis, há situações que a magia do marketing político consegue resolver. Ferramentas midiáticas para ressaltar virtudes e diluir fraquezas no horário eleitoral são o que não falta. É de se apostar que Campos, no final das contas, vai dar uma suavizada no pernambuquês, que Dilma vai aparecer mais mãezona do que nunca e que Aécio vai se esbaldar em um restaurante popular.

Em campanha, uma boa imagem vale mais que mil propostas.

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