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Beto Richa reelegeu-se prefeito de Curitiba no ano passado com uma gigantesca coligação que reunia 11 partidos, ou seja, 42% das 26 legendas que entraram na disputa. Juntou na "chapona" gente de direita (DEM), centro (PPS) e esquerda (PSB). Informalmente, contou ainda com o apoio de parte do PMDB, o maior partido do Paraná (e do Brasil).

Uma aliança descomunal, diziam alguns. Um enorme Frankenstein, pensavam outros. O fato é que, no Brasil, vencer uma eleição é como fazer uma compra a prazo – a conta sempre chega mais adiante e, dependendo do negócio, os juros são mais altos que o valor do produto.

Pois, além da megacoligação, o comitê de Beto Richa ainda dividiu o nanico PRTB, único parceiro do candidato Fábio Camargo (PTB). Na prática, disputou a eleição com 11 partidos e meio (sem contar uns 30% invisíveis do PMDB). A estratégia inegavelmente deu resultado. O prefeito foi reeleito no primeiro turno com acachapantes 77,27% dos votos.

Com uma aliança de seis partidos, a petista Gleisi Hoffmann ficou em segundo lugar com 18,17%. Fábio Camargo e seu partido e meio ficaram em antepenúltimo lugar (entre oito nomes), com 0,53%. Digamos que se tivesse contado com todo o apoio do PRTB subiria uns 0,2%.

Já Beto Richa não cairia dos 77%. E, se caísse, tanto faz como tanto fez.

Eis que na semana passada, nove meses após a eleição, apareceram os vídeos em que os rebeldes do PRTB recebem dinheiro – supostamente em troca de apoio à chapa do prefeito. A gravação parece um remake de filme velho, mas os atores com certeza têm uma atuação acima da média. O resultado final faz tremer – tanto quanto as mãos de Manasses de Oliveira ao falsificar a assinatura de recibos.

Sim, essa é a fatura que ainda faltava chegar. Independentemente do envolvimento de alguém do comitê de Beto Richa, o que não está comprovado, o preço é alto demais. Seria como trocar 0,2% dos votos pelo mandato de prefeito e, além disso, a candidatura a governador em 2010.

A história toda serve de lição. Em política, nem sempre vale a pena fechar todos os espaços. Sem relativizar, Roberto Requião (PMDB) foi reeleito para o Palácio Iguaçu em uma coligação que contava apenas com o pequeno PSC. Ganhou autonomia para fazer o que quer no governo, apesar das pequenas concessões ao PT e ao próprio PSDB.

Já Beto Richa entrou na disputa do ano passado com uma gestão sempre aprovada por mais de 80% dos curitibanos. Só eles já garantiriam uma vitória com os pés nas costas. Daria muito menos dor de cabeça contar apenas com o apoio dessa gente.

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Nos corredores

Guerra no Paraná

O presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, visitará Curitiba nos próximos dias. O senador pernambucano nega, mas possivelmente a viagem servirá para aparar as arestas entre Beto Richa e o senador Alvaro Dias, citado como um dos mentores do vídeo que complica o comitê eleitoral do prefeito no ano passado. Guerra também deve preparar terreno para a realização de prévias entre os presidenciáveis José Serra e Aécio Neves. Se é que elas vão mesmo ocorrer.

São João

As festas juninas da semana passada foram uma espécie de recesso branco para os congressistas do Nordeste. O esvaziamento prejudicou, principalmente, as votações no Senado, que ocupou a maior parte do tempo com explicações sobre os 663 atos secretos da Casa nos últimos 14 anos. Pedro Simon (PMDB-RS), por exemplo, pediu o afastamento de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado para uma plateia de oito senadores. Os três senadores do Paraná mantiveram as presenças em dia.

Falando Francamente

O programa de entrevistas Falando Francamente, produzido pela Paraná Educativa em Brasília, chegou à sexta edição na semana passada. Pela primeira vez, o entrevistado não foi do PMDB. O escolhido foi o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT). Antes de estrear, o governador Roberto Requião prometeu que o espaço seria marcado pela pluralidade.

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