Nos corredores

Claque do PMDB

As sabatinas feitas pela Folha de S. Paulo/UOL com Beto Richa e Osmar Dias na semana passada ficaram marcadas pela presença de claques de ambos os candidatos entre a plateia que compareceu ao teatro Paulo Autran, em Curitiba. Na de Osmar, foi curiosa a torcida de peemedebistas pró-Requião, que vibravam quando o senador atacava posturas "privatistas" de Beto. Só ficaram decepcionados – e muito – quando Osmar disse que não vai manter a famosa Escolinha de Governo de Requião.

Gafes paulistas

Outro momento que levantou a torcida de Osmar foi quando um dos entrevistadores errou o nome de Beto Richa ao chamar o público para a sabatina do dia seguinte. Beto foi chamado de "José Richa" e de "prefeito" (ele renunciou ao cargo em abril). Outra gafe dos paulistas foi tentar relacionar Osmar ao primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, Alexandre Curi (PMDB). No olho do furacão do escândalo dos Diários Secretos, o deputado peemedebista sempre apoiou Beto.

À custa do Planalto

Manchete de ontem do jornal O Globo acusa a participação indevida de ministros na campanha eleitoral.

O alvo principal é o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha. Para comprovar a campanha à custa do Palácio do Planalto, o texto cita uma viagem de Padilha a Curitiba em julho, quando ele se encontrou com Osmar Dias e Gleisi Hoffmann. O ministro registrou o encontro no Twitter.

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Que atire a primeira pedra quem nunca pegou ou pelo menos viu alguém juntar santinhos do chão para decidir em quem votar no dia da eleição. Segundo pesquisas, a disputa pelo Senado é a mais atingida por esse tipo de escolha. O que ajuda a explicar a sucessão de escândalos envolvendo a Casa nos últimos anos.

Ao não refletir sobre quem elege, o eleitor acaba agindo infantilmente. Vota naquele que é mais conhecido. Ou faz uma transferência automática entre aquele que escolheu para presidente ou governador.

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Por isso o Senado carrega a fama de "cemitério de elefantes", terra de oligarcas regionais que normalmente já ocuparam cargos importantes e não querem sair de cena – vide José Sarney e Fernando Collor. Os mais pomposos dizem que se trata da "casa da maturidade", como se isso fosse bom. Pura balela.

O Senado é ponto nevrálgico da federação. Ao contrário da Câmara dos Deputados, que representa o povo, ele é a voz dos estados. Cada senador é um embaixador do seu estado nas discussões sobre os interesses da nação.

No sistema de pesos e contrapesos da democracia brasileira, cabe ao Senado – talvez mais do que à Câmara – fazer o balanço mais significativo em relação às decisões do Poder Executivo. Foi lá que o presidente Lula passou por alguns raros apuros com a oposição, como na votação que extinguiu a votação da CPMF. Lições que foram bem assimiladas.

Além da eleição de Dilma Rousseff, Lula tem outra prioridade evidente. Quer um Senado governista, que não cause problemas para uma presidente inexperiente e com pouco traquejo político. Tudo indica que será muito bem-sucedido.

Estimativas apontam que quase 70% dos favoritos nas eleições para senador declaram apoio formal a Dilma. Números do próprio PT esperam que a bancada governista fique entre 55 e 60 parlamentares. Para aprovar uma emenda constitucional, como a da prorrogação da CPMF, por exemplo, são necessários 49 votos.

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Fica a pergunta: é correto alinhar os votos entre presidente e senador? Depende. Por mais estranho que pareça, é coerente fazer qualquer tipo de combinação. É lógico votar em um candidato a presidente de um partido e a um senador de outro para estimular o equilíbrio entre poderes. Mas também faz sentido escolher um senador governista para poupar o presidente de barganhas legislativas.

Sem contar que também é importante colocar a escolha para governador nessa salada.

No caso paranaense, duas chapas distintas se apresentam ao eleitor. Aparentemente.

De um lado, Gleisi Hoffmann (PT) e Roberto Requião (PMDB), que apoiam Dilma e Osmar Dias (PDT). Do outro, Gustavo Fruet (PSDB) e Ricardo Barros (PP), coligados a José Serra (PSDB) e Beto Richa (PSDB). Não é errado, seja do ponto de vista ideológico ou pragmático, misturá-las.

Até porque Requião já atacou Dilma para tentar se viabilizar como candidato a presidente. E o hoje serrista Barros já foi líder do governo Lula na Câmara.

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Fundamental mesmo, no entanto, é escolher o candidato com algum grau de reflexão. Quem deixa a eleição para o Senado por último, não tem do que reclamar. Recorrer ao santinho, nesse caso, é o maior pecado.