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O argumento de todo nepotista que se preza ganhará novas nuances nos próximos dias. Ao escalar o irmão Eduardo como secretário especial da Representação do Paraná em Brasília, o governador Roberto Requião (PMDB) transcenderá a tese de que nomeia parentes porque eles são imprescindíveis para a administração do estado.

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Em linhas gerais, Roberto exalta o mano mais velho pela suposta transformação do Porto de Paranaguá em referência nacional. Tudo caminhava bem até que há três meses Eduardo foi impedido de continuar no cargo de superintendente do porto pela súmula antinepotismo.

Para remediar a situação, foi encaixado na Secretaria de Transportes, mas não topou assumir o posto sabe-se lá o porquê. Agora, reaparece como o nome mais indicado para representar o estado na capital federal – cargo que pouco ou nada tem a ver com a superintendência anterior.

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Uma análise pragmática pró-nepotismo leva à conclusão de que Eduardo é um gênio da administração pública, cheio de traquejo político. Com tantas opções oferecidas pelo governador, fica claro que se trata de um craque que joga nas 11, alguém fundamental para o futuro político do Paraná.

No mundo real, entretanto, o troca-troca é comparável à escalação de um jogador de futebol em um time de vôlei. Nem com muita farinha é possível engolir que alguém seja indispensável em tudo o que faz.

Ao desembarcar em Brasília, Eduardo terá duas opções: encarar o desafio de melhorar a longínqua relação entre o governo do estado e a bancada federal ou manter as coisas do jeito que estão. Se escolher pela primeira, é bom saber o que vem pela frente.

Durante os últimos seis anos, o Paraná teve dois secretários especiais em Brasília – o ex-senador Nivaldo Krüger e o deputado federal André Zacharow (PMDB). Ganha um doce quem citar alguma ação memorável para valer de ambos.

Além do glamour de possíveis costuras políticas, a função tem poucos encantos. O escritório paranaense no Distrito Federal é modesto, ocupa dois andares de um antigo prédio no setor bancário norte do Plano Piloto e tem um exíguo orçamento de aproximadamente R$ 50 mil mensais.

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A estrutura serve basicamente para assistir procuradores, secretários e, é claro, o governador, quando eles estão em alguma missão na capital. No mais, o trabalho é monitorar as cerca de 2,6 mil ações que envolvem o Paraná nas instâncias superiores da Justiça brasileira.

A 1,4 mil quilômetros de casa, Eduardo teoricamente também terá mais liberdade para articular voos próprios e desencavar, quem sabe, uma possível candidatura a deputado federal. A não ser que o próximo governador também veja nele os predicados para assumir qualquer posto. Numa dessas, talvez seja mais óbvio do que pareça que a verdadeira qualidade está no sangue.