O ex-assessor do deputado José Janene, João Claudio Genu (foto), protagonizou um dos melhores depoimentos que a Lava Jato já testemunhou. Preso no dia 23 de maio, na 29ª fase da operação, ele foi ouvido dois dias depois pelo delegado da Polícia Federal Luciano Flores. Na primeira parte da oitiva, Genu demonstra sua vontade de colaborar. Para “pesar” a relevância do que tem a falar, diz que tem em seu poder o “início de toda história”. O ex-assessor também trata de episódios de Janene, morto em 2010. O mais criticado é o doleiro Alberto Youssef, com quem Genu convive hoje na Superintendência da PF em Curitiba. O ex-assessor o chama de “mentiroso”, diz que ele “vazava informações” e afirma que o doleiro “roubava” dinheiro de Janene. O blog Delações Não Premiadas (www.gazetadopovo.com.br/blogs/delacoes-nao-premiadas) selecionou outras partes da oitiva.
Balde de água fria
A decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), de mandar soltar o ex-ministro Paulo Bernardo (PT), caiu como um balde de água fria na força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. Houve indignação entre integrantes da operação. “Todo o esforço da Lava Jato parece ter sido em vão”, disse um investigador, desanimado. O caso, embora tenha sido transferido para São Paulo, começou a ser apurado pela equipe do Paraná – que considera ter levantado provas robustas contra Bernardo, usadas pelos paulistas para prender o ex-ministro. A defesa do petista nega que ele tenha cometido irregularidades.
Malabarismo
Integrantes da força-tarefa consideraram que a decisão de Toffoli foi um “malabarismo jurídico”, já que ele concedeu um habeas corpus contra a decisão de um juiz de primeira instância que nem mesmo havia sido apreciada em segundo grau. Também houve quem questionasse a rapidez do ministro. Circulou entre os investigadores um estudo da FGV Direito Rio mostrando que Toffoli leva em média 29 dias para analisar uma liminar. “Nesse caso [de Paulo Bernardo], foram dois dias”, afirmou o integrante da força-tarefa. Para soltar o petista, Toffoli argumentou que o pedido de prisão não tinha elementos concretos de participação de Bernardo no suposto esquema de corrupção.
Redução da pena
O ex-ministro José Dirceu tenta reduzir sua pena com leituras e prestação de serviços no Complexo Médico Penal (CMP), em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, onde está preso. Entre as leituras estão as biografias dos ex-presidentes da República FHC e Getúlio Vargas. A ocupação dele no presídio é cuidar da biblioteca.