Nos corredores

Um repórter no Caribe

A participação do vice-governador Orlando Pessuti (PMDB) durante o anúncio das cidades que vão sediar jogos da Copa do Mundo de 2014 ganhou destaque na imprensa nacional. Além do famoso grito de "uh-hu" quando Curitiba foi anunciada, Pessuti teria chamado a atenção por ter tentado participar da coletiva de imprensa do evento, em Nassau. Segundo o Jornal do Brasil, ele chegou a levantar a mão para fazer uma pergunta a Ricardo Teixeira. Só não conseguiu porque a organização da cerimônia percebeu a gafe e não deixou.

Flávio Arns e a Copa

Flávio Arns (PT) vai instalar na próxima semana a Subcomissão do Esporte no Senado. O grupo de trabalho será subordinado à Comissão de Educação, presidida pelo paranaense. Segundo ele, há condições de a subcomissão atuar como uma frente de investigação do uso de recursos públicos na Copa de 2014. Ao contrário do que se esperava, o presidente não será Alvaro Dias (PSDB), mas o gaúcho Sérgio Zambiasi (PTB).

Bunker paralelo

Alvaro Dias levou a sério a promessa de fazer uma CPI "paralela" da Petrobras. A rotina de trabalho do gabinete do senador mudou drasticamente desde a semana passada, com a chegada de novos consultores dedicados especialmente à investigação. Alvaro é um dos três oposicionistas escalados para a CPI "normal", que deve ter presidente e relator indicados nesta semana pela ampla maioria de 11 governistas.

CARREGANDO :)

Um fantasma do PSDB persegue as discussões sobre a candidatura de Beto Richa a governador do Paraná em 2010. O nome dele é Pimenta da Veiga.

Há quase duas décadas, o jovem e promissor prefeito de Belo Horizonte chamava a atenção por adotar novas práticas de gestão, como a administração participativa nos bairros. A estratégia dava certo, empolgava a população.

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Pimenta da Veiga havia sido eleito em 1988. Dois anos depois, sucumbiu à popularidade e resolveu se candidatar ao Palácio da Liberdade. Deu o passo maior do que a perna. Os eleitores de BH interpretaram a atitude como uma traição e aplicaram-no um severo castigo.

Ele não chegou nem ao segundo turno, disputado entre Hélio Costa (atual ministro das Comunicações) e Hélio Garcia, que venceu o páreo. Em 1994 e 1998, conseguiu eleger-se deputado federal e foi ministro das Comunicações (1999 a 2002), mas nunca mais recuperou o brilho dos tempos de prefeito.

Corta para Curitiba.

Há oito meses, Beto Richa foi reeleito com 77,27% dos votos válidos. Com uma popularidade sempre acima de 80% na capital, transita em Brasília e no interior do Paraná como candidatíssimo ao Palácio Iguaçu.

Mas o que o eleitor curitibano realmente pensa sobre essa hipótese? Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado há seis meses mostrava que 60% dos eleitores da cidade ficariam satisfeitos se Beto Richa deixasse a prefeitura para concorrer a governador.

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Outros 31% disseram o contrário. Os números são favoráveis, mas não significam que Beto sairia ileso. Até porque são temporais e porque os adversários do prefeito em 2010 vão se desdobrar para mostrar à população a suposta traição inerente ao abandono do mandato.

Será praticamente impossível evitar esse estigma, mas há como amenizá-lo. José Serra (PSDB) mostrou que o antídoto existe –quando ele deixou a prefeitura de São Paulo em 2006 para ser eleito governador.

E qual a diferença entre os casos de Pimenta da Veiga e José Serra? Em primeiro lugar, o paulista era muito mais experiente e conhecido do que o mineiro.

Em segundo lugar, São Paulo é uma megalópole, com características diferentes de BH. Por último, Serra enfrentou adversários bem menos temíveis do que Pimenta da Veiga.

Em uma comparação com os dois, Beto Richa estaria exatamente no meio termo. É mais popular e experiente do que o colega mineiro, mas não chega perto do faro político de Serra.

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Nessas duas situações, o passado mostra que há o que temer, mas que a ousadia pode ser recompensada. Por enquanto, parece ser nisso que Beto Richa se ampara.

Apesar de agir como candidato, ele não se assume dessa maneira. À primeira vista, parece hipócrita. Mas é a melhor estratégia para evitar que os concorrentes – especialmente os irmãos senadores Alvaro Dias (PSDB) e Osmar Dias (PDT) – joguem pimenta em uma escolha que parece irreversível.