Nos corredores
Nas mãos de ACM Júnior
O projeto de resolução do Senado que acaba com a multa do Banestado tomou um atalho ao contrário na semana passada. No dia em que a proposta seria votada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), foi remetida à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), graças a uma intervenção do DEM. Na CCJ, caiu nas mãos de um dos senadores que mais desconfia da constitucionalidade do texto, o baiano ACM Júnior. Membro da CAE, ele foi um dos senadores do DEM que pediu uma nova análise da proposta.
Brasília é Londrina...
Os deputados federais Barbosa Neto (PDT) e Luiz Carlos Hauly (PSDB) adotam a mesma estratégia ao serem perguntados sobre um possível novo segundo turno em Londrina o silêncio. Nos bastidores, porém, é notório que ambos já começam a se preparar para o confronto. Eles estudam os discursos e ações um do outro referentes à cidade após a confusão eleitoral que deve tirar Antonio Belinati (PP) do páreo. Barbosa Neto e Hauly têm antipatia recíproca e protagonizaram os ataques mais duros do primeiro turno da eleição.
... E cada um por si
Belinati teve o registro de candidatura cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e os recursos impetrados pela defesa dele contra a decisão devem ser julgados amanhã. Há pouca chance de reversão e o caso deve parar no Supremo Tribunal Federal (STF). Após o TSE referendar a cassação, Hauly (que perdeu o segundo turno para Belinati) também deve recorrer ao STF para ser empossado.
Deputados federais e senadores receberam o presente de Natal com antecedência. Não que eles tenham necessariamente se comportado bem durante o ano, mas o Datafolha apontou aprovação recorde da atual legislatura. Segundo a pesquisa, 19% dos brasileiros classificam como boa ou ótima a atuação dos parlamentares.
O dado não é nenhuma maravilha, afinal menos de uma a cada cinco pessoas diz gostar do trabalho das excelências, contra 31% que consideram ruim ou péssimo. Só que, de março para dezembro, o índice de aprovação cresceu cinco pontos porcentuais, uma evolução incontestável. Será que enfim o Congresso Nacional começa a melhorar a sua sempre avacalhada imagem?
Sim e não. Uma comparação com o ano passado mostra que a única diferença foi uma relativa maneirada nos escândalos. Não houve nada que se compare ao furacão Mônica Veloso, que destroçou o Senado e o prestígio de um dos maiores caciques da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A agonia do alagoano durou mais de um semestre até que ele renunciou à presidência da Casa mas contou com a condescendência dos colegas para não ser cassado. Em 2008, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) até conseguiu ser levado ao paredão na Câmara. Como a história do sindicalista era mais leve, sem direito a escapadelas conjugais e inspiração de capas à Playboy, ele acabou, assim como Renan, absolvido.
Na elaboração de leis, nada de grandes avanços. Destaque para a ampliação da licença-maternidade, a obrigação de estabilidade no emprego por 12 meses para o pai de crianças em gestação e a lei contra a pedofilia. Petiscos diante do trabalho do Supremo Tribunal Federal, obrigado a cumprir o papel do Legislativo ao criar ou reforçar normas importantíssimas para o nepotismo, células-tronco e fidelidade partidária.
Talvez a cena que melhor sintetize a situação atual do Congresso Nacional seja o choro do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), durante uma missa na última quinta-feira. A cerimônia era uma comemoração ao encerramento dos trabalhos legislativos, que acabam no dia 23. O erro de interpretação não é seu leitor, foi sim uma celebração com 12 dias antes de antecedência, um fim de festa muito (muito mesmo) adiantado.
Garibaldi chorou ao fazer um balanço da sua gestão. Na ponta do lápis, não dá para dizer que foi uma administração ruim. O potiguar de fala mansa comprou brigas com o Palácio do Planalto por causa do excesso de medidas provisórias e acalmou a opinião pública com seu jeitão devagar quase parando.
O problema do Congresso Nacional desta vez não veio da direção Arlindo Chinaglia (PT-S) também tem sido um bom presidente da Câmara. A questão é a falta de rumo que assola a maioria dos parlamentares. Aquela sensação de que é melhor que acabe tudo rápido, de que a vida pública é só feita de uma eleição após a outra.
Sim, a aprovação aumentou e tem os seus motivos. Pena que estejam ligados ao fato de que, para o brasileiro, não atrapalhar já ajuda muito.
agoncalves@gazetadopovo.com.br
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