Em 2 de agosto de 1914 o escritor Franz Kafka escreveu em seu diário: "A Alemanha declarou guerra à Rússia. Hoje à tarde, banho de piscina". Explodira a primeira Guerra Mundial. A frase tornou-se um clássico e agora expressa o sentimento de muitos governistas a respeito do que fazer diante da crise em curso.

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As reações de bate-pronto engendradas nas oficinas do Palácio do Planalto – propostas de pactos fictícios, Constituinte inconstitucional, plebiscito impraticável e reuniões infrutíferas – não deram certo. Portanto, melhor esperar a poeira baixar, aproveitar o recesso do Congresso, torcer para que haja uma trégua nas manifestações e partir para uma reação mais organizada e consistente.

"É preciso absorver os golpes para sair das cordas", diz um ministro do PT que integra o grupo responsável pela administração do prejuízo. Como exatamente ainda não se sabe, mas o conceito mestre seria o de se fazer mais política e menos propaganda.

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Serve para 2013 e para 2014. Na perspectiva do panorama visto de Brasília, a campanha eleitoral será totalmente diferente das dos últimos anos em que prevaleceu o marketing sobre o diálogo franco e maduro com a sociedade.

"É bravata falar em vitória no primeiro turno", pondera o ministro que, no entanto, trabalha com um cenário de melhora dos índices de popularidade da presidente para um patamar competitivo. Concorda com os que falam na casa dos 40%.

Piorar não é possível, na concepção governista. A menos que surgissem denúncias que atingissem Dilma Rousseff pessoalmente. O diagnóstico para a queda da boa avaliação considera dois vetores: interesses econômicos contrariados e a ausência de um "trato" mais adequado em relação a todos os setores, Congresso inclusive.

No tocante a 2013, a receita seria melhorar esse "trato" ouvindo mais e impondo menos, tomar medidas que produzam resultados concretos e, claro, a tão falada reforma ministerial. Não nos termos propostos pelo PMDB de abrir mais espaços para o partido na máquina nem na sempre sugerida redução drástica de ministérios.

Se há datas, modelos e nomes já escolhidos, são mantidos em absoluto sigilo. O máximo que se fala é numa "exaustão" do comando da economia, indicando troca no Ministério da Fazenda, e na necessidade urgente de pôr ordem na área política. Algum enxugamento de pastas há de haver, por meio de incorporação de ministérios cujos titulares teriam mais "visibilidade".

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Há no governo quem reconheça que ocorreu um "desgaste enorme" com as manifestações de junho, que foi um "retumbante fracasso" a tentativa das centrais sindicais de recuperarem o comando das ruas, que não é prudente acirrar os ânimos com o Congresso nem tampouco vai condicionar as ações à dita agenda positiva (aflitiva) do Parlamento.

Há chance de o ex-presidente Lula voltar? Por ora nem pensar. "O governo está acuado, é verdade, mas a oposição também não soube se colocar e o Congresso não terá vida fácil na eleição. Por enquanto, quem nada de braçada é a Marina (Silva)".

Porta nó

Ministros e parlamentares do PT não gostam da atuação do ministro Aloizio Mercadante no papel de porta-voz da crise.

Duas queixas mais recentes: a declaração de que o Congresso "vai pagar caro" por ter recusado o plebiscito e a forma como lida com a hipótese de uma CPI da Copa.

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Informado sobre a obtenção das assinaturas necessárias entre deputados e senadores, Mercadante disse à base tudo bem, o governo "não tem nada a temer".

Alguns parlamentares telefonaram para gabinetes ministeriais a fim de conferir e ouviram que não é bem assim, porque todos os questionamentos seriam relativos a ações governamentais.

A ordem é não deixar acontecer.