Nos corredores
Sem palavras
De saída amanhã da Casa Civil, Gleisi Hoffmann não deve discursar no evento de transmissão de troca de ministros que também mexe com Educação, Saúde e Secretaria de Comunicação Social. A tendência é que apenas a presidente Dilma Rousseff fale durante a cerimônia. Gleisi deve reassumir a cadeira no Senado amanhã mesmo.
Menos político
A Esplanada dos Ministérios perdeu um ministro paranaense, mas ganhou outro. Thomas Traumann, que substitui Helena Chagas na Secretaria de Comunicação Social, nasceu em Rolândia. Com passagens por Folha de Londrina, O Estado do Paraná, Folha de S. Paulo, Veja e Época, deixou o estado em 1994. Desde 2012, era porta-voz da Presidência e, ao contrário da conterrânea Gleisi, chega ao cargo mais pelo perfil técnico que pelo político.
Troca na coordenação
A bancada do Paraná no Congresso vai trocar de coordenador na próxima semana. O deputado federal Marcelo Almeida (PMDB) será substituído por Assis do Couto (PT). Almeida é suplente do atual secretário estadual da Casa Civil, Reinhold Stephanes (PSD), que volta ao Parlamento até abril.
Procura-se administrador, com perfil de liderança e comprometimento. Disponibilidade para viajar, trabalhar nos fins de semana e ficar longe da família. Contrato de quatro anos (renovável por mais quatro), salário líquido acima de R$ 20 mil, moradia, alimentação, cartão corporativo, transporte, segurança e outras despesas cobertas.
Se o eleitor recorresse a um anúncio de jornal para buscar candidatos a governador ou presidente da República, não seria necessário nada muito diferente disso. A diferença é que ninguém vai até um político pedir, por favor, me governe. São eles que fazem de tudo pelo seu voto.
Esqueça a ingenuidade do processo. Quem concorre a um cargo público no Executivo sabe o rojão que terá de segurar em caso de vitória. Tem noção de que, depois de colocar a faixa, vai tirar férias de sua vida privada por quatro anos.
Também não quer dizer que os políticos estão terminantemente proibidos de se divertir. Ainda não inventaram governantes robôs, embora alguns deles sejam tão insossos que parecem funcionar sempre no automático.
As regras de lazer são bem simples, embora não estejam escritas no contrato de trabalho: 1) Faça o que quiser, desde que isso não comprometa a imagem daqueles que você representa; 2) Use o seu próprio dinheiro (você tem salário para isso); 3) Lembre-se de que não existe almoço, nem carona, nem hospedagem grátis.
Difícil encontrar quem siga esses mandamentos, ou melhor, que não se revolte contra eles no meio do jogo. Na semana passada, Dilma Rousseff ficou visivelmente descontente com as notícias sobre a polêmica escala em Portugal, no meio de uma viagem oficial entre Suíça e Cuba. A questão é que não foi a primeira vez houve pelo menos outras três escapadas internacionais idênticas desde 2011 (a Granada, Marrakesh e Agra).
Em dezembro de 2012, o governador Beto Richa (PSDB) foi ao kartódromo do parque Beto Carrero em um avião pago por uma empresa do ramo de alimentação. Na época, afirmou que se tratava de uma "pauta particular".
O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), usou avião da FAB para ir a um casamento e fazer implante capilar, enquanto o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), pegou o jatinho pago com dinheiro público para assistir à final da Copa das Confederações. Sem dúvida, também são "pautas particulares".
Ninguém tem dúvidas do estresse que é a vida de todos eles, nem que outros antes deles fizeram passeios muito mais questionáveis. As profundas olheiras de Dilma na foto com o chef do restaurante português provam que a vida de presidente é dureza. A questão é que não há motivos para colocar os políticos num Olimpo, onde eles podem fazer o que dá na cabeça.
Na Alemanha, acompanhantes pessoais da primeira-ministra Ângela Merkel, inclusive parentes, precisam pagar pela carona no avião governamental (e é preço de primeira classe). Nos países nórdicos, usar aviões de empresários pode dar suspensão ou perda de mandato. Aposto que a senhora Merkel tem a mesma vontade de Dilma de dar uns rolezinhos à vontade, bem longe de jornalistas, tão inconvenientes por lá quanto aqui.
Se serve de consolo para tanto desgaste, vale lembrar que o mandato é temporário e que logo depois o cerco acaba. Só é bom frisar, de novo, que são eles que se candidatam a esse martírio. Algo de bom deve ter.
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