Ao que tudo indica, Gleisi Hoffmann deve ser eleita em duas semanas a nova presidente estadual do PT. A vitória é um passo importante para a candidatura da esposa do ministro Paulo Bernardo à prefeitura de Curitiba, ano que vem. Articulada e com o apoio irrestrito da situação, só um milagre pode tirar o seu triunfo.
Se ocorrer, o milagre terá sotaque caipira e cadeira em Brasília. O deputado federal Assis do Couto, um dos menos badalados entre os 30 da bancada paranaense, é a cara de um PT que muita gente já ouviu falar no passado, mas que todo mundo dá como falecido no presente.
De maneira caricata, Gleisi e Assis são os opostos do partido.
Ela é advogada, pós-graduada em Gestão de Organizações Públicas e Finanças. Elogiada por Lula, foi a primeira mulher a ter cargo na diretoria de Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo. É da Chapa Construindo um Novo Brasil, que representa o antigo Campo Majoritário do PT o mesmo que já foi comandado por José Dirceu.
Ele é agricultor familiar, eleito com o apoio das cooperativas de pequenos produtores rurais. Estudou até a quarta série. É um bagrinho que tenta fazer redemoinho como vice-presidente da poderosa Comissão de Agricultura da Câmara, conhecida por abrigar os tubarões da bancada ruralista. É da chapa Mensagem ao Partido, que tenta limpar a nódoa mensaleira da legenda.
Assis fica chateado ao ser chamado de azarão. Mas sabe que não vai ganhar as eleições, já que a adversária tem maioria nos cinco diretórios municipais que somam mais da metade dos cerca de 45 mil votos em disputa Curitiba, Londrina, Ponta Grossa, Cascavel e Foz.
E aí que começam as discrepâncias. No Paraná, o PT nanico, do plantador modesto, é o que dá mais resultado. Das 23 cidades em que o partido tem diretório no Sudoeste, Lula ganhou em 22. Das 15 cidades com representação no Norte, perdeu em 8 inclusive em Londrina, único município de grande porte entre os 26 administrados atualmente pelo partido.
Assis sabe que sua maior vitória de sua derrota será levar esse PT que sim, está vivo à tona. Gleisi, por outro lado, sabe que vai ganhar. Mas a vitória só será brilhante se garantir que parte da alma do partido, perdida lá no interiorzão, volte a ser importante.
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Nos corredores
Viaduto para o porto O Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) abriu licitação na semana passada para a construção de um viaduto sobre a via férrea, na Rua Professor Cleto, em Paranaguá. A obra vai custar R$ 8 milhões e contou com o empurrãozinho do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes. Segundo a assessoria do ministério, a ajuda se deve ao fato de que a obra ajudará o escoamento da safra paranaense pelo porto.
Andando em círculos O senador Osmar Dias (PDT) aproveitou a reunião de terça-feira passada com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para falar da multa mensal de R$ 5 milhões aplicada pela União ao Paraná, por causa de uma dívida com o Itaú. Depois de muito argumentar, ambos chegaram à conclusão de que a melhor solução para o problema é uma emenda a uma medida provisória. Exatamente como a emenda que Osmar fez em agosto, mas que foi derrubada em plenário, sem apoio do governo.
Beto e a Copa Se o governo do estado não se mexe e a bancada federal se distancia, agora vai ser a vez da prefeitura tentar convencer a CBF a tornar Curitiba uma das sedes da Copa do Mundo de 2014. Nas próximas semanas, o secretário municipal de esportes, Neivo Beraldin, deve agendar uma reunião com Ricardo Teixeira. O encontro só não foi concretizado nos últimos dias porque o prefeito Beto Richa (PSDB) estava na China.
Na ponta do lápis O deputado federal Gustavo Fruet (PSDB) já solicitou informações ao governo federal sobre a megarreserva de petróleo de Tupi, na Bacia de Santos. Ele repassará os dados ao geólogo e professor da Universidade Federal do Paraná, Paulo César Soares, que fará os cálculos das cidades e estados que podem ser beneficiados com royalties da extração do petróleo. Preliminarmente, ele não acredita que o Paraná possa ter algum benefício.
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"A CPMF não tira de quem não tem, não é um Robin Hood às avessas. São os banqueiros que mais comemoram."
Alvaro Dias (PSDB), durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado que aprovou a prorrogação da CPMF.
agoncalves@gazetadopovo.com.br