Pode ser que seja apenas choro de perdedor. Mas pode ser também que tenham fundamento as denúncias de Oscar Jucá, o irmão do líder do governo no Senado, Romero Jucá, demitido na diretoria financeira da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) por autorizar irregularmente o pagamento de dívida de R$ 8 milhões a empresa registrada em nome de dois "laranjas".

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Ele acusa o próprio ministro na Agricultura, Wagner Rossi, de comandar um esquema de corrupção "pior" do que aquele que levou o governo a promover 27 demissões no Ministério dos Transportes.

Rossi é do PMDB – partido que ocupa três das cinco diretorias da Conab – e foi indicação direta do vice-presidente Michel Temer. A acusação, se verdadeira, atingiria o partido que na semana passada chegou a redigir uma nota oficial exortando os "órgãos de controle" a cumprirem seu dever de fiscalizar sem dó nem piedade todas as suspeitas irregularidades na administração federal, envolvendo o PMDB ou qualquer outro partido da coalizão governamental.

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Os peemedebistas estavam especialmente desconfortáveis com versões de que seriam poupados da ofensiva ética para evitar retaliações ao governo no Congresso. Da nota não se teve mais notícia – pelo visto achou-se por bem não oficializar por escrito a defesa da transparência.

O governo, de seu lado, rechaçou desconfianças de que a limpeza poderia ser seletiva, limitando-se ao mal-afamado e combalido PR. "Vai continuar", repetiu várias vezes a presidente Dilma Rousseff sempre que lhe perguntaram sobre sua disposição de mudar o escopo da obra do fisiologismo.

"Nenhum ato [de corrupção] será tolerado", começou a semana dizendo Gilberto Carvalho, garantindo que o governo iria "para cima" quando houvesse denúncias. Pois bem, surgiu uma com nome e sobrenome do denunciante, que aponta a existência de um balcão de negócios no Ministério da Agricultura. Do partido até outro dia indignado com ilações ao seu respeito o que se ouviu foi um pedido de desculpas feito pelo irmão do acusador à presidente.

Célere no caso dos Trans­­portes, o Palácio do Planalto quedou-se inerte diante do PMDB, a quem atribuiu a tarefa de "resolver" o problema. Da parte de quem transmitiu à sociedade a impressão de que o rigor seria a palavra de ordem de agora em diante, seria de se esperar alguma atitude. Ao menos o anúncio da determinação de apurar se o que disse Oscar Jucá é passível de investigação ou se as acusações, na visão da presidente, são denúncias vazias.

A falta de clareza e de firmeza no trato do episódio que põe na berlinda o PMDB elide a credibilidade da presidente da Re­­­pública. Mais: levanta a suspeita de que o PR pode ter sido escolhido a esmo no meio do lodaçal para fazer o papel de contraponto numa investida meramente promocional da imagem de Dilma Rousseff.

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Bom entendedor

O senador Alfredo Nascimento, ex-ministro dos Transportes, disse ontem no Senado que todos os aumentos de preços em obras do PAC foram feitos enquanto Dilma e ele estavam afastados para concorrer à Presidência e ao Senado, respectivamente. Ou seja, durante a campanha eleitoral sobre cujas arrecadações se lançam suspeitas recorrentes.

Em andamento

A propósito de artigo sobre a ausência de ação da Polícia Federal nos casos dos demitidos do Ministério dos Transportes, o Ministério da Justiça informa que a PF está analisando cada um deles para verificar se há necessidade de abertura de novas investigações ou se podem ser enquadrados nos mais de 80 inquéritos já abertos envolvendo o De­­partamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) e a Valec, empresa encarregada das ferrovias.

Parada técnica

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A partir do dia 4 e pelos próximos dez dias. Até a volta em 15 de agosto.