Nos corredores
Bíblia de Marina
Alvaro Dias (PSDB) guarda uma recordação da convivência com Marina Silva (PSB) no Senado. O tucano recebeu da antiga colega uma bíblia encapada com o nome dele. O paranaense lembra que sempre manteve uma relação cordial com a presidenciável no Congresso.
Aécio tardio
Alvaro também foi chamado na semana passada, pele primeira vez, para gravar depoimento de apoio à candidatura de Aécio Neves (PSDB). Em queda, Aécio estaria recorrendo tardiamente a todas as lideranças do partido com potencial de voto em grandes colégios eleitorais.
No muro
Dos três principais candidatos ao Senado sabatinados pela Gazeta do Povo, só Ricardo Gomyde (PCdoB) criticou abertamente Marina Silva (PSB). Alvaro e Marcelo Almeida (PMDB) apoiam Aécio e Dilma Rousseff, respectivamente, mas deram declarações amistosas sobre a ex-senadora.
Pesquisas de comportamento do eleitor brasileiro mostram que a definição do voto para senador é última, atrás da escolha do presidente, governador, deputado estadual e federal. Na média, a decisão é empurrada para os últimos cinco dias de campanha. Sem tempo (e vontade) para pensar, vence a lógica do mais conhecido e do quem está com quem.
Ouvi em 2010 de um candidato ao Senado que o fundamental era colar a imagem no favorito para o governo do estado. Depois, forrar o Paraná de santinhos no dia da eleição. "O sujeito junta a propaganda do chão, vê a sua foto com o governador e decide na hora", dizia o político, que não ganhou, mas teve um desempenho impressionante.
Outra anedota curiosa que corre solta nos corredores do Congresso Nacional: ser senador é chegar ao céu sem precisar morrer. Afinal, é o único cargo eletivo com oito anos de mandato. Além da estabilidade, ainda dá para manter influência e beliscar uma eleição de governador sem nem precisar se licenciar.
Quase toda disputa pelo Palácio Iguaçu tem um candidato que está no meio do mandato de senador. Roberto Requião (PMDB) usou a estratégia duas vezes, em 1998 e 2014, José Richa (PSDB), em 1990, Alvaro Dias (PSDB), em 2002, Flávio Arns (então no PT) e Osmar Dias (PDT), em 2006, e Gleisi Hoffmann (PT), em 2014. Sem contar a atual disputa, todas as tentativas têm algo em comum nenhum deles ganhou nessas circunstâncias.
Osmar foi o que passou mais perto, não desbancou Requião em 2006 por uma diferença de 10 mil votos. Sobre aquela eleição, o ex-senador costuma contar a bronca que recebeu de um eleitor indignado: "votei em você para o Senado quatro anos antes e é lá que eu quero que você fique até o final do mandato".
A reflexão faz todo sentido. Afinal, quando alguém se candidata para determinado cargo público se predispõe a um pacto com a população. Como em um contrato como qualquer outro, uma das condições é o prazo, ou seja, o mandato.
Não é necessário ficar amarrado ao acordo. O mais correto, no entanto, seria desfazer-se do atual mandato para pedir outro. Por desfazer-se, leia-se renunciar mesmo, o que já é obrigatório, por exemplo, quando um governador decide candidatar-se a governador.
Políticos tradicionais tem uma resposta para isso na ponta da língua. Dizem que as eleições são o auge do debate público e é preciso que escalar os melhores nomes para participar. Na verdade, é apenas uma justificativa para que alguns tenham direito a saltar numa disputa eleitoral de paraquedas - e outros não.
Enquanto atuais senadores tentam ser governadores e até presidente (caso do tucano Aécio Neves), a campanha por uma cadeira paranaense na Casa dos Estados, como é conhecido o Senado, segue morna, quase fria. Favorito, Alvaro Dias (PSDB) busca a segunda reeleição seguida contra um time de novatos puxados por Marcelo Almeida (PMDB) e Ricardo Gomyde (PCdoB).
Mais do que quem vai ganhar, a dúvida é saber se o eleito vai mesmo ficar na vaga até 2022. Certeza é que a situação só muda quando o eleitor resolver fazer esse tipo de cobrança.
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