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Nos Corredores

Menos campanha

O deputado federal Ratinho Júnior (PSC) promete fazer uma campanha mais curta que a dos dois principais adversários na disputa pela prefeitura de Curitiba, O motivo, segundo ele, é a falta de dinheiro. "Não tenho o apoio de nenhuma máquina: municipal, estadual ou federal", explica. Ele conta que a estratégia será concentrar esforços (e gastos) só a partir de agosto.

Vira-casacas

Na contramão das máquinas, o deputado foi o candidato com o maior patrimônio declarado à Justiça Eleitoral – R$ 7,5 milhões. Também estipulou gastos com a campanha de R$ 18 milhões, R$ 5,5 milhões a menos que Ducci, R$ 2 milhões a mais que Fruet.

Rubens e Collor

Ao justificar os motivos pelo qual não pedirá licença do mandato de deputado federal para dedicar-se à campanha municipal como vice na chapa de Ducci, Rubens Bueno (PPS) relembra o impeachment de Fernando Collor. Em 1992, ele também era deputado e candidato a prefeito de Campo Mourão. Se tivesse se licenciado, não poderia ter participado da votação que tirou Collor da Presidência, que ocorreu quatro dias antes do primeiro turno.

Já dizia Lula nos últimos meses como presidente que em político sem mandato nem o vento bate nas costas. É verdade. Desaparecem os bajuladores, as bocas-livres e até o interesse da imprensa.

Mas será que isso é tão importante na vida de uma pessoa normal? Bem, políticos não são pessoas normais. O exercício do poder vicia, é uma "cachaça", como muitos deles gostam de exemplificar.

Por isso é de cair o queixo a renúncia do deputado federal Maurício Rands (PT-PE), formalizada há dez dias. Rands não concordou com a intervenção autoritária da direção nacional petista na escolha do candidato à prefeitura do Recife. Ele participou das prévias, mas a disputa foi anulada e o partido indicou, de cima para baixo, o nome do senador e ex-ministro da Saúde, Humberto Costa.

Rands estava licenciado da Câmara e ocupava desde o ano passado a secretaria de Governo de Pernambuco, cargo nobre na gestão de Eduardo Campos (PSB). Na verdade, a renúncia foi tripla. Ele desistiu ao mesmo tempo de ser deputado, filiado ao PT e secretário estadual.

Nos corredores do Congresso, os parlamentares tiveram dois tipos de reação à conduta de Rands. Parte achou que foi uma maluquice, um impulso intempestivo. Outros acreditaram que foi uma jogada de marketing para voltar por cima nas eleições de 2014.

Ambas as hipóteses fazem sentido. Mas há uma terceira: Rands é advogado especializado em Direito do Trabalho, com doutorado na Universidade de Oxford, na Inglaterra. Em outras palavras, o sujeito não precisa se encostar na política para ganhar a vida.

Claro que pouca gente deu atenção à epopeia do deputado que abandonou a vida pública em tempos de cassação do paladino da ética no Senado, Demóstenes Torres. Afinal, é sempre mais dramático ver alguém saindo enxotado do que por conta própria. Aliás, teria sido bem mais digno da parte de Demóstenes caso ele tivesse dado uma banana aos colegas que o cassaram.

Se ele tem mesmo a consciência tranquila sobre suas relações com Carlinhos Cachoeira, era só ir ao plenário e enumerar um a um os podres dos parlamentares que queriam sua cabeça. Mas Demóstenes fez o contrário. Só faltou se ajoelhar quando pediu desculpas por seu passado belicoso na tribuna.

Em Brasília, os Rands são exceção e os Demóstenes são a regra. É só dar uma olhada na trajetória dos caciques da política nacional. José Sarney começou a carreira em 1954 como suplente de deputado federal e depois nunca mais largou o osso.

Dominado por ex-governadores, o Senado é como um cemitério de elefantes. Gente que quer usar o espaço como trampolim para pular de volta para o Executivo. São os políticos profissionais.

Em sua defesa, eles dizem aos quatro ventos que estão lá por desejo do povo. Não é bem assim.

O fato é que eles usam o poder do mandato para dominar as estruturas partidárias, construir projetos em torno de si e evitar as possibilidades de renovação. Muitos posam de líderes democráticos, mas na verdade estão sequestrando o que há de bom na democracia. O resultado é que você tem o direito de votar, mas apenas nos candidatos escolhidos pelos outros.

Nesse cenário, desapego é artigo de luxo. Quem entrou na roda, não quer mais sair. Raramente, por espírito público. É por falta de opção de trabalho no mundo real mesmo.

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