Sabe a história da pessoa que atravessa a rua para escorregar na casca de banana do outro lado da calçada? Pois foi mais ou menos o que fez o presidente do PT, Rui Falcão, ao divulgar uma nota de repúdio à prisão dos aprendizes de terroristas que ameaçavam tocar o terror nas ruas do Rio de Janeiro no dia da partida final da Copa do Mundo.
Costumam ser chamados de "ativistas" por aqueles que pretendem amenizar a natureza puramente violenta de seus atos para legitimá-los como protesto político.
A polícia investigou e descobriu que um grupo daqueles mesmos que já haviam participado de ações de vandalismo uma das quais resultou na morte do cinegrafista Santiago Andrade se armava com fogos de artifício (um desses matou o profissional da TV Bandeirantes) e coquetéis molotov para barbarizar o bairro da Tijuca (onde fica o estádio do Maracanã) no dia 12 de junho.
Na véspera, baseada em fundamentado material resultante das investigações, a Justiça decretou a prisão preventiva de vários deles. Graças a isso, o Mundial terminou sem incidentes e pudemos governo inclusive comemorar ao menos o êxito fora do campo.
De onde é surpreendente que o partido do governo, o PT, se alie a políticos de legendas como o PSol e o PCdoB na defesa dessa gente que, além da produção da barbárie absolutamente gratuita, não sabe sequer expressar o que quer. O PT teria preferido que os "ativistas" tivessem ficado soltos para levar a termo seus planos?
Como se já não tivesse problemas suficientes com os sinais de desgaste que o partido recolhe no eleitorado, o presidente do PT divulgou a tal nota de repúdio e, portanto, em defesa dos "ativistas". Qualificou a prisão de "grave violação de direitos e das liberdades democráticas".
O procedimento nada teve de ilegal.
Baseou-se em investigações feitas com escutas telefônicas legais e prisões decretadas pelo Poder Judiciário. Isso sob o aspecto institucional. Do ponto de vista da sociedade, a nota do PT coloca o partido na contramão da opinião do público, cuja posição já registrada em pesquisas é francamente contrária a essas manifestações, que se confundem com atos criminosos.
Foram elas que inibiram os genuínos protestos da população. Portanto, se alguém violou os direitos e as liberdades individuais foram os vândalos que atacaram o patrimônio público, impediram a sociedade de se manifestar e puseram em risco a vida das pessoas nos incêndios e depredações.
Foi preciso que a lição viesse do estrangeiro, com a negativa do governo uruguaio ao pedido de asilo político feito pela advogada Eloísa Samy, acusada de participar de atos violentos em 2013. O Uruguai, ao contrário do PT, não viu ilegalidade. Recusou o asilo sob a alegação de que o Estado no Brasil é democrático e de direito.
A decisão do país do presidente José Mujica acabou dando ao ministro Gilberto Carvalho a oportunidade de recuar. "O Uruguai agiu corretamente", disse, numa correção de rumo leve ainda a exigir posição mais radical.
Parado no ar
A pesquisa do Ibope* retrata praticamente o mesmo cenário registrado pelo Datafolha da semana passada, à exceção de um dado: a situação do empate técnico de Dilma Rousseff com Aécio Neves no segundo turno.
Nesse quesito, a notícia é melhor para a presidente, que na simulação da etapa final ficaria com 41% contra 33% do tucano. No Datafolha** os índices de intenções de votos eram de 44% e 40% respectivamente.
Fora isso, há uma repetição: a Copa não teve influência sobre a eleição; Dilma continua favorita, mas uma vitória no primeiro turno é uma hipótese muito difícil; a rejeição da presidente continua alta (36%) e a avaliação positiva do governo, muito baixa (31%).
Governo e oposição seguem contidos no aguardo dos números captados depois do início do horário eleitoral, em 19 de agosto. Não há excesso: de otimismo nem de pessimismo.
*O levantamento do Ibope foi realizado entre os dias 18 e 21 de julho, por encomenda da Rede Globo e do jornal O Estado de S. Paulo. Foram feitas 2002 entrevistas em todas as regiões do Brasil. A margem de erro máxima é de 2 pontos porcentuais para mais ou para menos, em um nível de confiança estimado de 95%. A pesquisa foi registrada na Justiça Eleitoral com o número BR-235/2014.
**O levantamento do Datafolha foi feito entre os dias 15 e 16 de julho, com 5.377 eleitores em 223 municípios do país. A pesquisa contratada pela Folha de S. Paulo e pela TV Globo, foi registrada no TSE sob o protocolo BR-00219/2014 e tem margem de erro máxima de 2 pontos porcentuais e nível de confiança de 95%.
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