| Foto: Leonardo Prado/Câmara dos Deputados

Em meio às polêmicas da Lava Jato, o juiz Sergio Moro não parece ter mudado a rotina. Na quinta-feira (17), enquanto manifestantes faziam um ato em frente à Justiça Federal, trabalhou normalmente. À noite, proferiu uma palestra sobre lavagem de dinheiro. Ao falar sobre impunidade, soltou uma indireta. “Tem parlamentar, que eu não vou citar nome, que tem mandado de prisão internacional e está aí. Como que fica?”, questionou, referindo-se a Paulo Maluf (PP-SP, foto).

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Aliás...

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Maluf está na comissão que vai analisar a possibilidade de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) na Câmara dos Deputados.

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Irmã mais velha

A Lava Jato, embora seja a maior operação contra a corrupção já registrada no Brasil, não possui um roteiro inédito no combate a essa prática pelo mundo. A “irmã mais velha” é italiana e foi batizada de Operação Mãos Limpas. Desencadeada em 1992, com cerca de 5 mil investigados, a operação por lá levou até a suicídios de políticos e empresários, mas, ainda hoje, mantém a Itália no 69.º lugar no ranking mundial da corrupção.

Premonição

O juiz federal Sergio Moro, responsável pela condução dos processos em primeira instância da Lava Jato em Curitiba, escreveu em 2004 um artigo sobre a operação italiana. No documento, Moro chegou à conclusão de que o caso poderia vir a ter uma versão nacional. “No Brasil, encontram-se presentes várias das condições institucionais necessárias para a realização de ação judicial semelhante”, diz um trecho do artigo. Na palestra de quinta-feira (17), Moro chegou a citar erroneamente Mãos Limpas no lugar de Lava Jato.

Semelhanças até demais

Na Itália, a operação Mãos Limpas acabou trazendo consequências ruins para o cenário. A partir do terceiro ano da operação, os procedimentos usados na investigação começaram a ser duramente questionados e isso representou o fim da operação. Os atores políticos mudaram, mas a corrupção continua a mesma. No Brasil, a história parece estar se repetindo...

Mudanças

Para o advogado Marlus Arns de Oliveira, este é o momento de aprender com os erros da operação italiana e provocar mudanças positivas no Brasil. “Está sendo seguido o script do artigo que ele [Sergio Moro] escreveu em 2004”, diz sobre o andamento da Lava Jato no Brasil. Para ele, falta atitude dos poderes Executivo e Legislativo. “Os políticos vão ter que mudar. Estamos em uma encruzilhada. No empresariado está mudando”, garante.

Frase

“Não tem nenhum Protógenes [Queiroz, ex-delegado, atual deputado federal, que atuou em operações frustradas da PF] aqui, que quer ser herói ou aparecer, que fica forçando a barra no relatório para demonizar o investigado, não. Os investigados são investigados, não tem porque demonizar, se cometeram erros, vão pagar”

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Eduardo Mauat, delegado da Polícia Federal e integrante da força-tarefa da Lava Jato.